ACOMPANHE-NOS     Campo Grande News no Facebook Campo Grande News no Twitter Campo Grande News no Instagram
JUNHO, SÁBADO  22    CAMPO GRANDE 24º

Capital

Operação apura desvio de R$ 6 milhões e 1.200 saques para driblar fiscalização

Ofensiva contra Cezário e FFMS investigou organização criminosa por 20 meses

Por Aline dos Santos | 21/05/2024 08:48
Operação já apreendeu R$ 800 mil em dinheiro vivo. (Foto: Divulgação/Gaeco)
Operação já apreendeu R$ 800 mil em dinheiro vivo. (Foto: Divulgação/Gaeco)

A operação “Cartão Vermelho”, deflagrada nesta terça-feira (dia 21), pelo Gaeco (Grupo de Atuação Especial de Repressão ao Crime Organizado), investiga esquema de desvio de R$ 6 milhões na FFMS (Federação de Futebol de Mato Grosso do Sul). Foram identificados mais de 1.200 saques para diluir os valores e “driblar” a fiscalização. A entidade é presidida há quase 28 anos por Francisco Cezário de Oliveira, 77 anos, que está no sétimo mandato.

De acordo com o MPMS (Ministério Público de Mato Grosso do Sul), a ofensiva desbarata organização criminosa voltada à prática de peculato e delitos correlatos na federação que comanda o futebol no Estado.

Em 20 meses de investigação, o Gaeco constatou que um grupo desviava valores, provenientes do Estado (via convênio, subvenção ou termo de fomento) ou mesmo da CBF (Confederação Brasileira de Futebol), em benefício próprio e de terceiros.

Policial do Gaeco em frente à Federação de Futebol de MS, em Campo Grande. (Foto: Marcos Maluf)
Policial do Gaeco em frente à Federação de Futebol de MS, em Campo Grande. (Foto: Marcos Maluf)

“Uma das formas de desvio era a realização de frequentes saques em espécie de contas bancárias da Federação de Futebol de Mato Grosso do Sul – FFMS, em valores não superiores a R$ 5.000,00 (cinco mil reais), para não alertarem os órgãos de controle, que depois eram divididos entre os integrantes do esquema”, informa a nota da promotoria.

Nessa modalidade, verificou-se que os integrantes da organização criminosa realizaram mais de 1.200 saques, que ultrapassaram o total de R$ 3 milhões.

Hotéis - A organização criminosa também contava com esquema de desvio de diárias dos hotéis pagos pelo Estado de MS em jogos do Campeonato Estadual de Futebol. O esquema de peculato tinha “cashback”, numa devolução criminosa de valores.

“Esse esquema de peculato estendia-se a outros estabelecimentos, todos recebedores de altas quantias da Federação de Futebol de Mato Grosso do Sul. A prática consistia em devolver para os integrantes do esquema parte dos valores cobrados naquelas contratações (seja de serviços ou de produtos) efetuadas pela Federação”.

Ao todo, os valores desviados da FFMS, no período de setembro de 2018 até fevereiro de 2023, superaram R$ 6 milhões.

A operação “Cartão Vermelho” cumpre sete mandados de prisão preventiva, além de 14 mandados de busca e apreensão, nos municípios de Campo Grande, Dourados e Três Lagoas. Já foram apreendidos R$ 800 mil em espécie. A ação tem apoio da PM (Polícia Militar).

Cezário está no sétimo mandato no comando do futebol de MS. (Foto: Henrique Kawaminami)
Cezário está no sétimo mandato no comando do futebol de MS. (Foto: Henrique Kawaminami)

Na Capital, viaturas do Gaeco amanheceram em frente à Federação de Futebol de MS, no Bairro Amambaí, e na casa de Cezário, no Taveirópolis.

Nome da operação, “Cartão Vermelho” é autoexplicativo e faz alusão à expulsão de jogadores que cometem faltas graves durante as partidas de futebol.

A defesa da FFMS informa que esclarecimentos serão prestados durante o dia. “Nessa fase qualquer investigação é sempre unilateral; logo ela será submetida ao necessário contraditório; devemos aguardar os esclarecimentos, que serão prestados, oportunamente”, afirma o advogado André Borges.

A Setesc (Secretaria Estadual de Turismo, Esporte e Cultura) informou que "sobre os questionamentos de que as denúncias da operação Cartão Vermelho apontam supostos desvios de recursos oriundos da Fundesporte [Fundação de Esporte] , esclarecemos que a mesma não é alvo da referida operação e, em tempo, acompanha as investigações e espera que as denúncias sejam apurados no rigor da lei".  A reportagem não conseguiu contato com a CBF.

Matéria editada às 9h55 para acréscimo de posicionamento da Setesc.

Receba as principais notícias do Estado pelo Whats. Clique aqui para acessar o canal do Campo Grande News e siga nossas redes sociais.

Nos siga no Google Notícias