"Não foi inesperado", diz engenheiro sobre rompimento do asfalto na Rachid Neder
Segundo Sidiclei Formagini, é necessário realizar um estudo específico para dimensionar o problema
Estragos no asfalto da rotatória na Avenida Rachid Neder com a Avenida Ernesto Geisel, no Bairro São Francisco, já eram esperados, conforme o vice-presidente do CREA-MS (Conselho Regional de Engenharia e Agronomia de Mato Grosso do Sul) e coordenador do curso de Engenharia da UFMS (Universidade Federal de Mato Grosso do Sul), Sidiclei Formagini.
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O vice-presidente do Crea-MS e coordenador do curso de Engenharia da UFMS, Sidiclei Formagini, explica que os danos no asfalto da rotatória entre as avenidas Rachid Neder e Ernesto Geisel, em Campo Grande, eram previsíveis devido à impermeabilização do solo na região. Segundo o especialista, a área, antes coberta por vegetação, foi urbanizada sem considerar a infiltração das águas pluviais. Formagini sugere a necessidade de estudos específicos e possível construção de bacias de retenção para minimizar o problema, destacando que a solução exige investimentos e políticas públicas de longo prazo.
Ele lembra que o problema vai muito além do asfalto danificado. “Quando essa área foi projetada, não era habitada. Existiam mato, campo e uma grande área de infiltração”, detalhou. Segundo ele, com o desenvolvimento urbano da cidade, tudo naquela região foi sendo ocupado e o solo acabou totalmente impermeabilizado.
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"Hoje, quase não há onde a água se infiltre. Em qualquer chuva mais intensa, ela corre para esse ponto", explica. Ele destaca que o volume da enxurrada também contribui para o estrago, pois a água vem com muita pressão e acaba carregando as placas de asfalto. A situação é bastante comum quando chove.
Segundo o especialista, a região precisa passar por um estudo específico para dimensionar a condição hidráulica e minimizar o problema. “Talvez seja necessária uma obra de maior porte ou alguma intervenção para desobstruir o fluxo, porque a água está sendo barrada.” Na avaliação dele, a situação poderia ter sido prevista.

Questionado se o problema foi causado por uma obra mal executada, o professor pondera que as construções seguem controles de qualidade. “Às vezes, o problema não está na obra, mas na força externa para a qual ela não foi projetada. Você projeta o asfalto para suportar dois ou três metros de lâmina d’água corrente? Não. Então, é algo que precisa ser investigado antes de qualquer conclusão”, afirma.
Formagini lembra que existem diversos ensaios que permitem avaliar a qualidade de uma obra. Sobre o risco de o mesmo cenário ocorrer em outras áreas alagadas da cidade, especialmente próximas a córregos, ele responde que sim. “O problema é hidráulico. As bacias hidrográficas da região captam grandes volumes de água, e a cidade está cada vez mais impermeável. Isso exige investimento e políticas públicas de longo prazo", explicou.
Ele reforça que projetos deveriam considerar o tempo de vida útil da obra, a intensidade e a recorrência das chuvas, além do padrão de ocupação urbana. “Com essas informações, é possível buscar soluções”, detalhou.
O professor também aponta que a prevenção é possível. “Mais acima, já existem bacias de retenção, que são as represas. É preciso manter essas estruturas e, talvez, construir outras. Elas seguram parte da água e liberam o excedente só quando enchem. Múltiplas bacias, superficiais ou enterradas, ajudariam bastante na prevenção”, conclui.
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