Ossadas encontradas em 'cemitério' são de adolescentes de 13 e 17 anos
A suspeita é de que a quadrilha tenha feito pelo menos 12 vítimas; seis corpos já foram encontrados
As duas ossadas encontradas ontem (23) no cemitério clandestino da quadrilha que explorava sexualmente viciados em drogas, na região do Bairro Danúbio Azul, podem ser de Lessandro Valdonado de Souza, 13 anos, e Jhenifer Luana Lopes, 17 anos, conhecida como Larissa, conforme informações da Polícia Civil.
Os dois estavam na lista de pessoas desaparecidas que foram enterradas por Luiz Alves Martins Filho (49), o ‘Nando’, apontado como chefe do esquema. Até agora, seis ossadas já foram localizadas na região do Jardim Veraneio, em Campo Grande. A suspeita é de que a quadrilha tenha feito pelo menos 12 vítimas.
Segundo a delegada Aline Sinnott Lopes, da Deaij (Delegacia Especializada de Atendimento à Infância e Juventude), Lessandro sumiu em agosto e Jhenifer, em março.
Terça-feira - No final da tarde de terça-feira (23), após um dia de buscas, policiais civis conseguiram localizar o corpo de Ana Cláudia Marques, 37 anos, que estava desaparecida desde setembro deste ano.
A vítima não constava na lista de desaparecidos procurados na investigação, porém teria sido enforcada com uma corda a mando de Nando. Além dessas três ossadas, a polícia já encontrou os restos mortais de três homens identificados pelos apelidos de Café, Alemão e Bruninho.
A Polícia Civil continua com as buscas e trabalha com informações de que outras duas pessoas estão enterradas na região, inclusive o corpo de Jhenifer Lima da Silva, 15 anos, desaparecida há dois anos.
O “cemitério” foi revelado para polícia pelo chefe da quadrilha, o Nando, preso no dia 10 deste mês. Além dele, foram detidos Diego Vieira Martins, Rudy Pereira da Silva, Jeová Ferreira Lima, Jeová Ferreira Lima Filho, Ariane de Souza Gonçalves, Vagner Vieira Garcia, Andreia Conceição Pereira. Porém, até agora já são pelo menos 15 pessoas presas suspeitas de envolvimento com o esquema.
Como começou - Conforme a polícia, as investigações começaram em setembro deste ano, após a morte de Leandro Aparecido Nunes Ferreira, o 'Leleco'. O rapaz foi morto por um jovem que o acusava de sumir com o seu irmão, adolescente que não teve a idade divulgada. Esse garoto em questão foi encontrado morto dias depois.
Por causa desta situação, a polícia descobriu que, além do menino, mais de dez pessoas, todas moradoras do Danúbio Azul, estavam desaparecidas. O primeiro caso havia ocorrido em 2012.
Durante as investigações, foi detectado que essas vítimas faziam parte do esquema que agia na região, sob o comando de Nando. O bando aliciava adolescentes e jovens dependentes químicos para vender droga e se prostituir a troco de pasta base de cocaína. As vítimas desapareciam quando queriam deixar o grupo ou se desentendiam com algum integrante.
Objetos - No dia em que Nando foi preso, os investigadores encontraram na casa dele um revólver calibre 38 com seis munições, uma caminhonete e ferramentas como pá, enxada e facão. Objetos que, segundo a polícia, são importantes para a investigação.