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Capital

Na volta às aulas 100% presenciais, temor é que ônibus lotem ainda mais

Consórcio esperava volta gradativa, mas como o retorno foi imediato, informou que está monitorando lotação

Nyelder Rodrigues, Bruna Marques e Mirian Machado | 04/10/2021 07:11
Estudante entrando em ônibus no Terminal Morenão; hoje se inicia retorno de 100% das aulas presenciais. (Foto: Marcos Maluf)
Estudante entrando em ônibus no Terminal Morenão; hoje se inicia retorno de 100% das aulas presenciais. (Foto: Marcos Maluf)

O retorno das aulas 100% presenciais na Rede Estadual de Ensino deve aumentar a demanda pelo transporte coletivo em Campo Grande. Nesta manhã de segunda-feira (4), o movimento ainda era considerado dentro da normalidade, mas os passageiros já temiam as lotações.

A reportagem do Campo Grande News foi aos três principais terminais da cidade e lá consultou os passageiros e, em geral, o sentimento foi esse: o que já está com lotações constantes nos horários de pico, pode piorar ainda mais.

"Hoje ainda está tranquilo, estamos com alguns alunos apenas nos ônibus. Mas acho que com essa volta 100% presencial das aulas, vai lotar muito o transporte coletivo e vai ter gente que vai ficar para trás no ponto", comenta a bordadeira Maria Nazaré, de 48 anos, enquanto aguardava sua condução no Terminal General Osório.

Moradora do Jardim Presidente, Nazaré todos os dias usa o transporte coletivo para ir ao trabalho e ainda revela o que vem percebendo durante a pandemia. "Retiraram muitos ônibus das linhas dos bairros e no horário de pico fica terrível. Tem vezes que nem conseguimos entrar direito no veículos de tanta gente que tem".

No mesmo terminal, a costureira Maria das Neves, de 73 anos, mora na Vila Albuquerque - região sul de Campo Grande - e atravessa a cidade de ônibus para ir ao trabalho. A reclamação e temor dela são os mesmos de Maria Nazaré.

"Nesse horário das 6h30, 6h40, está mais ou menos o movimento. Mas de agora em diante, os ônibus começam a ficar muito cheios e na época das aulas, é uma loucura. Vai ter que aumentar o número de carros nas linhas, senão vai piorar", frisa.

Ela ainda aponta que em seu bairro e outros que já visitou, percebe haver apenas dois ônibus por linha, o que para ela, no horário de pico, é muito pouco. "Precisa voltar mais ônibus para os bairros. A gente fica muito tempo esperando e tem dia que é muito difícil. Agora com alunos voltando 100%, vai piorar".

Maria Nazaré teme que situação do transporte coletivo piora com demanda extra de alunos. (Foto: Henrique Kawaminami)
Maria Nazaré teme que situação do transporte coletivo piora com demanda extra de alunos. (Foto: Henrique Kawaminami)

Terminal Morenão - Um dos locais mais movimentados do transporte coletivo campo-grandense, o Terminal Morenão registrou nessa manhã também movimentação tida como normal e sem aglomerações caóticas, como muitos esperavam. Ainda assim, os passageiros acreditam que esse panorama possa a vir a acontecer em breve.

"Está lotado todos os dias e acho que pode ficar superlotado com os alunos. Venho do Cidade Morena e às 6h, desde o primeiro momento, os ônibus já estão cheios e é impossível achar lugar para sentar", explica a empregada doméstica de 44 anos, Lucimar de Almeida Martinez, uma das entrevistadas pelo Campo Grande News.

Já outra passageira que falou com a reportagem foi Eunice Silva, diarista de 59 anos anos e moradora do Bairro Iracy Coelho. "Estou indo trabalhar perto do Camelódromo e desde cedo, em todo o trajeto é ônibus cheio. À tarde, na volta, é também outro sufoco. Às vezes, o ônibus passa e nem para, de tão lotado".

Em rápida conversa com o apontador - profissional responsável pelo controle de entrada e saída de veículos no terminal - do Morenão, foi explicado que existia mesmo a expectativa de que hoje houvesse mais tumultos por causa do retorno das aulas 100% presenciais, o que não vem ocorrendo até aqui.

"Está cheio, mas um cheio normal, que a gente tem visto todos os dias antes desse retorno das aulas. Achei que hoje estaria mais cheio e nem tem tanta gente assim como projetei que teria", comenta apontador Douglas Maylon Silva.

Aluna da Rede Estadual na porta de ônibus, diante da lotação rotineira nas manhãs dos dias de semana. (Foto: Marcos Maluf)
Aluna da Rede Estadual na porta de ônibus, diante da lotação rotineira nas manhãs dos dias de semana. (Foto: Marcos Maluf)

Consórcio Guaicurus - A reportagem entrou em contato com João Rezende, gestor do Consórcio Guaicurus, responsável pelo transporte coletivo de Campo Grande, para saber quais as ações tomadas para evitar lotações nesse período.

"Tínhamos a informação que a volta [das aulas 100% presenciais] seria gradativa, mas estamos monitorando a situação e com frota reserva pronta para atuar. Vale lembrar que foi liberado 30% da ocupação dos veículos e aumentou a capacidade de transportar. É como se tivesse aumentado a frota em 30% também", explica Rezende, que completa.

"Mas se entendermos que precisa de reforço em alguns horários, vamos agir. Agora cedo, já estamos nos terminais para atender eventualidades por causa dessa previsão de movimento maior. Sobre esse temor dos passageiros, eles não deixam de ter razão. É uma realidade, mas nossas equipes estão prontas para orientá-los e atendê-los".

Ainda segundo João Rezende, o crescimento do número de estudantes nos ônibus em Campo Grande vem acontecendo de forma gradativa. Inicialmente, o número de 4 mil alunos por dia tinha se mostrado como um panorama estável, mas recentemente, houve um aumento, chegando a 7 mil na quinta-feira (30), estando sob estudo novas mudanças.

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