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Capital

Sem serviço de limpeza na Santa Casa, pacientes temem infecção hospitalar

Banheiros e quartos estão sujos e não há pessoal suficiente para realizar os curativos que o internado precisa

Por Lucia Morel | 23/12/2025 16:48
Sem serviço de limpeza na Santa Casa, pacientes temem infecção hospitalar
Pinico dentro do lavatório de mãos e lixeixa lotada desde o começo do dia. (Foto: Direto das Ruas)

Roupas de cama sem troca há pelo menos três dias, lixeiras lotadas, banheiros e quartos sujos e sem limpeza, demora ou mesmo ausência de quem faça os curativos necessários. Esse é o quadro dos pacientes que continuam internados na Santa Casa em meio ao caos instalado com a greve. O medo é que, sem assistência adequada, os pacientes que não são de urgência adquiram infecções.

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Pacientes internados na Santa Casa enfrentam condições precárias de higiene e assistência médica devido à greve dos funcionários. Relatos indicam ausência de troca de roupas de cama, acúmulo de lixo e falta de limpeza em quartos e banheiros, gerando temores sobre infecções hospitalares. Entre os casos críticos está Roseralda Aparecida Luiz, internada há 23 dias aguardando cirurgia no fêmur, e Nivamar Gleice de Oliveira, que está sem atendimento adequado desde 10 de dezembro. Os funcionários seguem paralisados, reivindicando o pagamento integral do 13º salário.

Internada há 23 dias, Roseralda Aparecida Luiz, de 53 anos, relata abandono médico, falta de informações sobre a cirurgia e condições precárias de higiene. Segundo ela, desde o dia 1º de dezembro não recebeu visita de médico ortopedista nem qualquer posicionamento concreto sobre a cirurgia de fêmur que aguarda. “Eu não sei quem é o meu médico. Todo dia dizem que vão analisar meu caso e dar um parecer, mas nada acontece. Estou há 23 dias aqui esperando cirurgia”, afirmou.

Roseralda também descreve sucessivos jejuns impostos sem a realização do procedimento. “Eles colocavam a plaquinha verde, mandavam ficar em jejum desde a manhã ou até às 11 horas da noite. Depois vinham dizer que a cirurgia não ia acontecer. No outro dia começava tudo de novo. Isso deixa a gente muito abalada”, contou.

Ela ainda aponta atraso nas refeições, principalmente após a greve. "Ontem o café da manhã só veio quase 11 horas, oferecido por jovem aprendiz" e reclama da proibição de visitas, o que aumenta a sensação de isolamento. Mas a falta de limpeza preocupa.

“Os lençóis não são trocados há três, quatro dias. Os quartos não estão sendo limpos. Para tomar banho, eu tenho que me escorar na parede. Estou com muito medo de infecção”, disse. No mesmo quarto, segundo ela, está uma idosa de 87 anos que quebrou o fêmur e também aguarda cirurgia, sem familiares presentes. “A gente está aqui de mãos atadas. Somos pacientes, temos direitos”, desabafou.

Situação semelhante é relatada por Nivamar Gleice de Oliveira, de 40 anos, internada desde o dia 10 de dezembro após um acidente. Ela está no setor de trauma, no térreo, e diz que nos últimos dias deixou de receber qualquer orientação sobre cirurgia. “Nos primeiros dias pediram jejum, falaram de cirurgia, mas faz uns cinco, seis dias que simplesmente largaram a gente aqui”, afirmou.

Sem serviço de limpeza na Santa Casa, pacientes temem infecção hospitalar
Vaso sanitário sem limpeza em quarto da Santa Casa. (Foto: Direto das Ruas)

Além da incerteza sobre o procedimento, Nivamar relata dificuldades trabalhistas por falta de documentação médica. “Sou CLT, tenho contrato para cumprir, mas não dão declaração nenhuma. Dizem que só dão atestado depois da cirurgia, mas a cirurgia não acontece”, disse. O quarto, segundo ela, também está sujo há dias. “Se quiser, eu filmo. Não limpam por causa da greve. Dizem que está funcionando só o básico.”

A paciente afirma que os próprios internados têm feito curativos uns nos outros. “A gente tem que implorar para fazer curativo. Às vezes não fazem. Meu curativo molhou no banho e não tinha ninguém para trocar. Pedi uma faixa e eu mesma fiz”, relatou. Ela quebrou um osso do braço direito e tem uma ferida no pé, que segundo conta “fica exposta e latejando”, recebendo apenas limpeza com soro e pomada ocasionalmente.

Nivamar também cita outros casos no setor, incluindo pacientes internados há mais de 20 dias e um homem diabético que perdeu um dedo e estaria sem curativo adequado. “Chegou gente depois de mim que já foi operada, e eu continuo aqui esperando. Tem pessoas há quase um mês nessa situação”, afirmou.

As duas pacientes dizem temer que a falta de limpeza, de curativos e de acompanhamento médico resulte em infecções ou agravamento do quadro clínico. Enquanto isso, os trabalhadores da Santa Casa seguem paralisados desde a manhã de segunda-feira (22), cobrando o pagamento integral do 13º salário e rejeitando a proposta de parcelamento apresentada pela administração do hospital.

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