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Capital

Polícia ainda não sabe explicar novas "provas” em carro de comerciante

Aline dos Santos | 15/03/2017 10:26
Adriano (imagem no celular) foi morto por policial após confusão no trânsito. (Foto: Alcides Neto)
Adriano (imagem no celular) foi morto por policial após confusão no trânsito. (Foto: Alcides Neto)

O surgimento de maçaricos, com formato semelhante a revólver, na caminhonete do comerciante Adriano Correia do Nascimento, morto por um policial rodoviário federal após briga de trânsito, ainda não é investigado pela polícia.

O veículo foi apreendido desde o dia do crime, 31 de dezembro de 2016, e estava no pátio da Coordenadoria Geral de Perícias, na avenida Senador Filinto Muller, Vila Ipiranga. Para a defesa do policial, os maçaricos sempre estiveram no veículo e foram ignorados pela perícia.

Conforme a assessoria de imprensa da Sejusp (Secretaria de Justiça e Segurança Pública), o resultado do procedimento administrativo, feito pelo setor de perícia, foi encaminhado à Justiça por meio da 1ª Delegacia de Polícia Civil de Campo Grande, responsável pelo inquérito do homicídio.

De acordo com a delegada Daniela Kades, responsável pela investigação do crime, os documentos foram repassados ao juiz. “O inquérito não é mais meu porque já foi concluído”, afirmou ontem à reportagem. O processo tramita na 1ª Vara do Tribunal do Júri, comandada pelo juiz Carlos Alberto Garcete.

Segundo o delegado titular da 1ª Delegacia da Capital, Mario Donizete Ferraz de Queiroz, o caso, referente ao homicído, já está com o Ministério Público. “Se requisitar informações, vamos fazer. Mas talvez nem seja com a gente”, disse ontem o delegado, sobre evemtual apuração da tentativa de "plantar " provas. 

Conforme documentos anexados ao processo por homicídio, a perita que analisou a caminhonete Toyota Hilux em duas ocasiões – 31 de dezembro (no local do fato) e em 2 de janeiro deste ano – relatou a localização de novos quatro objetos, sendo dois maçaricos e duas garrafas pet de bebida alcoólica.

Após procedimento administrativo, concluiu-se que as garrafas já estavam no veículo e, após a segunda perícia, foram acondicionadas em um saco de lixo junto com outros objetos. O invólucro foi colocado na carroceria.

No entanto, no dia 9 de janeiro, voltou a aparecer dentro da caminhonete. O veículo estava coberto com lona desde 4 de janeiro, quando foram encontrados os dois maçaricos (flambadores de sushi) no assoalho em frente ao banco do passageiro.

Conforme o relato da perita, que assegura ter feito duas perícias minuciosas na caminhonete, ela voltou a verificar o veiculo no dia 4 porque um colega levantou dúvida sobre a trajetória dos projéteis e, então, avistou os maçaricos.

Relatório, datado de 17 de fevereiro, conclui que os peritos não contribuíram e não se omitiram sobre os fatos. O documento sugere que uma cópia do procedimento seja encaminhado ao delegado-geral da Polícia Civil para apurar possível responsabilidade penal de terceiros “que tentaram macular o exame pericial realizado no veículo”. Porém, não foi formalizada investigação.

Medidas – Ainda de acordo com a Sejusp, a caminhonete do comerciante foi levada para o Fórum de Campo Grande. Para melhoria da segurança, foi aberto um processo para instalação de câmeras no pátio da Coordenadoria Geral de Perícias.

Defesa – Conforme o advogado Renê Siufi, que representa o policial Ricardo Moon, a versão de provas plantadas é uma invenção. “Plantado por quem, quem vai plantar isso lá? Sempre esteve lá e eles não viram. São flambadores de sushi e a vítima tinha dois restaurantes de sushi”, afirma.

A existência dos maçaricos dão fôlego à versão do policial, que disse ter visto um objeto escuro na caminhonete e suspeitou que algum dos ocupantes estivesse armado.

Crime – O comerciante Adriano Correia do Nascimento, que conduzia uma caminhonete Toyota Hilux, foi morto na madrugada de 31 de dezembro de 2016, um sábado, na avenida Ernesto Geisel.

Na versão do policial, que era lotado em Corumbá e seguia em um Mitsubishi Pajero para a rodoviária, o condutor da Hilux provocou suspeita pela forma que dirigia e fez a abordagem após ter sido fechado. Nos depoimentos, ele reforçou que sempre se identificou como policial.

Ricardo Moon, 47 anos, foi denunciado por homicídio doloso contra Adriano e tentativa de homicídio contra Agnaldo Espinosa da Silva e o enteado de 17 anos, passageiros da caminhonete. A denúncia do MPE (Ministério Público do Estado) chegou dia 23 de janeiro à 1ª Vara do Tribunal do Júri .

O PRF foi preso em 31 de dezembro e solto no dia seguinte. No dia 5 de janeiro, voltou a ser preso e deixou a prisão no dia primeiro de fevereiro.

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