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Capital

Negociação trava por falta de dinheiro e serviços devem ter corte na Santa Casa

Aline dos Santos | 10/04/2015 12:31
Nelson Tavares(à esquerda), Wilson Teslenco e Virgílio Gonçalves participaram de reunião hoje na Santa Casa. (Foto: Marcelo Calazans)
Nelson Tavares(à esquerda), Wilson Teslenco e Virgílio Gonçalves participaram de reunião hoje na Santa Casa. (Foto: Marcelo Calazans)

A negociação do contrato entre a Santa Casa e a prefeitura de Campo Grande terá nova reunião na quarta-feira. Mas os discursos pontuados por palavras como crise, limite financeiro e reestruturação convergem para um único cenário: redução de serviços no maior hospital do Estado.

Nesta sexta-feira, durante reunião na Santa Casa, a Sesau (Secretaria Municipal de Saúde) reiterou que só pode repassar R$ 1,5 milhão por mês. Nos últimos quatro meses, o recurso havia aumentado para R$ 3 milhões. A expectativa era de que metade, ou seja, a outra parcela de R$ 1,5 milhão, fosse custeada pelo governo. Porém, a administração estadual nem cogita arcar com o montante para custeio.

De acordo com o superintendente da Sesau, Virgílio Gonçalves, o próximo passo será redesenhar a distribuição dos pacientes na rede pública.

“A ideia é contratar da Santa Casa os serviços que são prioritários. Vez que alguns serviços podem ser atendidos em outras unidades. Agora o desafio é identificarmos quais as atividades que a Santa Casa pode passar para outros prestadores com um custo menor ou para a rede própria. Temos estudos, algumas sugestões que vão ser discutidas na quarta-feira”, afirma.

O plano é redistribuir consultas ambulatoriais e repassar atendimentos mais complexos para HR (Hospital Regional) Rosa Pedrossian e HU (Hospital Universitário). “Mas se o Estado vier com o recurso extra, nada modifica. Nós temos que ajustar o pagamento dos prestadores com os recursos que nós temos”, diz o superintendente.

De acordo com ele, o repasse mensal será de R$ 2,7 milhões, soma de R$ 1,2 milhão (já consolidado e fora do debate) e R$ 1,5 milhão. A prefeitura trabalha com previsão de melhora do cenário econômico em seis meses. O novo contrato com o hospital terá vigência, mais uma vez, de quatro meses.

A direção da Santa Casa aponta que precisa de repasse mensal de R$ 4 milhões. Pois mesmo como acréscimo de R$ 3 milhões, o déficit chegou a R$ 925 mil de janeiro e R$ 1 milhão em fevereiro.

Triste exercício - O diretor-presidente da ABCG (Associação Beneficente de Campo Grande), Wilson Teslenco resume que a reunião de quarta-feira pode ter dois resultados. “Ou o exercício de encontrar os recursos para serem incrementados para garantir a sustentabilidade do hospital ou fazer o triste exercício de ter quer escolher quais serviços, eventualmente, serão descontinuados”, salienta. A entidade administra o hospital, que é o maior de Mato Grosso do Sul e atende pacientes do SUS (Sistema Único de Saúde), convênios e particulares.

O secretário estadual de Saúde, Nelson Tavares, afirmou que o Estado só entra com mais dinheiro no hospital após o trabalho de uma comissão de consultoria e se for para ampliar atendimento.

“Se nós tivéssemos a sensação de que aportando R$ 1,5 milhão resolveríamos de qualquer forma a questão assistencial em Mato Grosso do Sul, nós faríamos, isso não é problema. Mas, absolutamente, o número é de R$ 15 milhões, R$ 20 milhões, R$ 30milhões hoje se nós fossemos atender todas as solicitações para manter a assistência da forma como está, que 80% da população acha que é muito ruim. Falta dinheiro, é logico que falta. Mas, principalmente, falta organização”, afirma o secretário.

Segundo ele, o Estado repassa R$ 17 milhões por mês para o HR, onde 90% dos atendidos residem em Campo Grande. Para a Santa Casa, são R$ 2,3 milhões mensais. O recurso vai para a prefeitura, que repassa ao hospital. A Capital tem gestão plena dos recursos para a saúde.

Acalorada- O debate de mais de duas horas teve passagens acaloradas, com usuários questionando do direcionamento dos recursos e de que a redução no valor do contrato pode resultar em mortes.

A prefeitura informou que a Saúde enfrenta uma crise de financiamento em todo o País. Integrante da Sesau, Antônio Lastória afirmou que o Ministério da Saúde ainda nem repassou recurso do teto financeiro.

Na reunião, a promotora Filomena Fluminhan disse que o MPE (Ministério Público Estadual) sugeriu que o prédio do Cempe (Centro Municipal Pediátrico) fosse utilizado para um Pronto-Socorro municipal, mas a proposta foi recusada pelo poder público. Para ela, a unidade reduziria a demanda na Santa Casa.

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