Manifestantes seguem em marcha até o Incra em protesto pela reforma agrária
Grupo reinvindica a retomada da reforma agrária em MS, que teve os processos suspensos desde 2019
Em fila à beira da Avenida Gury Marques, em Campo Grande, trabalhadores rurais participam de caminhada de cerca de 16 quilômetros, em protesto pela retomada dos processos de reforma agrária, paralisados desde 2019. O grupo deve ir até a sede do Incra (Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária).
A caminhada começou por volta das 5h, no macroanel, saída para São Paulo e seguirá pela Avenida Gury Marques, entrando pela Avenida Eduardo Elias Zahran até a Rua Jornalista Belizário Lima, onde haverá o fim da manifestação no Incra.
Os manifestantes fazem parte da FNL (Frente Nacional de Luta Campo e Cidade) e integram acampamentos de Guia Lopes, Bonito, Jardim, Anaurilândia e Campo Grande. segundo um dos organizadores, Jonas Carlos da Conceição, somente nessas localidades, há 3 mil famílias à espera de assentamento.
Em Mato Grosso do Sul, segundo organizador, a fila por pedaço de terra é de 29 mil famílias, segundo última contagem divulgada pelo Incra.
“Na marcha, a gente denuncia todo o descaso com a reforma agrária, tá na Constituição e governo não cumpre”, avaliou Conceição. A informação é que são 458 processos paralisados.
Os manifestantes seguem pela avenida, acompanhados por carro de som. Vários estão com cartazes, pedido reforma agrária, trabalho, educação e moradia.
O operador de máquina Dacir de Sousa Oliveira, 49 anos, mora há 3 anos no acampamento 8 de Março, localizado entre Bonito e Guia Lopes. “Nós fomos esquecidos, a terra que estamos acampados é improdutiva há muitos anos”, disse. Ele lembra que a área chegou a ser vistoriada pelo Incra, mas o processo não foi para frente.
“Acho que o sonho de todas essas pessoas nesta manifestação é ter pedaço de terra para plantar mandioca, criar galinha, um porco. A gente planta no pedacinho que sobra no caminho”, diz.
Os manifestantes também criticam os cortes de recursos promovidos pelo governo federal, “promovendo desmonte” do Incra, além do Ibama (Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis) e Funai (Fundação Nacional do Índio).