Reitora é acusada de montar chapa e tentar desmontar oposição na UFMS
A eleição do novo comando da Adufms (Associação dos Docentes da Universidade de Mato Grosso do Sul) está movimentando os corredores dos principais centros acadêmicos da UFMS (Universidade Federal de Mato Grosso do Sul). A reitora Célia Maria Oliveira está no centro da polêmica. Ela é suspeita de estar por trás de uma das chapas e é acusada de pressionar professores a ficar de fora da disputa para inviabilizar os concorrentes.
Nesta terça-feira (8), a Comissão Eleitoral oficializou três chapas na disputa. Uma representa a situação, outra a oposição e uma a suposta tropa de choque da reitora. Duas foram homologadas e o grupo da oposição tem até amanhã (9) para conseguir um representante do centro universitário de Três Lagoas para se viabilizar na corrida eleitoral.
De acordo com o estatuto, cada chapa precisa obrigatoriamente ter um nome dos centros onde há representação da Adufms, no caso Campo Grande, Três Lagoas, Aquidauana e Corumbá. A turma da oposição não tem ninguém de Três Lagoas, justamente a cidade onde Célia Maria começou sua carreira acadêmica.
Nos corredores da federal, a informação que circula é que a reitora vem pressionando os professores do município a ficar de fora da disputa. Com medo de perseguição e de ficar sem privilégios, os profissionais nem querem ouvir falar na corrida eleitoral e muito menos pensam em integrar a chapa de oposição.
Professores de Campo Grande, que pediram segredo na identidade por medo de retaliações, afirmam que a reitora tem vários meios de “convencer” os docentes a ficar de fora da disputa. Ela, por exemplo, pode cortar ou muito menos aprovar projetos de pesquisa, liberar mestrado, doutorado ou passagens aéreas para participar de congressos.
Interferência – Já a suspeita de estar por trás da chapa “Inovação” é falada abertamente na universidade. Segundo o professor Marco Aurélio Stefanes, um dos membros da chapa de oposição, denominada “Autonomia Sindical”, a suspeita se evidencia nos nomes dos concorrentes. “A maioria tem cargo na administração, nomeado pela reitora”, explicou.
Como exemplo, ele citou o caso do presidente da chapa “Inovação”, Amâncio Rodrigues da Silva Júnior, que ocupa o cargo de coordenador de obras da UFMS. Já o secretário-geral, Auri Claudionei Matos Frubel, é diretor do centro universitário de Aquidauana.
Presidente da Comissão Eleitoral, o professor Silvio Lobo afirmou que, por enquanto, não há denúncia formal contra a reitora. Ele explicou ainda que o estatuto não impede cargos de confiança de entrarem na briga pelo comando da Adufms. “Todo pleito eleitoral é momento de tensão”, minimizou.
Poder – Para ele, a disputa acirrada é resultado do “poder de influência da associação na política de gestão da universidade”. “A Adufms tem representação nacional e ajuda, por exemplo, a definir os rumos da carreira”, exemplificou.
A posição da associação no debate sobre a última greve, inclusive, foi a culpada pelo racha da entidade. Um grupo de professores não teria aprovado a decisão da direção de ser contra a paralisação, em consenso com a Proifes (Federação de Sindicatos de Professores de Instituições Federais de Ensino Superior), ligada ao Governo Federal, e decidiu romper a parceria.
Também teria revoltado o grupo acordo salarial fechado, em comum acordo com a União. Atual presidente da associação e candidato a vice-presidente da chapa da situação, Paulo Roberto Haidamus de O. Bastos, seria diretor executivo da Proifes.