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Capital

Lazer de famílias, pescaria na Lagoa Itatiaia pode estar com dias contados

Projeto de lei na Câmara Municipal de Campo Grande pretende proibir pesca no local

Richelieu de Carlo | 17/06/2017 08:34
Campo-grandense aproveita a manhã de sol para pescar na Lagoa Itatiaia. (Foto: Marcos Ermínio)
Campo-grandense aproveita a manhã de sol para pescar na Lagoa Itatiaia. (Foto: Marcos Ermínio)

Considerado um dos cartões postais de Campo Grande, a Lagoa Itatiaia é opção de lazer para famílias campo-grandenses que usam o local para caminhar, andar de bicicleta, praticar exercícios e até pescar. Entretanto, esta última opção pode estar com os dias contados.

Atualmente, a pesca no local, localizado no bairro Tiradentes, não é proibida, a não ser durante o período de piracema, por se tratar de uma lagoa natural. No entanto, projeto de lei que pretende vetar a atividade está em trâmite na Câmara Municipal da Capital.

De autoria do vereador Eduardo Romero (Rede), pela proposta “fica proibida a pesca, de qualquer modalidade, com qualquer petrecho, em toda a extensão da Lagoa Itatiaia”. Embora não se aplique à pesca de caráter científico, mas com autorização da prefeitura.

“Aquela lagoa é única em Campo Grande, com característica própria e exclusiva, por isso ela precisa de alguns cuidados”, justifica Romero. “Ela é muito importante do ponto de vista ambiental da cidade”.

O vereador afirma que a proibição pode ser apenas temporária, mas nesse primeiro momento deve acontecer para preservar as espécies de pescado e estabelecer um plano de manejo adequado do local, devido às suas características únicas.

“Da forma que está hoje, a prefeitura não consegue garantir a fiscalização nem consegue manter as margens limpas, porque as pessoas vão para pescar e acabam aumentando o acúmulo de lixo na região”, relata Romero.

Família prepara os anzóis para a pescaria. (Foto: Richelieu de Carlo)
Família prepara os anzóis para a pescaria. (Foto: Richelieu de Carlo)

Famílias – Quem frequenta a lagoa lamenta a perda da opção de lazer. “Só fico preocupada com a qualidade da água, fora isso não vejo problema. São famílias que vêm aqui para pescar”, diz Miriam Pereira, 28 anos, auxiliar administrativa.

Já a diarista Claudia Christina, 34 anos, é mais enfática. “É um absurdo isso, a cidade já não tem muito lazer e ainda querem fazer isso?”, questiona.

Apesar de incomum para o horário, na manhã desta sexta-feira (16), havia uma família tentando, sem sucesso, fisgar alguns peixes. Avô, filho e neto aproveitaram o sol e tempo ameno para se divertirem juntos.

“Não comemos o peixe porque tem sujeira na lagoa que pode contaminar”, diz o professor Marcio Oshiro, 43 anos. “A gente vem às vezes pescar, se acham que devem proibir não tem problema, mas é uma boa opção de lazer”.

Sobre o lixo deixado pelos pescadores amadores, Oshiro diz que essa é uma questão mais ampla, independente da situação que acontece ali. “Vai da consciência de cada um, de preservar um espaço que é público”.

Vereador Eduardo Romero é o autor do projeto que tenta vetar pescaria na lagoa. (Foto: Izaías Medeiros/CMCG)
Vereador Eduardo Romero é o autor do projeto que tenta vetar pescaria na lagoa. (Foto: Izaías Medeiros/CMCG)

Segunda tentativa – Esta não é a primeira vez que Romero tenta emplacar a proibição. Em 2014, projeto semelhante foi aprovado no Legislativo de Campo Grande, mas acabou vetado pelo então prefeito Gilmar Olarte.

A justificativa para o veto foi de que alguns dos pescadores estão ali para ter o que comer. O que vai ao encontro da situação vivida pelo aposentado Luiz Alves, 76 anos, que, nesta sexta, tentava fisgar algo para complementar o prato do almoço.

“Quando tá acabando a mistura, arranco minhoca e venho para cá”, diz seu Luiz. Sobre a proibição, ele lamenta, mas afirma que vai buscar outras alternativas. “O quilo da carne tá caro, por isso venho aqui, mas a gente se vira com o que tem”.

Inclusive, enquanto conversava com a reportagem, o aposentado teve a sorte de fisgar um peixe, que apesar de pequeno, acabou virando almoço. Veja no vídeo.

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