Para júri, réu diz que decidiu “sair da droga” após quase matar
Crime aconteceu no dia 30 de setembro de 2023, numa casa frequentada por dependentes químicos
Na manhã desta terça-feira (25), durante julgamento na 2ª Vara do Tribunal do Júri, o réu Rogério Vieira Ortiz disse que se livrou da dependência química depois de quase matar, com 11 facadas, um homem identificado como Daniel. O crime aconteceu no dia 30 de setembro de 2023, em casa frequentada por dependentes químicos, no Jardim Centenário, em Campo Grande.
RESUMO
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Rogério Vieira Ortiz, réu em julgamento na 2ª Vara do Tribunal do Júri de Campo Grande, afirmou ter superado a dependência química após quase matar um homem com 11 facadas em setembro de 2023. Durante o julgamento, Rogério relatou que o crime ocorreu após um desentendimento com a vítima, Daniel, durante o uso de drogas. Ele alegou legítima defesa, afirmando que Daniel tentou atacá-lo com uma chave de fenda. Rogério, que já cumpriu pena por roubo, está em liberdade e recebeu elogios por sua recuperação. A vítima não compareceu ao julgamento para dar sua versão dos fatos.
Ao juiz Carlos Alberto Garcete e aos jurados, Rogério contou, enquanto a esposa dele acompanhava do plenário, que era usuário de cocaína e crack, mas agora está limpo. O promotor de Justiça José Arturo Iunes Bobadilha Garcia elogiou a recuperação de Rogério, destacando a mudança em sua aparência desde o crime até agora.
“A gente precisa reconhecer a mudança, até da aparência dele da época que aconteceu [o crime] para agora. Precisamos elogiar a conduta de se recuperar das drogas. Parabenizar também a esposa e os filhos, que estão aqui”, destacou o promotor. Os filhos de Rogério, por serem adolescentes, não puderam entrar para assistir ao julgamento.
O crime - Segundo a versão de Rogério, no dia dos fatos usava drogas com Daniel, quando se desentendeu com a vítima, que tentou forçar uma relação sexual. Após a negativa, segundo o réu, Daniel não gostou e tentou atacá-lo com uma chave de fenda. Ele, então, para se defender, se apossou de uma faca e o esfaqueou.
Após o crime, Rogério fugiu, mas foi preso em flagrante horas depois. Ele chegou a ficar seis meses preso, mas responde em liberdade. “Eu nunca fui de briga. Não sei brigar. O único jeito de me defender foi aquilo, mas nunca tive intenção de matar. Não estava ali para prejudicar ninguém”. Ele também cumpre pena em liberdade por roubo, cometido antes da tentativa de homicídio.
Do plenário, apenas Josiane Costa, de 39 anos, esposa de Rogério, acompanhava o julgamento. Os dois se conheceram no serviço quando ele ainda estava preso e saía para trabalhar durante o dia. "Eu fico emocionada, foi uma batalha que eu venci também, mas foi só porque ele quis, então nós vencemos. As pessoas precisam uma das outras, do amor próprio, empatia", desabafou.
Josiane acrescentou ainda que hoje em dia até o cigarro faz mal para o marido. "Ele passa mal com cheiro. Vai completar oito meses que estamos juntos e oito meses que ele está limpo", comemorou.
Vítima - Daniel, que sobreviveu após receber atendimento médico, não foi encontrado para participar do julgamento e dar a sua versão dos fatos. À época, a vítima contou uma versão diferente do réu. Na ocasião, ele alegou que usava droga na residência, quando Rogério, acompanhado por outra pessoa, chegou e passou a atacá-lo. A chave de fenda que o réu disse que a vítima usou para intimidá-lo nunca foi encontrada.
O resultado do julgamento deve sair no começo desta tarde.
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