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Capital

Presidente da Omep foi presa pelo Gaeco, que apura desvios milionários

Além de Maria Aparecida Salmaze, funcionária da Seleta e a coordenadora da uma ONG também estão presas temporariamente

Anahi Zurutuza | 13/12/2016 19:00
Maria Aparecida deixando a sede da Omep, pela manhã; ela disse, na ocasião, que não sabia do que se tratava a operação (Foto: Marcos Ermínio)
Maria Aparecida deixando a sede da Omep, pela manhã; ela disse, na ocasião, que não sabia do que se tratava a operação (Foto: Marcos Ermínio)
Integrante do Gaeco, que também cumpriu mandado de busca e apreensão na Omep (Foto: Marcos Ermínio)
Integrante do Gaeco, que também cumpriu mandado de busca e apreensão na Omep (Foto: Marcos Ermínio)

A presidente da Omep (Organização Mundial para Educação Pré-Escolar), Maria Aparecida Salmaze, Ana Claudia Pereira da Silva, que atuaria como chefe do departamento pessoal na Seleta Sociedade Caritativa e Humanitária, e Kelly Ribeiro Pereira, coordenadora da creche Nossa Senhora do Perpétuo Socorro, são as três pessoas que tiveram a prisão temporária decretada a pedido do Gaeco (Grupo de Atuação Especial de Combate ao Crime Organizado) nesta terça-feira (13).

Elas são alvos da Operação Urutau, que investiga desvios de recursos dos cofres municipais, por meio das entidades, que chegam à casa dos milhões .

Consta no pedido dos três mandados de prisão, sete de condução coercitiva e 14 de busca e apreensão, que os investigados fariam parte, direta ou indiretamente, de associação criminosa com a finalidade de lucrar em cima das terceirizações oferecidas pelas duas instituições.

O Gaeco argumentou para obter os mandados que “descobriu-se nas investigações que muitos servidores contratados não prestam serviços em atividades ligadas aos convênios e outros vários sequer trabalham para a Seleta, tratando-se de funcionários ‘fantasmas’”, por exemplo.

Além disso, uma das entidades usada notas fiscais frias para justificar o pagamento por serviços variados, alguns com valores elevados, que teriam sido prestados nos Ceinfs (Centros de Educação Infantil) da Capital. “A outra entidade reforçava a conduta duradoura e orquestrada de um grupo criminoso”, completou o Gaeco.

Segundo o Grupo de Combate ao Crime Organizado, entre 2011 e 2015 – período em que Campo Grande teve três prefeitos –, só a Seleta “procedeu vultuosos saques de dinheiro para pagamento de pessoal e fornecedores, que chegariam ao montante de R$ 26,5 milhões”, o que para os investigadores da “tropa de elite” do MPE (Ministério Público Estadual), indicam “a possibilidade de desvio de valores”.

Promotores alegaram ainda que alguns dos investigados tinham padrão de vida incompatível com os rendimentos e que faziam viagens internacionais com frequência, o que seria mais uma evidência dos desvios. “No curso das investigações, descobriu-se que as práticas abominadas persistem”, continuou o MPE.

Para o Gaeco, em resumo, a Seleta e a Omep “são utilizadas para desvios de dinheiro público, com a contratação fictícia de empresas e pessoas”.

Buscas foram feitas na sede da Seleta, pela manhã (Foto: Fernando Antunes)
Buscas foram feitas na sede da Seleta, pela manhã (Foto: Fernando Antunes)
O promotor Marcos Alex Veras (de terno), deixando a sede da Seleta, após comandar varredura (Foto: Fernando Antunes)
O promotor Marcos Alex Veras (de terno), deixando a sede da Seleta, após comandar varredura (Foto: Fernando Antunes)

Parentes – Duas das pessoas investigadas são da família um “integrante da Câmara Municipal” e “eram beneficiadas com os desvios do dinheiro público, mesmo sendo empresárias”, apontou o Gaeco em mais um trecho da petição feita à Justiça.

Além dessa, outras relações de parentescos foram descobertas pelos investigadores e, em todos os casos, “‘os fantasmas’ recebiam dinheiro público indevidamente”.

Crimes de improbidade administrativa, peculato, associação criminosa, lavagem de dinheiro e falsidade ideológica foram elencados como motivos para a expedição dos mandados.

Operação – O trabalho das equipes comandadas pelo Gaeco começou no início da manhã. Além de quatro promotores, 36 policiais militares que auxiliaram na ação, estiveram nas sedes da Seleta e da Omep, no gabinete da vereadora Magali Picarelli (PSDB), na creche Nossa Senhora do Perpétuo Socorro, em uma empresa, um instituto de formação e na casa do presidente da Seleta, dentre outros locais.

Foram alvos dos mandados de condução coercitiva o presidente da Seleta, Gilbraz Marques, a vereadora Magali Picarelli, além de Elcio Paes da Silva, Wenrril Pereira Rodrigues, Eder Tulio Bezerra Pereira, Aliny Aparecida de Souza, tesoureira da Omep, e Rodrigo Messa, genro da presidente da Omep e que já ocupou o comando da entidade.

Os mandados foram expedidos pelo juiz Mario José Esbalqueiro Junior, quando ele estava vinculado à 1ª Vara das Execuções Penais de Campo Grande.

As presas seriam encaminhadas para o Presídio Feminino Irmã Irma Zorzi, na Capital.

Prefeitura – Até agora, a Prefeitura de Campo Grande não se manifestou sobre o assunto. Por meio da assessoria de imprensa, a administração municipal informou que não foi alvo da operação e que só comentaria quando conseguisse saber do que se tratava a ação.

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