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Capital

Rapaz alega "raiva incontrolável" ao ver beijo e que por isso decidiu matar ex

Messias Cordeiro se entregou ontem, após matar Luan Roberto e atirar na ex-namorada, que está em estado grave

Dayene Paz e Viviane Oliveira | 01/05/2023 11:39
Arma utilizada no crime, apreendida pela polícia. (Foto: Divulgação)
Arma utilizada no crime, apreendida pela polícia. (Foto: Divulgação)

Após se entregar à polícia, Messias Cordeiro da Silva, de 25 anos, foi interrogado na noite deste domingo (30) e confessou o crime. Ele se disse tomado por "raiva incontrolável" ao ver a ex-namorada, Karolina Silva Pereira, 22 anos, beijando Luan Roberto de Oliveira Oliveira, 24, e atirou contra os dois. Luan morreu no local e Karolina está internada em estado grave.

O crime ocorreu por volta de 2h50 deste domingo, no Jardim Colibri, em Campo Grande. Ao tomar conhecimento dos fatos, equipes da Deam (Delegacia Especializada de Atendimento à Mulher) foram às ruas para encontrar Messias, que fugiu em uma motocicleta. Em menos de 18 horas, ao ver o cerco se fechando, decidiu se entregar, acompanhado de advogado.

Na manhã desta segunda-feira (1º), as delegadas, titular Elaine Benicasa e Analu Ferraz, concederam informações sobre a investigação em uma coletiva de imprensa. Segundo a polícia, Messias e Karolina mantiveram um relacionamento amoroso por oito meses, que acabou há cerca de uma semana e meia.

Contudo, segundo Messias falou durante interrogatório, o casal continuou mantendo conversas pelo Whatsapp. "Mas a vítima passa a rejeitá-lo, então ele comparece por algumas vezes na residência dela, esperando chegar do trabalho, às vezes na companhia de Luan. Inclusive, presencia carícias, alguns beijos e decide, a partir de então, retirar a vida de Karolina", explica Benicasa.

Messias em foto postada no Instagram. (Foto: Redes sociais)
Messias em foto postada no Instagram. (Foto: Redes sociais)

Messias não fazia ameaças e, até então, havia apenas discussões. Por algumas vezes, foi até a casa da ex, esperou que Luan saísse e em seguida discutia com ela, perguntando se mantinha relacionamento com outras pessoas. Já na madrugada deste domingo, Messias foi ao local com uma arma calibre 38, estacionou a moto perto e ficou de tocaia, debaixo de uma árvore.

Tiros - Por volta das 2h50, Karolina chega na companhia de Luan. "Presencia ambos se beijando, de acordo com ele, se toma por uma raiva incontrolável e logo em seguida aparece. Ele desfere um tiro na Karolina, que atinge seu pescoço. Luan tenta intervir, momento em que volta arma de fogo para o Luan e atira", discorre Benicasa. Luan cai no chão e Karolina tenta fugir. "Pelas costas, ele acerta mais um tiro certeiro na cabeça da vítima".

Fuga - Na sequência, Messias corre até a motocicleta e, segundo o interrogatório, tenta tirar a própria vida. "Desferindo duas vezes com a sua arma, mas não consegue. Então, ele liga para a mãe, que pede que volte para casa e lá conversa com outros familiares", conta a titular.

Segundo a delegada que está à frente do caso, Analu Ferraz, ao chegar na casa, a mãe de Messias aciona o pai do rapaz. "Ligou para o pai dele dizendo que tinha feito uma cagada matado a menina e estava precisando de apoio. Nesse momento, Messias sai da casa da mãe andando pela BR escondido, até a chácara do pai, que é perto. Quando viu o carro do pai, ele sai do mato e entra no carro", revela.

Lá, o pai escondeu Messias no matagal, porque a polícia já tinha ido até o endereço, e encobre também a arma do crime, que foi posteriormente localizada no chiqueiro da propriedade. "Já havíamos feito vários pedidos, como a geolocalização do celular do Messias para localizá-lo. Também ouvimos a mãe, se prontificou a nos ajudar, mas vimos que ela estava entrando em contradição", conta.

Analu e as equipes passaram a ouvir outros familiares e foram novamente à casa do pai. "Percebemos que estava dando apoio na fuga e como viu o cerco fechando, pediu apoio para a irmã, tia do Messias", diz. Messias, então, se escondeu na casa da tia com ajuda de um primo. "Os familiares, mesmo sabendo do que ele fez, conseguiram escondê-lo", pondera a delegada, que também afirma não acreditar que Messias tinha a intenção de se matar.

Como viu o cerco fechando, Messias e o primo procuraram um advogado e ele se entregou na Deam, por volta das 20h30 de ontem. Messias será indiciado por homicídio qualificado pelo motivo fútil, emboscada e pela impossibilidade de defesa da vítima, no caso de Luan Roberto. Já de Karolina, responderá por tentativa de feminicídio. A garota está internada em estado grave na Santa Casa, que já abriu protocolo de morte encefálica.

Os familiares podem responder por ter ajudado a esconder Messias. O pai por favorecimento pessoal, pois escondeu a arma do crime. Já primo e tia por favorecimento real. Na ocasião, o pai de Messias acabou preso em flagrante por posse ilegal de uma espingarda modificada para calibre 22.

Entenda - Luan Roberto era motoentregador de uma pizzaria, localizada no Bairro Guanandi, e era a quinta vez que acompanhava a colega de trabalho até em casa, porque ela já relatava medo de ir sozinha. Eles saíram da pizzaria e em frente a casa dela, no Jardim Colibri, foram surpreendidos por Messias.

Marcas de sangue em frente ao imóvel onde ocorreu crime. (Foto: Paulo Francis)
Marcas de sangue em frente ao imóvel onde ocorreu crime. (Foto: Paulo Francis)

Luan foi atingido no tórax, socorrido pelo Samu (Serviço de Atendimento Móvel de Urgência), mas não resistiu e morreu no local. O sepultamento ocorreu na manhã de hoje.

Frieza - Após atirar em Karolina e Luan, o assassino ligou para a mãe da menina, confessando o crime, e mandou mensagens de áudio. "Queria saber como ela tá? (sic)". Em seguida, afirma para a mulher que atirou na filha dela. (ouça abaixo)



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