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Capital

Música e locução de lojas incomodam moradores do Centro que formalizam denúncia

CDL Campo Grande diz que tem orientado os lojistas e acredita que isso espanta a clientela

Por Izabela Cavalcanti e Raíssa Rojas | 25/07/2025 12:13
Música e locução de lojas incomodam moradores do Centro que formalizam denúncia
Consumidor passando ao lado de caixa de som, na Rua Dom Aquino (Foto: Henrique Kawaminami)

Comércios utilizando caixas de som potentes nas calçadas, músicas em volume alto e locutores anunciando promoções o dia todo. Esse cenário se tornou parte da rotina de quem mora próximo do Centro.

RESUMO

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Moradores do Centro de Campo Grande reclamam de poluição sonora causada por lojas com caixas de som e locutores em alto volume. Uma moradora registrou boletim de ocorrência e reclamações na Semadur e nos canais das empresas, alegando estresse e perturbação da tranquilidade. O Ministério Público Estadual abriu procedimento para acompanhar a atuação do município no combate à poluição sonora na região. Enquanto alguns comerciantes defendem o uso do som alto como estratégia para atrair clientes, outros o consideram prejudicial. A Planurb fiscalizou 38 estabelecimentos e estuda novas metodologias para responsabilizar individualmente os infratores. A CDL orienta lojistas sobre o volume do som, considerando que o excesso pode espantar os clientes. A legislação municipal prevê multa e apreensão de equipamentos em caso de infração.

O MPMS (Ministério Público Estadual) recebeu denúncia em março sobre a poluição sonora da região comercial, especificamente em duas lojas da Rua Dom Aquino. A moradora de um prédio residencial próximo, do 6º andar, reclama que “O excesso de ruído tem causado sobremaneira estresse, cansaço e falta de tranquilidade”.

Ainda de acordo com o relato, ela já registrou Boletim de Ocorrência, reclamação na Semadur (Secretaria Municipal de Meio Ambiente e Desenvolvimento Urbano) e nos canais oficiais das empresas.

“As referidas lojas colocam as caixas de som com os alto-falantes para fora, projetando e amplificando todo o som que chega ao meu andar como se eu estivesse dentro das lojas. Já registrei boletim de ocorrência no site da Polícia Civil e apresentei reclamação na Semadur e nos canais oficiais das empresas. Mas há um excesso de ruído: além das músicas, também há locutores aos finais de semana”, disse.

A equipe do Campo Grande News foi ao Centro entender o lado dos consumidores e comerciantes. Para quem vai às compras, não vê com tanto incômodo.

O empresário Marcos Alberto Sutir, de 42 anos, acredita que colocar o som alto não faz mais diferença.

“Há 8 anos, o comércio era lotado, hoje em dia é bem assustador ver tudo fechado. Em questão de som, acho que nem faz mais diferença. O pessoal já vem decidido para o que comprar”, disse.

Já a professora Jessica Lice Torrezan, de 35 anos, vê como forma positiva. “Anima o ambiente e a gente tem ouvido dizer que o Centro tem sido prejudicado, está para acabar”, disse.

Ela comentou também que já foi atraída ao ouvir as ofertas. “Já aconteceu de ir comprar. Eu gosto de vir caminhar no Centro, hoje eu vim trazer minha tia e acabei parando para comprar uma coisinha.”

Denúncia - Neste ano, a Planurb (Agência Municipal de Meio Ambiente e Planejamento Urbano) informou ao MPMS que fiscalizou 38 estabelecimentos, que foram orientados a respeito da caixa de som e da locução para propagandas.

Também foi informado que estão sendo “estudadas novas metodologias para aferição sonora, a fim de determinar a contribuição específica de cada fonte sonora e possibilitar a responsabilização individual dos infratores.”

No comunicado, também é informado que, caso seja constatada a infração, o comerciante estará infringindo o Artigo 77 da Lei Municipal 2.909/92. O texto diz que “fica proibido o lançamento ou liberação de poluentes, direta ou indiretamente, nos recursos ambientais, respeitados os critérios, normas e padrões fixados pelos governos federal e estadual”. Além disso, os equipamentos sonoros poderão ser apreendidos. A multa poderá variar de R$ 3.091,50 a R$ 12.366.

O MPMS abriu Procedimento Administrativo para acompanhar a atuação do Município de Campo Grande sobre a problemática de poluição sonora dos empreendimentos situados na Rua Dom Aquino.

A Planurb informou que ainda não foi notificada oficialmente e quando for, responderá nos autos.

Música e locução de lojas incomodam moradores do Centro que formalizam denúncia
Locutor falando sobre ofertas de loja na Rua Dom Aquino e olhando para o celular (Foto: Henrique Kawaminami)

Outro lado – O gerente da loja MM, Luciano Chagas, disse que ter a caixa de som é uma estratégia adotada pela empresa.

“É um padrão de todas as lojas ter esse som porta de loja, é uma tradição da empresa que nós adotamos. Esse padrão existe há muitos anos, 15 anos ou 20 anos. Normalmente, a gente tem a rádio MM ou temos um áudio gravado mesclando músicas, ofertas e anúncios", explicou.

Ele acredita que a atitude chama a atenção de quem passa. “Isso chama a atenção, principalmente, pela campanha e isso atrai a atenção do cliente e faz com que ele entre”, completou.

Ao ser questionado sobre as reclamações, Luciano diz que ainda não teve situações como essa. “Acontece quando uma filial ou uma loja fica mais próxima de residências. No nosso caso, o centro comercial, os vizinhos são comércios, que também têm caixa de som. Mas se houver alguma reclamação, a gente vai lá e abaixa, não tem problema”, disse.

O gerente da Gazin, Heber Garcia, pontuou que o som externo não é o foco. “Nosso foco é o som ambiente que nós temos, uma rádio própria, então, a gente passa ofertas. Na porta, às vezes a gente tem um locutor, não sempre, alguma ação ou outra”, explicou.

No som que fica dentro da loja, ele acredita que “acaba despertando o desejo no consumidor”, disse.

A CDL-CG (Câmara dos Dirigentes Lojistas de Campo Grande) informou que tem orientado os varejistas quanto ao volume do som e acredita que isso pode espantar o cliente.

“Para muitos comerciantes, eles entendem que isso é uma forma de chamar a atenção para a vitrine, só que não chama, isso espanta o consumidor, isso atrapalha a venda, muitas vezes o consumidor entra na loja e fica incomodado com o som alto. O legal mesmo é um som ambiente, pode até divulgar as promoções da loja lá dentro, mas mesmo assim, se a gente extrapolar tudo o que é demais faz mal”, pontuou o presidente da entidade, Adelaido Vila.

No entanto, apesar da orientação, ele afirma e entende que cada loja tem sua gestão. “Cada um é dono da sua loja e toma suas decisões, mas nós não somos favoráveis a esse som alto. Dentro das técnicas, dentro de tudo aquilo que a gente aprende de varejo, isso aí só espanta o consumidor em vez de atraí-lo”, concluiu.

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