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Capital

Novela sobre o funcionamento da Usina de Triagem de Resíduos está no fim

Antonio Marques | 18/07/2015 09:27
Prefeito Gilmar Olarte faz vistoria na Usina de Triagem de Resíduos, junto com promotores do Ministério Público (Foto: Divulgação/Gerson Walber)
Prefeito Gilmar Olarte faz vistoria na Usina de Triagem de Resíduos, junto com promotores do Ministério Público (Foto: Divulgação/Gerson Walber)

Com mais um adiamento, o início do funcionamento da UTR (Usina de Triagem de Resíduos) já virou “novela”. Agora, segundo o prefeito Gilmar Olarte (PP), a inauguração deve acontecer na primeira semana de agosto. No final de junho, durante a solenidade da ampliação do serviço da coleta seletiva na Capital, ele havia declarado que a Usina seria inaugurada no última dia 15. O novo adiamento não foi explicado pelo Executivo. Já se vão oito anos desde o início das obras.

Iniciada a obra em 2007, com objetivo de retirar os catadores do lixão que seria fechado após a obras do aterro sanitário da Capital, as atividades no local iniciaram, numa área de transição, em setembro de 2012, com a separação da coleta seletiva manual em barracões, onde atualmente trabalham cerca de 49 trabalhadores de três cooperativas e uma associação de catadores.

Neste período, a obra da UTR foi paralisada em janeiro de 2013 quando o ex-prefeito Alcides Bernal (PP) assumiu a administração. Ele questionou o fato de a obra ter sido entregue pelo seu antecessor inacabada e com irregularidades e formou uma comissão para apurar a situação. Depois disso, somente em agosto de 2014, já na gestão de Gilmar Olarte, as obras foram reiniciadas.

Com o funcionamento da Usina, localizada no Bairro Dom Antonio Barbosa, próximo ao aterro sanitário, a previsão da empresa Solurb é reciclar 150 toneladas de material por dia, funcionando em três turnos de oito horas, e deve gerar renda para até 420 trabalhadores cooperativados, em sua maioria atua hoje como catadores no lixão.

A Usina contará com toda a estrutura necessária para que os catadores da "área de transição" - capacitados e formalizados em cooperativas - atuem como agentes de triagem dos resíduos recicláveis recolhidos na coleta seletiva e entregues na unidade. Com isso, o acesso à "área de transição", local onde atuam provisoriamente os catadores, será permanentemente fechado. A expectativa, segundo a prefeitura, é de que isso ocorra 30 dias após a inauguração da UTR, com o aval da justiça.

Vistoria - Nessa sexta-feira, 17, o prefeito de Campo Grande, Gilmar Olarte, vistoriou as instalações da Usina de Triagem de Resíduos. Também participaram da visita, o procurador Paulo Douglas Almeida de Moraes, da Procuradoria Regional do Trabalho da 24ª Região/MS, e a promotora de justiça Luz Marina Borges Maciel Pinheiro, titular da 26ª Promotoria de Justiça do Meio Ambiente da Comarca de Campo Grande

Conforme a prefeitura, os membros dos órgãos de fiscalização avaliaram como positivas a estrutura garantida pela prefeitura e o trabalho de inclusão e de capacitação promovido pela Funsat (Fundação Social do Trabalho de Campo Grande). "Estou muito satisfeita com o que eu vi, a UTR está pronta para receber e dar uma melhor perspectiva aos catadores. E a nossa expectativa é que todos eles busquem as capacitações e formem suas cooperativas", revelou a promotora Luz Marina Pinheiro.

O procurador do trabalho Paulo Douglas Moraes também destacou como positivo o plano de integração desenvolvido pela prefeitura para acolher os catadores da "área de transição". "O Ministério Público é um órgão fiscalizador, mas há momentos em que também devemos elogiar. Campo Grande deu um passo à frente e na nossa avaliação esta medida está sendo fundamental. A UTR é um divisor de águas na história da gestão dos resíduos da cidade, pois além de tudo implica em um salto na qualidade de vida dos trabalhadores que ora estavam em situação de vulnerabilidade", afirmou.

Qualidade de vida - Durante a visita, o prefeito Gilmar Olarte destacou a importância de se equacionar a gestão do lixo no município e convocou a população para aderir ao programa de coleta seletiva de resíduos. "Estamos nos ajustes finais para que a cidade esteja no estágio em que merece. Já somos a terceira cidade do país em coleta seletiva e agora estamos garantindo a inclusão dessas pessoas num sistema salubre e digno de trabalho. Mas para isso, a população precisa aderir e separar seu lixo. todos nós temos responsabilidade neste processo", destacou.

Antes da inauguração, os catadores já cooperativados recebem o treinamento técnico para operar o maquinário e as quatro esteiras, que pode acomodar 420 trabalhadores em três turnos de oito horas, sem contar outras áreas de atuação, como pesagem, prensa e distribuição do material reciclável.

A coleta seletiva será gradativamente ampliada no município. Atualmente, cinco de nove regiões da cidade já são atendidas pelo programa. De acordo com a Solurb, mais três áreas deverão ser contempladas (duas em setembro e outra em novembro) ainda neste ano; mais duas no ano que vem; e a partir de maio de 2017 toda a cidade será coberta com a coleta seletiva.

Certificação - Durante a vistoria, também aconteceu a entrega dos certificados aos catadores que participaram do quarto curso de capacitação promovido pela Funsat, “Fortalecimento do Cooperativismo e da Autogestão”, promovido para cerca de 150 catadores de materiais recicláveis. O curso teve como objetivo ampliar o conhecimento sobre a rotina dos trabalhadores na UTR.

As aulas promovidas pela Funsat têm o objetivo de qualificar e certificar os catadores a fim de que haja a noção de como é o trabalho em uma cooperativa. “É importante que os trabalhadores saibam o que é uma cooperativa, como é que ela funciona, como é que ela se organiza, e porque esta é a melhor opção para eles”, declara Cícero Ávila, diretor-presidente da Funsat.

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