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Capital

Réu pede perdão a família de jovem decapitado no “tribunal do PCC”

Lucas Carmona, 20, foi o único dos seis indiciados a prestar depoimento, esta tarde (04), no julgamento sobre a decapitação de Rudnei da Silva Rocha, o “Babidi”, 22 anos, morto pelo PCC.

Adriano Fernandes e Geyse Garnes | 04/05/2018 19:02
Lucas Carmona (camisa branca) é o primeiro da esquerda para direita na imagem. (Foto: Fernando Antunes)
Lucas Carmona (camisa branca) é o primeiro da esquerda para direita na imagem. (Foto: Fernando Antunes)

Único dos seis indiciados a prestar depoimento, esta tarde (04), no julgamento sobre a decapitação de Rudnei da Silva Rocha, o “Babidi”, 22 anos, no "tribunal do PCC" (Primeiro Comando da Capital) em outubro do ano passado, Lucas Carmona de Souza, de 20 anos, pediu perdão aos familiares do rapaz.

Durante o depoimento de hoje, no plenário do tribunal do júri, o jovem ainda confirmou a versão dada anteriormente em depoimento na delegacia, de que não teria ajudado na contenção da vítima, apesar de ter sido "acionado" para função. 

“Peço perdão para familia desse rapaz. Não posso imaginar a dor dessa mãe. A dor que é perder um filho”, comentou. Quando confrontado pelo juiz Carlos Alberto Garcete de Almeida ele negou a participação com o caso em um primeiro momento, mas em seguida deu detalhes sobre a logistica dos fatos na data do assassinato do rapaz. 

Segundo Lucas, após pedido de Cristina, por telefone, para que ele ajudasse na contenção da vítima, ele e Mike, foram até a residência no São Conrado. Segundo ele, a vítima já estava no endereço quando eles chegaram.“Não precisou fazer a contenção dele e nem amarrar. Eu entrei comprimentaando ele”, diz.

Lucas conta que durante o período em que esteve na residência, além de beber, também se aproximou de Rudinei. “Ele me disse que tinha avisado a mãe e esposa dele de que tinha ido ao São Conrado para esclarecer uma ideias. Porque tinha um pessoal nas Moreninhas, onde ele morava, ameçando ele de morte”, contou Lucas, a respeito da principal justificativa pela morte do rapaz, dada pelo PCC, de que ele estava vendendo drogas para o grupo rival, Comando Vermelho.

O jovem relatou que por estar muito embriagado, teve de ser banido de participação no crime, já que uma das regras da facção nesse tipo de atentando é de que todos os participantes estejam lúcidos.

Cristina recebeu ordens de um outro envolvido para que Lucas saísse do local. Seu substituto no julgamento seria Roberto Railson Maia da Silva, de 21 anos. “Antes de ir embora eu disse para ele ficar tranquilo. Que ele ia sair de lá e que nada ia acontecer com ele”, pontua. 

Lucas ainda relatou o último pedido de Rudnei e que precedeu um abraço . “Ele me pediu para ficar, me deu um abraço e então eu disse que tudo ia ficar bem. O Babidi não fazia parte de nehuma facção, nem PCC ou Comando. Era um garoto que só fazia os ‘corre’ dele”, acrescenta.

Lucas Carmona está preso no instituto penal de Campo Grande, segundo ele, no mesmo pavilhão dos primos de Babidi. “Vim aqui para falar a verdade e não tenho medo da facção, da polícia e nem da família dele por que tenho o meu Deus. Depois de tudo isso que aconteceu pude acordar e ver com quem eu estava me envolvendo, com quem estava me enturmando. O que fizeram com ele foi covardia", conclui.

Próximos depoimentos – Os outros cinco acusados no crime: Valdeir Lourenço, 44 anos, Rodrigo Roberto Rodrigues, 18 anos, Roberto Railson Maia da Silva, 21 anos, Cristina Gomes Nogueira Rodrigues, 31 anos, Mike Davison Medeiros da Silva Lima, 19 anos, prestam depoimento a justiça só em 8 de junho. 

A sétima envolvida Ayumi Chaves da Silva, 21 anos, está foragida. Ela cumpria prisão domiciliar pelo crime, com tornozeleira eletrônica, mas fugiu. No procedimento desta sexta-feira (04), um terço das testemunhas que deveriam ser ouvidas, faltaram ou justificaram ausência. No total seriam interrogada 22 pessoas, porém oito não compareceram. Destas, sete foram dispensadas pela defesa e MPE (Ministério Público Estadual).

Tribunal do PCC - Segundo a denúncia, nos dias 6 e 7 de outubro do ano passado, na Rua Internacional, no Jardim Santa Emília, os acusados mantiveram a vítima em cárcere privado até que fosse feito o julgamento dela pelo tribunal do crime. Rudnei foi condenado e decapitado porque era traficante de drogas e integrante do PCC, porém teria se filiado ao Comando Vermelho, facção rival. Para executar o crime, Ayumi e Valdir Lourenço cederam suas casas para que o julgamento do rapaz fosse realizado.

Rodrigo Roberto e Cristiane levaram Rudnei até o local, enquanto Lucas e Mike foram os responsáveis por contê-lo. Após o encerramento do julgamento conduzido por Cristiane, em conferência com outros integrantes do PCC, determinou-se a execução do rapaz. Na ocasião, Roberto levou Rudnei amarrado até o banheiro e lá mandou que ele deitasse no chão, com a cabeça dentro do box e as pernas em direção à porta. Enquanto a vítima tentava reagir, mesmo com as mãos e os pés amarrados, foi segurada por Rodrigo e decapitada.

Na sequência, os dois deixaram o corpo enrolado em um cobertor com a cabeça decepada ao lado em uma estrada vicinal da região do Bairro Indubrasil. A ré Cristiane também é acusada de corrupção de uma adolescente de 17 anos que participou do crime emprestando a sua casa para que fosse realizado o julgamento, que ocorreu em vários locais para não levantar suspeita da vizinhança.

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