Mesmo com atentados e clima tenso, drogas continuam a entrar na Máxima
Após nove dias da operação pente-fino dentro do Presídio de Segurança Máxima, que foi estopim para onda de atentados em Campo Grande, drogas continuam a entrar na unidade penal. Somente nesta sexta-feira (22), ao menos oito quilos de maconha foram apreendidos na unidade penal depois de serem arremessados pela muralha.
É o que revela o presidente do Sinsap (Sindicato dos Servidores da Administração Penitenciária do Estado de Mato Grosso do Sul) André Luiz Garcia Santiago. Segundo ele, o sindicato ainda não contabilizou o número de apreensões este ano na Máxima. Porém, somente no dia da ação na quarta-feira passada (13) ao menos 67 celulares, chips e bebidas artesanais foram apreendidos.
E os materiais e produtos ilícitos, conforme ele, entram das maneiras mais inusitadas possíveis. “Diariamente drogas são arremessadas pela muralha, sem mencionar celulares e outros entorpecentes que chegam por meio de pipas e até nos alimentos”, afirma.
O que preocupa Santiago não é só o número de agentes, que é insuficiente para o tamanho da população carcerária e assim dificulta o controle das unidades penais, mas também a estrutura do local, que é precária.
Prova disso é a fuga de um detento da unidade, membro da facção criminosa PCC (Primeiro Comando da Capital), no dia 2 de janeiro deste ano. Geraldo de Souza Neto, 37 anos utilizou uma corda confeccionada com lençóis, conhecida como “Teresa”, escalou o muro com cinco metros de altura e ainda usou uma barra de ferro serrada de uma das celas como apoio.
Na data foram levantados várias questões que podem ter contribuído para a fuga do detento, entre elas: a cerca elétrica não estar funcionando e até pouca vigilância na muralha, que é realizada pela Polícia Militar.
Outro fato que chama a atenção para a falta de estrutura é que a ordem para os ataques de cinco ônibus partiu de dentro do presídio em retalhação a uma ação “pente fino” realizada por agentes penitenciários de MS e do Distrito Federal, no último dia 13. Depois dos atentados, três detentos foram mortos em unidades penais, seis agentes envenenados com um café “batizado” com raticida e ameaças de morte aos funcionários da Agepen (Agência Estadual de Administração do Sistema Penitenciário).
A reportagem tentou entrar em contato com o diretor presidente da Agepen, Ailton Stropa por meio de seu celular, que estava desligado.