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Capital

Sobrevivente de ataque com 2 mortos pede meio milhão em indenização

Em 29 de fevereiro do ano passado, ex-guarda matou marido e amiga de vítima, que também foi ferida

Marta Ferreira | 17/05/2021 15:43
A cena do crime que deixou luto e sequelas na vida de técnica de enfermagem. (Foto: Arquivo/Campo Grande News)
A cena do crime que deixou luto e sequelas na vida de técnica de enfermagem. (Foto: Arquivo/Campo Grande News)

Sem poder trabalhar, com dores incapacitantes e em recuperação de luto difícil de enfrentar, a técnica de enfermagem Camila Telis Bispo, de 33 anos, trava batalha judicial por indenização da prefeitura. O valor solicitado passa de meio milhão de reais, como compensação pela tragédia imposta a Camila com uma arma da GCM (Guarda Municipal Metropolita na de Campo Grande).

A arma estava de posse do ex-guarda civil metropolitano de Campo Grande Valtenir Pereira da Silva, 32 anos, que invadiu a casa da técnica de enfermagem, no dia 29 de fevereiro de 2020, quando acontecia churrasco entre amigos. Naquela noite, ele matou a tiros a professora Maxelline da Silva dos Santos, 28 anos,  feriu mortalmente o marido de Camila, Steferson Batista de Souza, de 32 anos, e também atingiu a técnica de enfermagem.

Com um tiro na lombar, no lado esquerdo, Camila sobreviveu ao ataque. Mas até hoje enfrenta as consequências.

Em processo movido contra a prefeitura, o entendimento apresentado é de que o Poder Público municipal deve ser responsabilizado, pois o armamento foi cautelado a Valtenir pela GCM.

Na petição, foi solicitado o pagamento imediato de espécie de pensão, no valor de um salário mínimo, indenização de R$ 3 mil pelos custos com o sepultamento do marido, R$ 250 mil por danos morais e mais R$ 250 mil por danos existenciais.

Houve, conforme pontuado pela defesa, danos irreparáveis ao cotidiano da vítima, "atingindo sua forma de se relacionar e seus projetos de vida". Ela e Steferson viviam juntos desde abril de 2019 e planejavam constituir família.

"Como forma de suavizar a perda de seu marido abatido, o qual planejavam uma vida juntos de companheirismo e amor, já que nem em seu velório pode estar presente em decorrência de estar hospitalizada pelas lesões geradas pelo agente municipal", explicitam sobre as indenização os advogados Marco Antônio Novais Nogueira e José Bernardo Gurvitz.

Ao pedido emergencial de pagamento de pensão, o juiz Ricardo Galbiatti deu resposta negativa em decisão do dia 26 de fevereiro.

A Procuradoria Geral do Município, em sua manifestação, defendeu que não cabem os pedidos feitos, anexando documentação na qual relata todo o tramite feito para um guarda ter direito a usar arma.

Na peça, a procuradoria Viviane Moro defende que "a  responsabilidade Estatal não se faz presente, conforme alegado na inicial, pelo simples fato do acusado portar arma de fogo pertencente à corporação.

O acusado NÃO ESTAVA NA CONDIÇÃO DE AGENTE PÚBLICO quando efetuou os disparos em face das vítimas", escreve a procuradora.

Agora, o processo aguarda a análise do magistrado sobre as manifestações anexadas. Essa ação corre na esfera civil, na 3ª Vara de Fazenda Pública.

Valtenir em vídeo gravado quando se apresentou à Guarda, depois de seis dias escondido. (Foto: Reprodução de vídeo)
Valtenir em vídeo gravado quando se apresentou à Guarda, depois de seis dias escondido. (Foto: Reprodução de vídeo)

Criminal - Na área criminal, Valtenir é réu por feminicídio e homicídio qualificado, além de tentativa de homicídio, contra Camila. Os autos estão aguardando um relatório policial para o encaminhamento à fase de alegações finais de defesa e acusação. Depois, o juiz Carlos Alberto Garcete vai definir se o ex-agente de segurança pública vai a júri popular.

Depois do ataque ao churrasco onde estava a ex-mulher, o réu ficou seis dias foragido. Se entregou a guardas civis metropolitanos e desde então está preso, em cela do CT (Centro de Triagem) Anísio Lima, na saída para Três Lagoas).

Um dos últimos andamentos foi a anexação de laudo do Imol (Instituto de Medicina e Odontologia Legal), apontando que Camila Telis Bispo, mais de um ano depois de ser ferida pelo ex-guarda, ainda tem sequelas.

Ela tem dificuldades de movimento e dores intensas na região atingida. Está recebendo auxílio-doença da Previdência Social.


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