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Capital

Obrigado a se reinventar, taxista usa aplicativo para competir com Uber

Lucas Junot | 09/03/2017 14:23
Táxi estacionados no ponto; setor vê-se obrigado a buscar alternativas diante do Uber (Foto: André Bittar)
Táxi estacionados no ponto; setor vê-se obrigado a buscar alternativas diante do Uber (Foto: André Bittar)

Durante reunião na tarde de quarta-feira (8), na Câmara Municipal, o presidente da Coopertáxi (Cooperativa dos Taxistas Autonomos), Flavio Panissa, disse que “o serviço de táxi em Campo Grande terá que se reinventar”. O surgimento de aplicativos de carona paga, como a Uber, têm acirrado as discussões sobre a necessidade de regulamentação e até atualização dos dispositivos legais que tratam da permissão pública do serviço na Capital.

Os taxistas reclamam ser vítimas de uma concorrência desleal, visto que enfrentam uma série de processos burocráticos, adaptação dos veículos e cursos de capacitação para atender às exigências da Agetran (Agência Municipal de Transporte e Trânsito), enquanto os motoristas de aplicativos trabalham com liberdade e livres da incidência de impostos.

Em Campo Grande, a Coopertáxi já até lançou seu próprio aplicativo de corridas. Na prática, ele funciona da mesma maneira que a Uber. Na tela do celular aparece o motorista mais próximo, devidamente identificado com foto, placas do veículo, o valor da corrida e o trajeto a ser percorrido.

De acordo com Panissa, esse já é um passo para tornar o táxi mais competitivo. “A logística da concessão pública do serviço precisa ser discutida. Hoje o táxi fica no ponto e o cliente paga não só pelo seu trajeto, mas também pelo deslocamento”, explica.

O argumento mais defendido pelos usuários da Uber é com relação ao preço do serviço. O vereador Vinícius Siqueira (DEM), que encabeça a discussão sobre a criação de uma CPI (Comissão Parlamentar de Inquérito) na Câmara Municipal para apurar eventuais irregularidades nas concessões de alvarás, explica que, por se tratar de uma concessão pública, o táxi não pode simplesmente baixar o preço.

“A tarifa é definida pela Agereg (Agência Municipal de Regulação), com base na planilha de insumos, depreciação do veículo, uso do solo e tudo mais”, explica o parlamentar.

Presidente da Coopertáxi, Flavio Panissa, mostra o aplicativo usado pela categoria (Foto: André Bittar)
Presidente da Coopertáxi, Flavio Panissa, mostra o aplicativo usado pela categoria (Foto: André Bittar)

Na conta de vantagens e desvantagens, taxistas desfrutam da isenção de IPI (Imposto Sobre Produtos Industrializados), IPVA (Imposto Sobre a Propriedade de Veículos) e ICMS (Imposto Sobre Circulação de Mercadorias e Prestação de Serviços), mas pagam o ISS (Imposto Sobre Serviço), arrecadado pelo município, pelo uso do solo e, em alguns casos, pelos pontos de táxi.

“Uma vaga no aeroporto, por exemplo, chega a custar R$ 7 mil por mês, pagos à Infraero (Empresa Brasileira de Infraestrutura Aeroportuária) e o motorista de aplicativo simplesmente chega lá, pega o passageiro e não paga nem o estacionamento”, revela o presidente da cooperativa.

Comparativo – O Campo Grande News cotou o mesmo trajeto utilizando os aplicativos da Coopertáxi e Uber, nesta quarta-feira (8). O trecho simulado é de aproximadamente 12 quilômetros.

No aplicativo da Coopertáxi, a corrida custaria R$ 34,90, mas sai a R$ 24,90 com desconto dado pela cooperativa. A Uber faz a mesma viagem por um valor entre R$ 20 e R$ 27, segundo o aplicativo, o que revela que o serviço convencional já está se adaptando à nova realidade.

Panissa disse ainda que a receita da cooperativa de taxistas já caiu em 50% desde o início da discussão sobre a CPI e o movimento diminuiu em 20%, além da hostilização dos motoristas de táxi e trabalhadores da área.

Intermediária de corridas de táxi no Estado, a Coopertáxi possui um serviço de call center que emprega cerca de 40 pessoas.

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