ACOMPANHE-NOS     Campo Grande News no Facebook Campo Grande News no X Campo Grande News no Instagram
NOVEMBRO, SÁBADO  23    CAMPO GRANDE 32º

Capital

Prematuro, Miguel nasceu pelas mãos do pai no meio da Guaicurus

Bebê segue monitorado na UTI neonatal do HU, mas está bem; família ainda não acredita em parto tão natural

Paula Maciulevicius Brasil | 26/06/2021 09:53
Ainda no carro, enroladinho, Miguel no colo da mãe Adriana depois de nascer no meio da Avenida Guaicurus. (Foto: Arquivo Pessoal)
Ainda no carro, enroladinho, Miguel no colo da mãe Adriana depois de nascer no meio da Avenida Guaicurus. (Foto: Arquivo Pessoal)

Quem vê a tranquilidade com que os pais narram o nascimento de Miguel nem imaginam que o bebê já chegou fazendo história. A data prevista do parto era 24 de julho, mas o caçula da família quis fazer surpresa e nasceu com 35 semanas, dentro do carro no meio da Avenida Guaicurus, próximo ao UPA Universitário, na noite desta sexta-feira (25).

Com o chá de fralda programado para este sábado, a mãe do bebê, Adriana da Silva Dantas, de 39 anos, estava na igreja arrumando a decoração para receber os amigos, quando começou a sentir uma vontade estranha que parecia que era xixi, mas não era.

"Fui ao banheiro, não era xixi, voltei e senti novamente, fui de novo e voltei para fazer a decoração. Senti algo estourando dentro de mim, mas não doeu nada, como não saiu o líquido, achei que fosse só o bebê chutando", descreve.

Em questão de cinco minutos as contrações começaram a vir com força e Adriana conta que neste momento ligou para o marido e disse que estava entrando em trabalho de parto.

Bolsa maternidade e a saída da maternidade com o nome de Miguel. (Foto: Arquivo Pessoal)
Bolsa maternidade e a saída da maternidade com o nome de Miguel. (Foto: Arquivo Pessoal)

O pai do bebê, Márcio Dantas Júnior, de 28 anos, saiu do Bairro Los Angeles de carona com um vizinho, chegou até a igreja que fica no Parque do Sol e só teve o tempo de colocar a esposa no carro.

A ideia era de seguir para a maternidade Cândido Mariano, só que não teve tempo. Enquanto estava na Avenida Guaicurus, próximo ao UPA do Universitário, Márcio ouviu da esposa a afirmação: "vai nascer".

"Eu já tinha ligado o pisca-alerta, estava acelerando, duas quadras do UPA ela disse: 'está nascendo', eu parei o carro no meio da avenida, abri as portas e foi ali mesmo o parto", descreve.

Ele pegou o bebê assim que Miguel nasceu e fez uma manobra ao perceber que o menino não respirava. "Ele soltou um líquido e começou a chorar certinho. Aí dali já fomos direto para o UPA", conta.

Lá, o pai diz que foi tão bem atendido pelos enfermeiros, médicos, toda a equipe recebeu a família de imediato, limpou e cuidou de Adriana, além de fazer os primeiros atendimentos ao recém-nascido.

O tempo entre as contrações de Adriana ritmarem e o bebê nascer, o pai calcula que tenha sido de 20 minutos. "Começou 8h20 da noite e 8h40 ele nasceu".

Este é o quarto bebê de Adriana, mãe que já tinha tido os dois primeiros filhos de parto normal e a última, de cesariana. Os planos da família era realizar outra cesárea, que eles vinham acompanhando no pré-natal certinho com um médico particular.

A calma com que o pai descreve o parto mostra que além da tranquilidade ele tinha informações sobre o nascimento e parto. "É porque eu sempre quis seguir na parte de Medicina, só que como não tinha condições, fui no que era mais próximo e me formei em Educação Física, mas sou curioso. Desde a nossa menina eu fui em todas as consultas, exames, isso me ajudou bastante".

O pai também atribui a Deus o fato de ter conseguido, naquele momento, manter a calma e o foco. "Na hora, você nem sabe explicar, Deus me usou naquele momento, porque fiquei calmo, nunca fiz isso, só tinha pesquisado e lido, mas fui uma coisa que fui fazendo. Fiz os primeiros socorros, consegui tirar o cordão umbilical do pescoço. Eu só comecei a tremer de nervoso quando ele começou a chorar, depois que já tinha passado tudo".

Internados no Hospital Universitário desde às 23h de ontem, mãe e filho passam bem. O bebê está na UTI neonatal por ser prematuro.

A mãe, Adriana, lembra que o nome foi sugerido por uma vizinha, que anunciou a vinda de Miguel.

Um dia ela me disse: 'então Miguel vem aí?' E eu nem tinha me tocado ainda do nome e nem tinha 100% de certeza que era um menino, mas todas as profecias indicavam que sim", relembra Adriana.

Adriana não planejava parto normal, achava que o bebê esperaria os últimos exames para então marcarem a cesariana. Depois do nascimento, ela descreve os sentimentos como alívio e ao mesmo tempo preocupação até chegar a um atendimento médico.

"Senti medo, queria chegar num posto de saúde, no hospital mais próximo para examinar", completa.

Questionada sobre como vai contar a história do nascimento ao filho, Adriana brinca: "da mesma forma que contamos a você, ele vai ficar surpreso de saber que nasceu no carro".

Nos siga no Google Notícias