Prefeitura debate adaptações, mas corredor será implantado na Bahia
Retirada de estrutura do projeto inviabiliza investimento de R$ 4,9 milhões do Pac Mobilidade
Obras de mobilidade ainda causam polêmicas entre moradores e comerciantes de Campo Grande. Obras iniciadas no final de 2019, para implantação de corredor de ônibus na Rua Bahia, preveem investimento de R$ 4,9 milhões, no entanto, preocupa o comércio da região pela supressão de vagas de estacionamento, por exemplo. A prefeitura está aberta a fazer adaptações, mas não pode mudar o teor do projeto do Pac (Programa de Aceleração do Crescimento) Mobilidade.
De acordo com o secretário municipal de Infraestrutura e Serviços Públicos, Rudi Fioresi, explica que foi justamente a implantação do corredor exclusivo para ônibus responsável por viabilizar o recurso do governo Federal. “Os corredores precisam interligar os terminais de ônibus, não adianta fazer num trecho e não fazer em outro”, explicou.
O projeto, segundo ele, visa melhorias no transporte público e com isto haverá necessidade de suprimir vagas de estacionamento na rua. “A gente entende, que num primeiro momento os comerciantes podem ter dificuldade, mas é só questão de adaptação”, explicou. Obras de recapeamento e drenagem, em alguns trechos da via, também estão entre as melhorias.
A primeira etapa do projeto será executada na Rua Bahia, entre as avenidas Afonso Pena e Mato Grosso. A ideia é viabilizar recursos para executar a obra no decorrer também da Avenida Coronel Antonino, e assim fazer todo o trecho de acesso até o Terminal Coronel Antonino.
Proprietários de restaurantes e lojas da região procuram a Associação Comercial na tentativa de viabilizar adaptações para evitar queda nos lucros, em decorrências das mudanças.
Primeiro-secretário da Associação Comercial, Roberto Oshiro, afirma que reunião entre prefeitura e comerciante está marcada para debater adaptações. Segundo ele, os conceitos técnicos não consideram particularidades e especificidades de cada uma das localidades.
“Uma coisa é fazer intervenção em ruas mais largas, com outro tipo de comércio, como na Bandeirantes, por exemplo. Outra coisa é você fazer isso ali no centro da cidade, na rua Bahia, que tem uma das principais ruas do comércio ali na transversal, que seria nossa Oscar Freire, a Euclides da Cunha”, argumentou.
Comerciantes – Embora pesquisas comprovem o aumento de pelo menos 20% na velocidade dos ônibus com a implantação dos corredores de ônibus, muitos comerciantes não vêm vantagem na estrutura.
José Santos, 63 anos, é um dos que vê as obras com incerteza. “A gente não sabe se vai melhorar, mas acho que vai diminuir o fluxo de veículos. Além disso, tira a condição do cliente parar aqui. Vai acabar com o estacionamento, Sem estacionamento prejudica. Fora que a gente precisa carregar e descarregar, como vamos fazer?”, questiona.
Comerciante na Avenida Coronel Antonino, Ivair Alves de Souza, já teme pelas consequências das mudanças e discorda do projeto. Segundo ele, mesmo no horário de movimento, o trânsito na avenida flui bem nas três pistas de rolamento. “Temos estacionamentos dos dois lados. São poucos pontos de ônibus que tem pouca demanda. Não justifica”.
Mesmo entre os usuários do transporte coletivo, o tema é controverso. A diarista Lays Soares de Souza, 31 anos, pega ônibus na Rua Bahia pelo menos uma vez na semana. "Acho desnecessário, tem muita coisa melhor para investir. Na Afonso Pena é um caso específico, lá precisava, aqui não. Aqui precisa melhorar a estrutura do asfalto e ter mais ônibus”, afirma.
Brilhante e Bandeiras – Primeiras vias a passarem por obras para implantação de corredores de ônibus, as ruas Guia Lopes, Brilhante e a Avenida Bandeirantes, na região do Taquarussu, receberam investimento de R$ 23,5 milhões do Pac Mobilidade. No entanto, o trecho de 12 quilômetros ainda não foi concluído.