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Capital

Na 1º noite de plantão, Deam registra 3 casos de violência contra crianças

Local funciona durante as noites e finais de semana, de forma provisória, até criação de uma "sala especial"

Natália Olliver e Thays Scnheider | 04/03/2023 08:36
Local atendende crianças e adolescentes de maneira improvisada até abril (Foto: Paulo Francis)
Local atendende crianças e adolescentes de maneira improvisada até abril (Foto: Paulo Francis)

A Deam (Delegacia Especializada no Atendimento à Mulher) recebeu três ocorrências durante a primeira noite de plantão, destinado ao atendimento de crianças e adolescentes vítimas de violência. Dois deles envolvem crianças de 5 a 10 anos. Os casos são atendidos no local de forma provisória. A expectativa é que uma sala especial seja construída no Cepol (Centro Especializado de Polícia Integrada), até abril deste ano.

Conforme a delegada Patrícia Abranches, duas meninas de 9 e 10 anos foram abusadas por um conhecido da família. As crianças estavam no banco de trás de um veículo com o acusado e os pais nos bancos da frente, quando os responsáveis perceberam que ele estava passando a mão no corpo das meninas. Imediatamente eles se indignaram e tentaram levar o homem até a delegacia, mas ele conseguiu fugir.

Outro caso registrado pela delegacia foi o de duas crianças, de 5 e 6 anos, que foram deixadas no carro enquanto os pais estavam em uma conveniência bebendo, no Bairro Santa Carmélia. O caso aconteceu por volta das 2h deste sábado (4).

Após denúncia, a Polícia Militar foi até o local e encaminhou os pais até a Deam. A delegada de plantão [Patrícia] evidenciou que durante depoimento os responsáveis alegaram que estavam de olho nas crianças e voltavam constantemente ao carro para verificá-las. Eles responderão pelo crime de abandono de incapaz.

Patrícia ressaltou que a situação não é incomum e alertou os pais sobre o delito. “Chamou a atenção que todos os casos envolvendo crianças foram durante a madrugada, não era horário de crianças estarem na rua. Muitos pais fazem isso de levar a criança achando que estarão mais seguros e não sabem que é crime, é abandono de incapaz, eles responderão por isso”, disse.

A última ocorrência foi de um jovem de 17 anos esfaqueado, que não quis falar com a reportagem sobre o ocorrido.

Fachada Casa da Mulher Brasileira, local onde crianças e adolescentes podem buscar amparo (Foto: Paulo Francis)
Fachada Casa da Mulher Brasileira, local onde crianças e adolescentes podem buscar amparo (Foto: Paulo Francis)

Local - Ainda sem estrutura e funcionando de maneira provisória, o local atende as crianças e adolescentes em uma sala simples, sem brinquedos e com um colchão. O delegado-geral da Polícia Civil, Roberto Gurgel, afirma que a expectativa é concluir o projeto na Cepol para recebimento do público alvo em até 45 dias. Segundo ele, a sala de depoimento especial, a ser construída no Bairro Tiradentes, exige alterações arquitetônicas.

“São necessárias mudanças pedagógicas, brinquedos, tapetes, sofás, papel de parede para crianças. O objetivo é criar um ambiente em que a criança esqueça que está numa delegacia de polícia, como se fosse uma brinquedoteca. O policial especializado vai conversando com a criança e vai sendo feito depoimento. É diferente do adulto, por exemplo", explica Gurgel.

Segundo o titular da Sejusp, Antônio Carlos Videira, há prioridade em atendimento aos finais de semana, uma vez que situações de violência são mais recorrentes nesse período e, caso as pessoas esperem até segunda-feira para o registro, podem ser coagidas ou convencidas pelos agressores a não apresentarem a denúncia.

A medida busca evitar casos de violência como o da menina de 2 anos estuprada e morta pelo padrasto, em Campo Grande. "Não podemos permitir que crimes dessa gravidade voltem a ser praticados e que fujam à repressão", finalizou.

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