Para encerrar greve, Santa Casa fez “manobra” que deve impactar em fornecedores
Hospital usou recursos do pós-fixado para pagar parte do 13º e diz que terá de adiar compromissos financeiros
Para viabilizar o pagamento da primeira parcela do 13º salário, prevista para esta quarta-feira (24), e encerrar a greve dos trabalhadores, a Santa Casa realizou uma “manobra” no orçamento, decisão que pode impactar o pagamento de fornecedores e a rotina administrativa do hospital. A informação foi confirmada pelo diretor administrativo da instituição, Alessandro Junqueira, ao explicar as medidas adotadas pela diretoria corporativa ao longo das negociações desta terça-feira.
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A Santa Casa realizou uma manobra orçamentária para pagar a primeira parcela do 13º salário aos funcionários e encerrar a greve. A instituição utilizará R$ 3,5 milhões recebidos do pós-fixado, valor referente aos atendimentos excedentes realizados além do contrato com o poder público. A decisão afetará o pagamento de fornecedores, incluindo o de oxigênio hospitalar. Cargos de liderança e médicos não serão contemplados nesta primeira parcela do 13º, que beneficiará apenas trabalhadores de apoio. Os médicos seguem com salários atrasados, sem acordo estabelecido junto ao Ministério Público.
Segundo o diretor, a definição ocorreu após a Santa Casa receber o valor referente ao chamado pós-fixado, que corresponde à produção realizada além do contrato firmado com o poder público. “Hoje a gente recebeu a parcela do pós-fixado. Esse valor é de 3 milhões e 500 mil reais. Então, desse valor, sentamos com os sindicatos e propusemos o parcelamento da parcela do 13º. Foi votado em assembleia e cerca de 90% dos funcionários acordaram em receber a primeira parcela do 13º amanhã”, explicou.
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O diretor esclareceu que o pós-fixado se refere ao atendimento excedente realizado pela Santa Casa, que é uma unidade de porta aberta. “A gente tem um contrato de seis vagas na área vermelha e sete vagas na verde, mas chega a ter 60 pessoas na verde. Isso excede o contrato, então a gente fatura isso posteriormente à contratualização”, detalhou.
Esse valor é pago pelo município, mas não se trata de um aporte extraordinário. “Não é um adiantamento. É a produção que a Santa Casa faz e tem direito de receber. Todo mês esse valor entra conforme o faturamento do hospital”, afirmou Junqueira, ressaltando que o recurso não estava atrasado.
Com a utilização desse dinheiro para o pagamento do 13º, o hospital admite que outras áreas serão afetadas, gerando reflexos diretos na relação da Santa Casa com fornecedores, inclusive de oxigênio.
“A gente vai deixar de pagar fornecedor, por exemplo, oxigênio do hospital. A gente tinha que pagar. Então a gente vai entrar em contato com a empresa, que é parceira nossa, vamos conversar com eles, prorrogar para dia dez fazer o pagamento”, disse.
O diretor relatou ainda as dificuldades enfrentadas durante a paralisação. “Ontem a gente tinha somente um funcionário na cozinha. Toda a liderança do hospital desceu para a cozinha para conseguir atender os pacientes. Todos foram atendidos”, afirmou.
O representante da Santa Casa destacou que, nesta primeira parcela do décimo terceiro, não serão contemplados cargos de liderança. “Supervisor, coordenador, gerente e diretores não vão receber amanhã. Vão receber assim que o governo passar a 13ª parcela do contrato”, explicou. De acordo com ele, apenas os trabalhadores de apoio, “que fazem o hospital girar”, serão incluídos nesse pagamento inicial.
Questionado sobre os médicos, que ingressaram na Justiça cobrando pagamentos atrasados, Junqueira afirmou que eles não fazem parte do acordo firmado para encerrar a greve. “O médico não entra nessa questão. Somente da parte dos supervisores para baixo que vai entrar nessa parcela”, afirmou.
Ele confirmou que os salários dos médicos continuam atrasados. “Segue. A gente não teve êxito junto com o Ministério Público na negociação”, finalizou.


