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Capital

Modernização do jogo do bicho contou com compra de máquinas pela internet

Notas fiscais de equipamentos e também de chips enviados pelos Correios foram apreendidos na investigação

Por Gabriela Couto | 28/12/2023 11:42
Maquininhas já modificadas para realizar jogo do bicho sendo carregadas em QG da quadrilha (Foto: Garras) 
Maquininhas já modificadas para realizar jogo do bicho sendo carregadas em QG da quadrilha (Foto: Garras)

A investigação criminal realizada pelo Gaeco (Grupo de Atuação Especial de Repressão ao Crime Organizado) do MPMS (Ministério Público de Mato Grosso do Sul) encontrou provas de como a modernização do jogo do bicho foi implantada na Capital, com uso de maquininhas.

Em outubro deste ano, o Campo Grande News percorreu pela cidade e encontrou a prática de jogos de azar com o equipamento sendo realizada livremente, mesmo após as apreensões.

Conforme o Gaeco, além das 700 maquininhas apreendidas em outubro deste ano, em uma casa no bairro Monte Castelo, na Capital, vários equipamentos ainda em caixas auxiliaram na continuidade da investigação que culminou na Operação Successione.

Até recentemente, o Jogo do Bicho só podia ser jogado em casas de apostas físicas. No entanto, com o crescimento do mercado de jogos on-line, organizações criminosas adaptaram os jogos de azar para máquinas, similares ao de cartão.

Caixas de correspondência com equipamentos para o jogo do bicho eram entregues em nome de Martinelli (Foto: Gaeco)
Caixas de correspondência com equipamentos para o jogo do bicho eram entregues em nome de Martinelli (Foto: Gaeco)

Dentre as apreensões no local, que funcionava como QG (Quartel General) da quadrilha, havia máquinas novas, ainda dentro das caixas, com plásticos, e um pen drive com o cabo ligado a uma das máquinas. O dispositivo era utilizado para instalar o programa na máquina, visando utilização na contravenção, já que as máquinas novas não possuem o software.

“Também havia um notebook, que foi apreendido, além de uma caixa contendo diversos CHIPs telefônicos, que seriam usados para utilização nas mencionadas máquinas”, explica os autos.

Segundo ela, o grupo era liderado pelo deputado estadual Roberto Razuk Filho, o Neno Razuk (PL). A investigação aponta que a organização contava com Valnir Queiroz Martinelli  para realizar roubos de motociclistas “recolhe” que faziam a coleta dos valores do jogo do bicho comandado por um grupo paulista e também para adquirir máquinas e acessórios.

Investigado Martinelli saindo de sua residência e entrando em um dos veículos que eram utilizados para roubos na Capital (Foto: Gaeco)
Investigado Martinelli saindo de sua residência e entrando em um dos veículos que eram utilizados para roubos na Capital (Foto: Gaeco)

“As máquinas apreendidas são do modelo VX680, inclusive, no local, havia as notas fiscais da compra das máquinas e também dos CHIPS. Nas referidas notas fiscais, nota-se que ambas as compras foram realizadas em empresa de São Paulo e têm como comprador a pessoa de Valnir Queiroz Martinelli”, justifica a investigação.

Valnir Martinelli (Foto: MPMS)
Valnir Martinelli (Foto: MPMS)

No endereço da residência do suspeito também foram encontrados outras notas fiscais de compras de equipamentos para máquinas de jogos de azar pela internet. O investigado segue preso desde o dia 5 de dezembro.

A reportagem falou com a defesa dele, que afirmou que o cliente não realizava roubos e que iria mandar uma nota oficial. Mas até o fechamento desta reportagem não houve retorno. O espaço segue aberto.

O deputado Neno Razuk também foi procurado para se pronunciar em relação à denúncia contra ele. Por nota, o parlamentar explicou que "todos os pronunciamentos já foram feitos, inclusive com entrevista concedida ao Campo Grande News".

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