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Capital

Porte físico e distância percorrida explicam como agiu o assassino de Carla

Marcos André Vilalba de Carvalho está preso pelo crime, cometido duas semanas atrás

Marta Ferreira | 16/07/2020 10:55
Marcos André, asassino confesso de Carla Santana Magalhães. (Foto: Direto das Ruas)
Marcos André, asassino confesso de Carla Santana Magalhães. (Foto: Direto das Ruas)

Assassino confesso de Carla Santana Magalhães, o servente de pedreiro Marcos André Vilaba de Carvalho, de 21 anos, tem pelo menos 1,80 m de altura, e compleição física bem maior do que ela.  Pesa mais de 80 quilos.

Essa não é uma descrição física aleatória e sim elemento relevante para a investigação sobre o feminicídio da jovem, pelo qual Marcos André está preso desde esta terça-feira(14).

A reportagem obteve foto do assassino confesso, que as autoridades não divulgam em razão dos impedimentos da Lei do Abuso de Autoridade. É possível comparar vítima e algoz com as imagens.

Ouvindo fontes da área policial, o Campo Grande News levantou que o servente de pedreiro tem “plenas condições” de ter agido sozinho no crime. Carla, a vítima, era uma mulher de compleição física pequena, com pouco mais de 47 quilos e não chegava a 1,60 m de altura.

“São duas bolsas de cimento de 25 quilos, que é o que qualquer homem carrega”, compara um dos profissionais procurados.

Outro, atuante na área de perícia criminal, disse que ser “perfeitamente viável” para alguém do tamanho de Marcos André dominar a jovem sozinho e levar para a casa dele, a menos de 10 metros da residência de Carla.

“Ele pode ter aplicado um mata-leão”, cita um terceiro. Há, em vídeo com os gritos dela, evidências se que a voz dela foi sufocada.

O delegado responsável pelo inquérito, Carlos Delano, durante a entrevista coletiva que deu sobre o caso ontem, disse que o inquérito ainda não está fechado, que não exclui a possibilidade de haver envolvimento de mais alguém, mas também apontou a possibilidade de o criminoso ter agido sozinho como algo plausível diante da dinâmica do crime.

Delano acentuou a diferença de porte físico, citando que a vítima era uma mulher pequena. Também lembrou a proximidade da moradia de Marcos André e da vítima: nem 10 metros separam a casa. Outros 20 metros perfazem o trajeto até o comércio onde o corpo dela foi deixado, na varanda, três dias depois, com sinais de tortura, inclusive de violação sexual.

Mapa mostra proximidade entre casa de assassino e vítima e o local de desova do corpo. (Arte: Thiago Mendes)
Mapa mostra proximidade entre casa de assassino e vítima e o local de desova do corpo. (Arte: Thiago Mendes)

Não tem carro – O delegado também evidenciou que, pelos trabalhos policiais realizados, não foi usado veículo para o ataque, como se suspeitou de início. Quando o boletim de ocorrência foi feito, apontando o rapto de Carla, foi citado um carro e essa ideia ficou no imaginário, inclusive dos próprios investigadores.

Quando foi raptada, a vítima estava no caminho de volta do mercado para casa. Gritou por socorro, apelando para a mãe e o som foi registrado por câmera de segurança próximo do local.

Na imagem, é possível ver ao fundo a luz de um farol, e segundo apurado, ele vai no sentido inverso da casa de Carla e também do assassino, para onde, ela foi levada.

Durante a investigação, os policiais traçaram um raio de 500 metros, verificaram imagens de outras câmeras, localizaram dois veículos, mas foi constatado que nenhum deles tinha qualquer envolvimento com o ocorrido.

O trabalho policial então, reduziu o raio de pesquisa, entendendo que era mesmo alguém próximo que agiu a pé.

Nos depoimentos e entrevistas informais tomadas, o vizinho há havia sido apontado como alguém “estranho”. No dia em que Carla sumiu, ficou para trás o chinelo usado por ela, o celular e o pacote de café comprado. Foi achado no chão, perto do lugar, um cadeado. Ao mesmo tempo, verificou-se o portão vazio na casa alugada há cerca de 9 meses por Marcos André.

Equipes da DEH chegaram a entrevista-lo informalmente, mas naquele momento não figurou como suspeito direto. Ele continuou a rotina por dois dias, indo trabalhar e dormindo com o corpo da vítima debaixo da cama.

Na sexta-feira (3), diz ter saído para trabalhar e visto a movimentação de localização do corpo, mas nega se lembrar de ter colocado o cadáver ali. Alega ter tido apagões se lembrar apenas de, depois de ficar na frente de casa bebendo, ir atrás de Carla e, no dia seguinte, encontrar o corpo dela.

O rapaz afirma ser consumidor compulsivo de álcool. Ele está preso preventivamente, por feminicídio. Agora, a Polícia Civil tem 10 dias para concluir o inquérito, uma vez que se trata de réu encarcerado.

Marcos foi localizado na segunda-feira (13) por policiais do Batalhão de Choque. Ele correu para o corredor da casa ao ser abordado, os policiais entraram no lugar e encontraram com ele lençou sujo de sangue, que está sendo periciado para verificar se é de Carla. Na quarta-feira, foi procurado pela equipe da DEH (Delegacia Especializada de Repressão aos Crimes de Homicídio). Primeiro, não foi achado em casa, e sim na obra onde trabalhava. Foi ao imóvel com os policiais e lá, diante das controvérsias apresentadas, acabou confessando.

A prisão preventiva foi pedida pelo delegado e acatada pelo juiz Aluizio Pereira dos Santos, da 2ª Vara do Tribunal do Júri. O mandado vale até 2040.


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