Patrões temem depredação com greve que pode ter adesão de 20 mil
A greve dos trabalhadores da construção civil, prevista para ser deflagrada nesta quarta-feira (23) na Capital, pode ter a adesão de cerca de 20 mil operários, conforme previsão do Sintracom CG (Sindicato dos Trabalhadores nas Indústrias da Construção Civil e do Mobiliário de Campo Grande). O sindicato patronal teme depredações nos canteiros.
São cerca de 30 mil homens atuando em aproximadamente 400 obras na Capital, segundo dados da entidade.
A paralisação deve afetar obras públicas e privadas, entre elas estão a construção do Aquário do Pantanal e as obras das construtoras Plaenge, MRV, PDG e Brooksfield.
No ano passado, segundo o presidente do Sintracom, José Abelha Neto, pelo menos 15 mil homens deixaram os canteiros de obras. “Neste ano, esperamos uma adesão ainda maior já que eles estão mais conscientes”.
Já o Sinduscon (Sindicato da Indústria da Construção no Estado de Mato Grosso do Sul), garante que a quantidade de trabalhadores que vai aderir à greve será bem menor que o esperado pela categoria.
“A maioria não adere”, disse Amarildo Miranda Melo, presidente do sindicato.
A paralisação preocupa o Sinduscon. A coação de operários que não aderirem ao movimento e a depredação de patrimônios são os pontos mais relevantes para a entidade.
“A nossa preocupação é a ordem. Estamos preocupados com trabalhadores que não vão aderir à greve e podem ser impedidos de trabalhar. Outra questão é a depredação de patrimônios como tem acontecido no cenário nacional”.
Em cidades do norte e nordeste, a greve gerou confusão e quebra-quebra recentemente, além de prejuízos.
Ainda de acordo com o sindicato, trabalhadores não formularam uma contraproposta depois de receberem oferta de 5,39% e negarem o valor. A categoria havia pedido 30% de aumento.
“Enviamos uma oferta, mas não houve uma contraproposta, e simplesmente pretendem deflagrar a greve”, comenta Amarildo.
Mesmo ressaltando a legitimidade do movimento, ele explica que o aumento precisa ser coerente com o cenário do setor. “Queremos, pelo menos, recuperar a perda salarial do ano passado”, disse se referindo aos quase 6% de aumento proposto.
Mas a categoria reclama e afirma que a intenção é conseguir o ganho real, acima da inflação e que o valor oferecido não cobre nem mesmo o índice inflacionário. Abelha explicou que o salário pago na cidade é o menor do país.
Porém, Amarildo rebate a informação. “Não procede. E, além disso, um metro quadrado aqui vale de R$ 4 mil a 5 mil.Em São Paulo chega a R$ 14 ou R$ 15 mil. Existem diferenças que precisam ser respeitadas. Mas o salário aqui não é o menor”.
Conforme Abelha, em outros estados os profissionais da construção civil, recebem até 30% a mais. Por isso, há 70 dias, o sindicato apresentou proposta de 30% de reajuste para quem recebe o piso e 15% para quem ganha acima.
“Eles (o setor patronal) não deram bola e só agora apareceram com 5,39%, uma miséria de reajuste”, comentou José Abelha.
A greve foi decidida em assembleia-geral, na noite de quarta-feira.
Justificando a oferta, o presidente da entidade patronal diz que o cenário atual do setor é de “cautela”, não só na Capital. “Ano de Copa do Mundo e de eleições Em um cenário desses ninguém vai ficar lançando empreendimentos. Isso desestabilizou o setor. A retração será inevitável”.
Amarildo garante que a preocupação maior é com a ordem. "Já comunicamos, inclusive, a segurança pública", finaliza.
Em nota, o Sinduscon afirma que está aberto às negociações e "que respeita o direito da Constituição de Manifestação".