Invasão de terreno escancara abandono de áreas urbanas em Campo Grande
O episódio reacendeu o debate sobre o destino de terrenos desocupados em espaços urbanos da cidade

A invasão de terreno de aproximadamente quatro hectares na Rua dos Gonçalves, no Jardim Monte Alegre, em Campo Grande, mostrou mais uma vez o problema das grandes áreas urbanas abandonadas e sem destinação definida. O local foi ocupado na manhã de ontem (19) por cerca de 80 pessoas, que afirmam ter planejado a ação há pelo menos cinco anos, alegando abandono e acúmulo de lixo no espaço.
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Terreno de quatro hectares no Jardim Monte Alegre, em Campo Grande, foi invadido por 80 pessoas que alegam abandono da área. O proprietário, ausente por anos, reagiu prontamente, acionando a polícia e obtendo a reintegração de posse no mesmo dia. O episódio reacendeu o debate sobre terrenos baldios na cidade. Moradores da região têm opiniões divididas. Alguns defendem o uso produtivo da área, sugerindo loteamento ou venda. Outros criticam a invasão, destacando os problemas que terrenos abandonados causam, como falta de segurança, acúmulo de lixo e proliferação de animais peçonhentos. A prefeitura prevê multas para proprietários que não cuidam de seus terrenos.
O que surpreendeu foi a reação imediata do proprietário, que, apesar de ausente durante anos, apareceu no mesmo dia da ocupação, registrou boletim de ocorrência e acionou a Polícia Militar. Com apoio da Guarda Civil Metropolitana e do Batalhão de Choque, os policiais atuaram para dispersar o grupo. Uma retroescavadeira também foi enviada para desmontar os barracos e remover os materiais usados na ocupação.
Na manhã desta sexta-feira (20), a equipe do Campo Grande News retornou ao local e encontrou duas pessoas recolhendo madeiras. Elas afirmaram que pretendem voltar após as 17h para tentar retomar a ocupação.

O episódio reacendeu o debate sobre o destino de terrenos desocupados em áreas urbanas e dividiu opiniões entre os moradores da região. O servidor público Willian Alves, de 40 anos, acredita que o dono poderia dar outra utilidade ao imóvel. "Na minha opinião, o proprietário deveria lotear, vender e liberar para o pessoal construir. Assim ele ganhava dinheiro e a gente não ficava com esse mato e lixo por aqui. Tem outro terreno igual mais pra cima, que obriga as crianças a andarem na rua porque não tem calçada", relatou.
Outro morador, de 56 anos, que preferiu não se identificar, criticou a ocupação. "Isso é abandono da prefeitura, sim. Mas invasão, não. Ainda bem que a polícia interveio. Em outras invasões, o pessoal entra, ganha direito na Justiça, vende e vai embora. E os que estavam aqui tinham carro, eram de assentamento. Só porque está desocupado, não quer dizer que é terra de ninguém", opinou.
A professora Kelly Cristina Teixeira, de 47 anos, que vive há um ano na quadra de cima, também vê prejuízos causados pelos terrenos abandonados. "Tinha que dar um jeito, atrapalha até o ponto de ônibus, onde a pessoa espera o ônibus", destacou.
Casados e pais de uma menina de 4 anos, Emily Duran, de 23 anos, e Matheus Duran, de 26 anos, que trabalha com carga e descarga, moram em frente a outro terreno nas mesmas condições. "Deixam o mato crescer e depois tacam fogo. Tem escorpião, aranha, lixo, móveis jogados. Isso prejudica a segurança e também a saúde, principalmente com criança pequena em casa", afirmou Matheus.
O caso foi registrado como esbulho possessório na Depac (Delegacia de Pronto Atendimento Comunitário) Centro. O proprietário afirma ter a matrícula do imóvel regularizada e aguarda medidas legais. Já os ocupantes alegam não ter condições de pagar aluguel e dizem ter buscado apoio jurídico e técnico antes de iniciar a ocupação.

Na Capital, proprietários de terrenos baldios ou malcuidados estão sujeitos a multas de até R$ 12.876,00, conforme determina uma Lei Municipal. A legislação obriga a limpeza e manutenção regular das áreas, incluindo capinação e drenagem. Caso o dono do imóvel não cumpra a notificação dentro do prazo, além da multa, também poderá ser cobrado pelos custos da limpeza realizada pela prefeitura. Denúncias podem ser feitas pela Central 156, pelo aplicativo Fala Campo Grande 156 ou na ouvidoria municipal.
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