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Capital

Justiça nega pela 2ª vez liberdade a delegado preso na terceira fase da Omertà

Márcio Shiro Obara está na carceragem da 3ª DP (Delegacia de Polícia) há quase 1 mês

Anahi Zurutuza | 14/07/2020 19:03
Delegado é acusado de ocultar provas em investigação para favorecer organização criminosa (Foto: André Bittar/Arquivo)
Delegado é acusado de ocultar provas em investigação para favorecer organização criminosa (Foto: André Bittar/Arquivo)

Por maioria dos votos, a 2ª Câmara Criminal negou habeas corpus ao delegado Márcio Shiro Obara, preso desde o dia 18 de junho, quando foi alvo da terceira fase da Operação Omertà. O pedido de liberdade provisória tramitou em sigilo, por isso o Campo Grande News não teve acesso ao teor da decisão.

A única informação pública é que o relator do processo, desembargador Ruy Celso Barbosa Florence, foi voto vencido. O julgamento foi na tarde desta terça-feira (14).

Esta é a segunda vez que a Justiça mantém a prisão preventiva do delegado. No fim do mês passado, juiz substituto em segundo grau Waldir Marques negou soltura pela primeira vez.

O delegado é acusado de esconder provas na apuração sobre o assassinato do policial militar reformado Ilson Martins de Figueiredo, ocorrida em 11 de junho de 2018, e apontado como o destinatário de R$ 100 mil que seria pago por organização criminosa “a um delegado”.

A denúncia contra Obara por corrupção passiva foi aceita pela juiz Roberto Ferreira Filho ontem (13).

Detalhes - No pedido de prisão deferido pelo juiz da 7ª Vara Criminal de Campo Grande, Marcelo Ivo de Oliveira, o Gaeco (Grupo de Atuação Especial e Combate ao Crime Organizado) aponta que no carro da vítima foi encontrado um envelope com a inscrição “dossiê” e que continha prints de conversas de WhatsApp entre Ilson de Figueiredo  e uma pessoa identificada apenas como "padrinho".

O diálogo citava que a morte do policial militar reformado foi decidida durante reunião em Ponta Porã, que o interlocutor não iria conseguir reverter e que uma pessoa já havia sido morta por envolvimento no sumiço do filho de Fahd Jamil Georges.

O documento do Gaeco cita que o material não foi juntado ao inquérito policial da DEH (Delegacia Especializada de Repressão aos Crimes de Homicídio), onde Obara era titular e investigava o crime. Nesta apuração, materiais da vítima, como caneta espiã e cartões de memórias não foram periciados.

Em novembro de 2018, quando Campo Grande já havia testemunhado outras duas execuções, a Polícia Civil criou força-tarefa e os homicídios passaram a ser investigados pelo Garras (Delegacia Especializada de Repressão a Roubos a Banco, Assaltos e Sequestros).

O Campo Grande News não conseguiu hoje contato com o advogado da Obara, Ronaldo Franco, para saber os termos do pedido de liberdade e quais os próximos passos da defesa. O defensor, porém, já havia dito à reportagem que o delegado explicaria no processo que depósito em sua conta bancária era oriundo de herança.

Fuzil em manutenção – A operação apreendeu um fuzil na casa do delegado e 784 munições de vários calibres, sem registro, em sala de acesso exclusivo de Obara na 2ª Delegacia de Polícia Civil de Campo Grande, onde trabalha.

A defesa informa que não se trata de uma arma clandestina. Segundo o advogado, o fuzil foi apreendido em um homicídio na cidade de Amambai e o delegado local requisitou à Justiça que ficasse em poder da Polícia Civil. Enquanto não há decisão final, o fuzil foi entregue ao delegado Obara, que esteve em Amambai durante instrução de tiros. “Pegou o fuzil para dar manutenção e verificar se ainda estava apto”, explicou Franco um dia após a prisão do cliente.

Desde que foi alvo de mandado de prisão preventiva, há quase um mês, Obara está na carceragem da 3ª DP (Delegacia de Polícia) da Capital.

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