Policial é condenado por atrapalhar investigação sobre tráfico de drogas
Juíza também determinou a perda do cargo público para o investigador Hugo César Benites
O investigador da Polícia Civil Hugo Cesar Benites foi condenado a mais 3 anos de prisão por atrapalhar a investigação sobre a quadrilha. O servidor, que foi alvo da Operação Snow, já havia sido sentenciado a 13 anos e 5 meses por tráfico interestadual de drogas e por integrar organização criminosa junto com mais 15 réus envolvidos no transporte de cocaína em viaturas oficiais.
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Um investigador da Polícia Civil de Mato Grosso do Sul foi condenado a mais três anos de prisão por obstruir investigações sobre tráfico de drogas. Hugo Cesar Benites, que já havia recebido sentença de 13 anos por tráfico interestadual e participação em organização criminosa, se desfez do celular durante cumprimento de mandados da operação Snow. A operação, deflagrada pelo Gaeco, resultou na condenação de 16 pessoas, totalizando 145 anos de prisão. O grupo utilizava viaturas policiais e caminhões, incluindo veículos terceirizados dos Correios, para transportar cocaína de Ponta Porã a Campo Grande, de onde a droga era distribuída para todo o país.
Alvo da operação deflagrada pelo Gaeco (Grupo de Atuação Especial no Combate ao Crime Organizado), Hugo foi denunciado por dificultar a investigação sobre quadrilha que estava usando as viaturas da Policia Civil para fazer o transporte de cocaína para o grupo criminoso. Segundo os autos, no dia 26 de março deste ano, durante os cumprimentos dos mandados, o servidor se desfez do celular.
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Naquela mesma manhã, equipe da Corregedoria-Geral da Polícia Civil esteve na 1ª Delegacia de Ponta Porã, onde Hugo estava lotado, e o servidor não estava trabalhando. A delegada titular então entrou em contato com o policial que chegou no local após mais de 3 horas sem apresentar o telefone. Segundo ele, sua defesa teria orientado a não apresentar o aparelho que era de uso pessoal.
“Em outras palavras, o denunciado, antes de se apresentar aos seus superiores, de maneira deliberada e no intuito de embaraçar a investigação sobre organização criminosa em andamento, desfez-se de seu aparelho celular, com vistas a impedir que o Gaeco e a própria Justiça tivessem acesso ao conteúdo de seu terminal telefônico, justamente porque continha informações acerca do grupo criminoso (traficantes de droga)”, diz o texto.
O policial foi denunciado por atrapalhar as investigações em julho, e, na última semana, o caso foi julgado. A defesa de Hugo chegou a pedir a absolvição ou que a pena aplicada fosse substituída por restrição de direitos e que ele não fosse afastado do cargo público.
A juíza, no entanto, sentenciou Hugo à pena de 3 anos e 6 meses de reclusão, a ser cumprida em regime semiaberto, mais 15 dias-multa, mas afirmou ser incabível a substituição da condenação por pena restritiva de direitos e ainda determinou a perda do cargo público ao policial, que já havia sido condenado a 13 anos de prisão por integrar a organização criminosa alvo da operação.
Operação Snow - Alvos da ação deflagrada pelo Gaeco em 2024, foram condenados a 145 anos e nove meses de prisão pelos crimes de organização criminosa, tráfico de drogas e lavagem de dinheiro. Três dos acusados foram absolvidos. O processo tramitou em sigilo, mas a sentença foi publicada no Diário da Justiça do dia 29 de setembro deste ano.
Ao todo, 16 integrantes da quadrilha foram sentenciados. Conforme a investigação do Gaeco, a organização criminosa, altamente estruturada, com uma rede sofisticada de distribuição, com vários integrantes, inclusive policiais cooptados, fazia o escoamento da droga, como regra, cocaína, por meio de empresas de transporte, que também eram utilizadas para a lavagem de dinheiro.
As maiores penas ficaram para os empresários Luiz Paulo da Silva Santos e Joesley da Rosa – 23 anos e nove meses e 18 anos e seis meses, respectivamente. Em seguida, vem a do policial Hugo Cesar Benites, condenado a 13 anos e cinco meses de prisão.
Mayck Rodrigo Gama também foi sentenciado a 13 anos e onze meses de prisão. Já Ademir Cramolish Palombo deve cumprir 6 anos e cinco meses. O empresário também foi denunciado por envolvimento no homicídio do garagista Carlos Reis de Medeiros, o Alma.
Erick do Nascimento Marques e Rodney Gonçalves Medina foram condenados a 12 anos e três meses cada um. Douglas de Lima de Oliveira foi condenado a cinco anos e três meses. Ele também foi sentenciado em junho deste ano pelo assassinato de Christian de Queiroz Oliveira.
Já Fernando Henrique Souza dos Santos, Frank Santos de Oliveira, Bruno Ascari, Ademar Almeida Ribas, Adriano Diogo Veríssimo, Wellington Souza de Lima e Márcio André Rocha Faria foram sentenciados a quatro anos e um mês de prisão cada.
A decisão é assinada pela juíza Eucélia Moreira Cassal, da 3ª Vara Criminal de Campo Grande, que absolveu Darli Oliveira Santander e Natoni Lima de Oliveira, pais de Douglas. O casal também foi alvo da Operação Snow.
Denúncia – Em janeiro deste ano, 21 alvos da operação foram denunciados à Justiça por organização criminosa, tráfico de drogas, lavagem de capitais, corrupção, entre outros crimes. Chegar a mais pessoas foi possível após análise dos dados extraídos dos telefones celulares de Joesley da Rosa, identificado como líder da quadrilha, e de Rodney Gonçalves Medina.
Entre os "golpes" da organização criminosa, com vistas a camuflar cargas de entorpecentes, está o uso até de caminhão de empresa terceirizada dos Correios. Além disso, havia responsáveis por desativar, nos caminhões usados, os aparelhos das companhias de transporte que emitem sinais de geolocalização, de modo a impedir o rastreamento do veículo durante o transporte da droga.
A investigação apontou ainda que a droga era transportada de Ponta Porã a Campo Grande e depois distribuída para o restante do país. Policiais civis levavam o entorpecente em viaturas oficiais e faziam escoltas de caminhões carregados com cocaína.




