Protetoras protestam contra suspensão de castrações de animais resgatados
Grupo cobra retorno de castrações exclusivas para protetoras independentes e ONGs em Campo Grande

Cerca de 60 pessoas, a maioria mulheres carregando cartazes, se reuniram na manhã desta quarta-feira (20) em frente à sede da Subea (Superintendência de Bem-Estar Animal), na Rua Rui Barbosa, região central de Campo Grande. O protesto foi convocado pela Comissão Permanente de Trabalho em Prol dos Animais contra a suspensão dos atendimentos exclusivos para protetoras independentes e organizações da sociedade civil, serviço considerado essencial para o controle populacional de cães e gatos e a prevenção de zoonoses.
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Protetoras de animais protestam contra redução de castrações em Campo Grande. Cerca de 60 pessoas se manifestaram em frente à sede da Subea contra a diminuição de 99% nos atendimentos. A prefeitura reduziu o serviço após corte de 25% nos gastos públicos, limitando as castrações a dez animais por protetora, contra 250 anteriormente. O grupo reivindica a retomada do atendimento semanal exclusivo, alegando prejuízo ao controle populacional e à saúde pública. A redução dificulta o trabalho de mais de 200 protetoras, que temem aumento no abandono e na circulação de animais doentes. A Subea afirma que houve remanejamento, não corte total, e que 200 castrações mensais estão sendo realizadas para protetoras, além do atendimento à população em geral.
O grupo cobra da prefeitura a retomada dos atendimentos semanais, interrompidos após a publicação do decreto municipal nº 16.313/2025, que determinou corte de 25% nos serviços públicos. Na prática, a medida reduziu em quase 99% a capacidade de atendimento das protetoras. Antes, elas tinham às quartas-feiras exclusivas para encaminhar animais à castração, com média de 250 procedimentos por dia. Agora, o acesso se restringe ao programa itinerante, limitado a 10 animais por protetor ou ONG cadastrada, com dias distribuídos entre segunda e sexta-feira.
“Todos os animais que nós doamos precisam ser castrados. Só no último fim de semana, foram mais de 40 adoções. Com a suspensão, isso vai atrapalhar não só a vida das protetoras, mas também a saúde pública”, afirmou a representante do movimento, Dani Matos dos Reis, de 49 anos.

Segundo ela, o novo modelo coloca mais de 200 protetoras para disputar poucas vagas. “Foram retirados mais de 90% das nossas castrações. Se hoje consigo agendar 10 animais, quando será a próxima vez? Daqui seis meses?”, questionou.
Entre as manifestantes estava Juliana Zanoni, 42 anos, que há um ano atua como protetora. Com sete animais sob sua responsabilidade, dois gatos e cinco cães, ela critica a redução drástica no número de castrações. “Nunca foram vagas à vontade, só queremos o que nos foi prometido. Avisaram de última hora e não levam nosso trabalho a sério”, desabafou.

A babá Muriel Benites, 52, que cuida de 20 cães resgatados, reforçou a indignação. “É uma falta de respeito com as protetoras, um descaso. Querem tirar o que é dever deles e empurrar para nossas casas, mas não temos estrutura. Precisamos de uma instituição”, disse.
Já a médica veterinária Layrez Reis, que auxilia feiras de adoção e acompanha o trabalho das protetoras, alertou para o impacto da decisão. “Existe um estudo que preconiza a quantidade mínima necessária para reduzir a população de cães e gatos de rua. Hoje, nem esse valor é atingido. O resultado será mais abandono e mais animais doentes circulando pela cidade”, explicou.

Em nota de esclarecimento, a Subea informou que não houve corte total, mas um remanejamento dos atendimentos, que agora estão limitados a cinco protetoras por período, com até cinco animais cada, o que representa 200 procedimentos mensais. O órgão afirmou ainda que já realizou mais de 9.000 castrações em 2025 e que o novo formato deve ser retomado em setembro.
A superintendência destacou que os atendimentos seguem em andamento para a população em geral, de segunda a sexta-feira, com distribuição de 15 senhas por período, 10 para consultas e cinco para castrações, na Ubea (Unidade de Bem-Estar Animal) e no consultório móvel. Para ter acesso ao serviço, é necessário apresentar documento com foto e comprovante de residência.

Enquanto isso, as protetoras prometem manter a mobilização e já lançaram uma petição online para pressionar a prefeitura. “Cinco anos de trabalho árduo foram jogados fora com essa redução. É um retrocesso”, lamentou Dani Reis diante de um cenário que, segundo as manifestantes, reflete “desespero e abandono”.
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