Para quem mora na favela, ter saúde foi a melhor conquista de 2013
Faltando um dia para o ano novo, muitas famílias já começam a rever as conquistas e lutas de 2013 e se preparar para os desafios de 2014. A boa saúde é o principal agradecimento do ano que passou, sendo a casa e emprego novo alguns pedidos que moradores da favela “Cidade de Deus” sonham para o novo ano.
Há apenas um ano morando na favela, a dona de casa Maria Aparecida Barbosa, 54 anos, contabiliza dificuldades no ano. “A pior coisa do ano é ter vindo morar aqui. O aluguel estava muito caro, então não tivemos outra opção”.
Ela mora em um barraco junto com seu esposo e neto, mas quase toda a família, três filhos e oito netos, residem na Cidade de Deus. Os três vivem com cerca de R$ 678 por mês. “Não dá pra viver”, comenta.
Mesmo com as dificuldades, dona Maria conta que houve muitas conquistas. “Dia 20 de dezembro nasceu meu 8º neto, foi um presente de Deus!”, assume. “Nós tivemos uma boa saúde durante o ano todo também e isso é o que importa”, acrescenta a dona de casa.
Para 2014, dona Maria espera mudar de vida. “São tantas coisas que precisamos, mas ano que vem tem que ser do jeito que Deus levar”, relata. “Sou alegre com tudo que vem acontecendo comigo, a esperança é agora”.
Euler Garcia, 23, é servente de pedreiro e mora na favela há 1 ano. Para ele este ano não foi tão cheio de dificuldades, mas o novo ano é de esperança. “A expectativa é grande para 2014. Eu sou cadastrado na Agehab (Agência Estadual de Habitação Popular) e na Emha (Agência Municipal de Habitação) e espero que a minha casa saia agora em janeiro”.
O servente diz que ganha cerca de R$ 800 por mês, e conta que é suficiente para viver. “Da pra viver bem, pois moro sozinho aqui e não tenho contas para pagar”.
A grande família de José Teodoro Garcia da Silva “Zé do Cristo”, 57, constituída por esposa, 8 filhos, 6 noras, 2 genros e 27 netos, mora na favela, em uma espécie de vila. Zé do Cristo conta que prefere lembrar-se das conquistas do ano. “Dificuldades todos tem, mas nós tivemos muitas conquistas, como a saúde da família”.
Na ceia de natal eles gastaram cerca de R$ 1 mil e pretendem gastar mais na virada do ano. “Eu vivo com um salário mínimo, mas todos nós nos ajudamos aqui, então acabamos tendo uma vida boa”, enaltece Zé.
Já uma das filhas de José, afirma que não consegue lembrar-se de conquistas em 2013. “Não consigo pensar em nenhuma, até a saúde das minhas seis filhas estão piorando desde que vim morar aqui”, comenta Laura da Silva, 33, que está a oito meses na favela.
Mas para a família, o ano de 2014 ainda não está planejado. “O ano que vem pertence a Deus, só ele sabe o que vai acontecer”, reconhece.
