Moradores dizem que já se acostumaram com tiros na “Cabriteira da Moreninha”
Durante madrugada, suspeito reagiu à abordagem em via usada como rota de fuga, foi baleado pela PM e morreu
“Nós estamos morando dentro de um ninho de cobra.” A frase, dita por uma moradora de 60 anos, resume o clima de medo e insegurança que paira sobre um pedaço da Moreninha, em Campo Grande. O local, conhecido como “Cabriteira da Moreninha”, voltou a ser cenário de violência na madrugada desta quinta-feira (19), quando um foragido da Justiça foi morto em confronto com policiais do Garras (Delegacia Especializada de Repressão a Roubos a Bancos, Assaltos e Sequestros).
RESUMO
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A região conhecida como "Cabriteira da Moreninha", em Campo Grande, voltou a ser palco de violência após um confronto entre policiais do Garras e um foragido da Justiça. Eryson Breno Souza Vasques, de 22 anos, morreu durante troca de tiros na Rua Salim Derzi, uma das quatro estradas de terra que conectam a rodovia ao bairro. O local é marcado pela insegurança dos moradores, que relatam tiroteios frequentes e presença de criminosos. As estradas, cercadas por denso matagal, são utilizadas como rota de fuga e esconderijo. Eryson, considerado de alta periculosidade, possuía histórico criminal que incluía homicídios e roubos à mão armada.
O criminoso, Eryson Breno Souza Vasques, de 22 anos, conhecido pelo apelido de Ferrugem, morreu ao resistir à abordagem dos policiais na Rua Salim Derzi, uma das quatro estradas de terra que ligam a rodovia ao bairro.
A via, com aproximadamente 835 metros até o asfalto e que fica aos fundos das Moreninhas, é apenas uma das rotas que se tornaram conhecidas como esconderijos de criminosos e rota de fuga em perseguições policiais.
Nesta manhã, nossa reportagem percorreu as quatro estradas que formam o local temido pelos moradores. A primeira, estreita, com lixo e entulho por todo o caminho, é cercada por matagal denso e não há sinal de residências. Na segunda, a Salim Derzi, o cenário mistura o verde alto e loteamentos recém-iniciados.
A terceira estrada abriga uma oficina de carros perto da rodovia; o restante é tomado pelo mato. Na quarta, uma empresa de reciclagem se esconde entre o capim alto que predomina ao longo do trajeto.
Entre os que veem potencial no crescimento da área, o armador de ferragens João Lopes, de 35 anos, acredita que o perigo não é tão evidente. “Compramos no mês passado, mas começaram a lotear acho que faz uns três meses. Eu moro na Moreninha e essa estrada existe há muitos anos, as pessoas usam como acesso para a rodovia. Como é escura, chamam de cabriteira, mas não tem nada grave e alarmante por aqui, é uma estrada comum”, afirma, enquanto limpava um lote recém-adquirido na Salim Derzi.
Mas, para quem vive ali há mais tempo, a realidade é outra: marcada por tiros, medo e histórias de violência. Beatriz Gonçalves, de 32 anos, trabalha com serviços gerais e diz que os estampidos são quase diários. “Aqui o pessoal se esconde porque o mato é alto. Direto tem tiro, agora nem me assusto mais, só deixo as crianças para dentro. É uma rota de fuga, esses dias teve um cara fugindo da Polícia Federal e teve até tiro.”
Já a moradora mais antiga do local, que prefere não se identificar, vive há 10 anos cercada pelo medo. “Sempre tem tiro, bandido pulando muro das nossas casas e correndo para esse mato aí. A polícia passa pouco, então os bandidos usam para se esconder. Aqui o que mais tem é furto, roubo, estuprador. Medo a gente tem, mas a gente vai para onde?”, desabafa.
Sobre a morte desta madrugada, ela conta que escutou cerca de cinco tiros, sendo mais uma madrugada em claro. “Nós estamos morando dentro de um ninho de cobra”, lamenta.
Entenda - O caso aconteceu durante a madrugada. A equipe do Garras fazia diligências para investigar uma dupla suspeita de planejar roubo. A informação era de que os suspeitos usavam uma motocicleta com placa adulterada, posteriormente identificada como produto de furto.
Durante a operação, a dupla foi localizada na região da estrada cabriteira. Um dos suspeitos conseguiu fugir por uma área de mata, enquanto Eryson apontou uma pistola contra os policiais, o que levou a equipe a reagir com disparos para conter a agressão. Ele foi socorrido com vida, mas morreu após dar entrada na unidade de saúde.
Eryson Breno era considerado de alta periculosidade, foragido do sistema penitenciário, e tinha histórico de crimes graves, incluindo dois homicídios, um deles qualificado, e diversos roubos à mão armada.
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