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Capital

Polícia encerra caso Marielly e indicia cunhado e enfermeiro por aborto e ocultação de cadáver

Paula Maciulevicius | 03/08/2011 18:50

Delegado responsável entregou inquérito nesta tarde ao Fórum de Sidrolândia e faz última perícia na casa do enfermeiro Jodimar

Inquérito com mais de 400 páginas seguiu para Fórum de Sidrolândia.
Inquérito com mais de 400 páginas seguiu para Fórum de Sidrolândia.

O polêmico caso da jovem Marielly Barbosa Rodrigues, de 19 anos, chegou ao fim. Encerrado, o inquérito foi entregue nesta tarde ao Fórum de Sidrolândia. O cunhado da jovem, Hugleice da Silva e o enfermeiro Jodimar Ximenes Gomes foram indiciados por aborto e ocultação de cadáver.

A Polícia faz neste momento a última perícia na casa do enfermeiro, em Sidrolândia, suspeito de realizar o aborto que resultou na morte de Marielly.

O delegado responsável pelo caso, Fabiano Nagata ainda busca algum vestígio de sangue através de uma perícia mais minuciosa, feita pela primeira vez na casa que foi cena de um crime que comoveu toda a cidade de Campo Grande. Nagata explica que a perícia não foi feita antes porque a Polícia buscava reunir provas contra os suspeitos.

Com o uso do luminol, o delegado acredita que possa aparecer algum vestígio. “Se tiver, vai estar bem escondido”, afirma.

Na semana passada a Polícia recebeu os laudos do material apreendido na casa de Jodimar. Os resultados apontaram que os bisturis, lâminas, portas-agulha e a pinça eram instrumentos que podiam ser usados para um aborto.

Quanto aos medicamentos, pomadas, comprimidos para dor, seringas e dois tipos de anestésicos locais, também apreendidos com o enfermeiro, o laudo mostrou que não se evidencia a aplicação em casos de aborto, por não serem específicos, mas que podem ser usados para a prática.

Depois de uma semana preso, o cunhado de Marielly Barbosa confessou à Polícia, no dia 21 de julho, que intermediou o aborto que matou a garota e também que levou o corpo da jovem até o local onde foi encontrado, em Sidrolândia.

Hugleice da Silva pagou R$ 500 a Jodimar para fazer o aborto na jovem, de acordo com declarações feitas por ele à Polícia Civil. O resultado do procedimento foi a morte da jovem, cujo corpo foi encontrado 21 dias após a prática, em um canavial de Sidrolândia, município onde fica a casa do enfermeiro.

Segundo o delegado um colega de trabalho de Hugleice falou para ele sobre Jodimar, referindo-se ao enfermeiro como “Jodi pedicure”.

Diante das informações repassadas pelo colega, o marido da irmã de Marielly foi até Sidrolândia no dia 19 de maio, encontrou Jodimar e negociou com ele o procedimento, ficando acertado R$ 1 mil.

Hugleice pagou adiantado R$ 500 e dois dias depois, no fim da tarde, levou a cunhada até a residência do enfermeiro. Conforme versão apresentada por ele, ficou do lado de fora do imóvel até Jodimar avisa-lo que a garota havia morrido.

Ele então estacionou a caminhonete Mitsubichi na garagem da casa e, com a ajuda de Jodimar, colocou o cadáver de Marielly dentro, o deixando no canavial, local indicado, segundo Hugleice, pelo enfermeiro.

Conforme a Policia, Hugleice diz que “acha” que é o pai do filho que Marielly esperava. Segundo ele, a relação sexual com a cunhada aconteceu no fim do ano passado e, além disso, a jovem havia tido relacionamento amoroso com outros rapazes.

“A gente não acredita que a relação [entre Marielly e o cunhado] tenha sido somente na época que ele disse. Ele está casado com a irmã dela há sete anos”, diz o delegado responsável pelas investigações.

O caso - Marielly saiu de casa, no Jardim Petrópolis, no dia 21 de maio - sábado - dizendo que iria resolver um problema e não foi mais vista. A família dela, inclusive Hugleice, e amigos, espalharam cartazes pelo bairro, e-mails e foram à OAB/MS e Assembléia Legislativa.

O corpo foi encontrado no dia 11 de junho com roupa diferente daquela que a garota havia saído de casa, sem feto e com cor acinzentada, indicando a perda de sangue.

A perícia constatou que não havia marcas de violência no corpo e que, diante da informação de que ela estava grávida, a morte foi resultado do aborto malsucedido.

A Polícia suspeitou de Hugleice porque quebra de sigilo telefônico constatou que ele foi a última pessoa com quem ela conversou, a empregada de Jodimar o viu na residência onde ela trabalhava e, ainda, porque no local onde o cadáver estava havia embalagens de halls, ‘vício’ do rapaz, conforme informado pela dentista dele à Polícia.

A família de Marielly mentiu à Polícia sobre Hugleice. Todos disseram que o rapaz estava em casa no dia 21 de maio, no fim da tarde, quando a operadora de celular dele indicou que ele estava em Sidrolândia. A princípio, a família não será punida criminalmente pela mentira.

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