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Capital

Presidente da Omep é solta, mas está proibida até de falar com o filho

Maria Aparecida Salmaze, presa pelo Gaeco na terça-feira, também não pode acessar contas bancárias da entidade e voltar à sede da instituição; o filho dela é um dos investigados

Anahi Zurutuza | 16/12/2016 16:33
Maria Aparecida, quando foi presa na terça-feira (Foto: Marcos Ermínio)
Maria Aparecida, quando foi presa na terça-feira (Foto: Marcos Ermínio)

Três dias após ser presa por supostamente integrar esquema criminoso para o desvio de dinheiro dos cofres municipais por meio de contratações de terceirizados, a presidente da Omep (Organização Mundial pela Educação Pré-Escolar), Maria Aparecida Salmaze, conseguiu um habeas corpus. Ela saiu do Presídio Feminino Irmã Irma Zorzi, em Campo Grande, na tarde desta sexta-feira (16), segundo o advogado Tiago Bunning Mendes.

O alvará de soltura foi expedido pelo desembargador Ruy Celso Barbosa Florense, que impôs restrições para que a investigada fique em liberdade. A reportagem não conseguiu contato com A Agepen (Agência Estadual de Administração do Sistema Penitenciário) para confirmar a soltura de Maria Aparecida.

Ela está proibida de volta à sede da Omep, que fica no bairro Tiradentes – no leste da Capital – ou outros imóveis que pertençam à entidade, para que não tenha acesso a possíveis provas que estejam nestes locais.

A dirigente também não pode acessar as contas bancárias da instituição e ter qualquer contato com os investigados pela Operação Urutau, inclusive o filho dela, Hélio Corrêa Junior.

Por fim, o desembargador determinou que Maria Aparecida entregue à Justiça o passaporte dela e que não se ausente da Capital sem a devida permissão.

Para conseguir o habeas corpus, os advogados da presidente, Laudson Cruz Ortiz e Tiago Mendes, alegaram que ela é idosa, réu primária, tem endereço fixo e que não teria motivos para atrapalhar o trabalho do Gaeco (Grupo de Atuação Especial de Combate ao Crime Organizado).

Selfie tirada por Maria Aparecida em um dos embarques (Foto: Facebook/Reprodução)
Selfie tirada por Maria Aparecida em um dos embarques (Foto: Facebook/Reprodução)

‘Volta ao mundo’ – Maria Aparecida trabalha na Omep há 23 anos – desde 1993 – e está no comando da entidade desde 2008. Ela foi presa pela força-tarefa comandada pelo Gaeco que apura crimes de improbidade administrativa, peculato (desvio de dinheiro público), associação criminosa, lavagem de dinheiro e falsidade ideológica.

A “volta ao mundo” que a presidente deu em cinco anos foi um dos fatores que chamou a atenção do Gaeco. Em cinco anos, ela esteve em ao menos 12 países, conforme consta em um dos inquéritos civis relacionado à Omep e também nos check-ins feitos por ela no Facebook.

Para conseguir os mandados de busca e de prisão contra a dirigente, cumpridos na terça-feira (13), o Gaeco argumentou que “as apurações mostram também que alguns investigados possuem histórico de viagens internacionais e padrão de vida incompatível com a remuneração que recebem”.

Gaeco também cumpriu mandado de busca e apreensão na sede da Omep (Foto: Marcos Ermínio)
Gaeco também cumpriu mandado de busca e apreensão na sede da Omep (Foto: Marcos Ermínio)

Operação – A Urutau é resultado de investigações sobre os desvios de recursos dos cofres municipais, por meio das Omep e da Seleta, que terceirizam mão-de-obra e serviços para a Prefeitura de Campo Grande. A suspeita é que as entidades eram usadas na contratação de “fantasmas” e que os prejuízos cheguem à casa dos milhões.

Nesta terça-feira, o trabalho das equipes comandadas pelo Gaeco começou no início da manhã. Além da presidente da Omep, Ana Claudia Pereira da Silva, que atuaria como chefe do departamento pessoal na Seleta Sociedade Caritativa e Humanitária, e Kelly Ribeiro Pereira, coordenadora da creche Nossa Senhora do Perpétuo Socorro, foram presas.

O Gaeco cumpriu os 14 mandados de busca e apreensão nas sedes da Seleta e da Omep, no gabinete da vereadora Magali Picarelli (PSDB), na creche, em uma empresa, um instituto de formação e na casa do presidente da Seleta, dentre outros locais.

Além disso, sete pessoas foram levadas até a sede do Grupo de Combate ao Crime Organizado para depor: o presidente da Seleta, Gilbraz Marques, a vereadora Magali Picarelli, além de Elcio Paes da Silva, Wenrril Pereira Rodrigues, Eder Tulio Bezerra Pereira (filho de Kelly), Aliny Aparecida de Souza, tesoureira da Omep, e Rodrigo Messa, genro da presidente da Omep e que já ocupou o comando da entidade.

O filho de Maria Aparecida não foi alvo da força-tarefa nesta semana, mas segundo o desembargador Ruy Celso ele é um dos investigados.

As ordens de prisão, busca e condução coercitiva foram expedidos pelo juiz Mario José Esbalqueiro Junior, quando ele estava vinculado à 1ª Vara das Execuções Penais de Campo Grande.

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