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Empregos

"Somos humanos": público LGBTQIA+ busca recomeço em feirão especial de empregos

Interessados procuraram cedo a Funsat hoje e podem sair com carteira assinada

Por Dayene Paz e Raíssa Rojas | 26/06/2025 08:56
"Somos humanos": público LGBTQIA+ busca recomeço em feirão especial de empregos
Pâmela, enquanto conversava com a equipe de reportagem. (Foto: Marcos Maluf)

Com a expectativa de sair da fila do desemprego e, quem sabe, ser tratada com dignidade, Pâmela Fernandes Ribas chegou cedo nesta quinta-feira (26) à sede da Funsat (Fundação Social do Trabalho), em Campo Grande. Mulher trans, corumbaense, sozinha na Capital e há três anos sem carteira assinada, ela resume o sentimento que permeia o Feirão de Empregos exclusivo para o público LGBTQIA+: esperança.

RESUMO

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Funsat realiza feirão de empregos exclusivo para o público LGBTQIA+ em Campo Grande. O evento oferece 300 vagas em 32 funções diferentes, com a participação de 19 empresas e possibilidade de contratação imediata. A iniciativa visa combater o desemprego e a exclusão que a população LGBTQIA+ enfrenta no mercado de trabalho. Candidatos como Pâmela Fernandes Ribas, mulher trans que enfrenta dificuldades para se inserir no mercado formal, veem no feirão uma oportunidade de mudança de vida. Além da empregabilidade, o evento busca promover a inclusão e o respeito à diversidade, com empresas oferecendo treinamentos, benefícios e flexibilidade de horários e salários. A Funsat reforça a importância da conscientização das empresas para a inclusão e acolhimento da população LGBTQIA+.

"Já fiquei morando até na rua. Aqui não tenho ninguém da minha família e dependo do Bolsa Família. Sinto muito preconceito. As pessoas olham diferente, como se não fôssemos humanos. Só quero uma vaga, não quero mais ficar desempregada", desabafa Pamela, de 32 anos.

O evento, realizado pela Funsat, oferece 300 vagas para pessoas LGBTQIA+ que, como Pâmela, enfrentam não só a crise econômica, mas também a exclusão e o preconceito na hora de procurar trabalho. Ao todo, 19 empresas participam do mutirão com possibilidade de contratação imediata em 32 funções, que vão de atendente a desossador.

"Somos humanos": público LGBTQIA+ busca recomeço em feirão especial de empregos
Pessoas aguardando atendimento na Funsat. (Foto: Marcos Maluf)

Nesta manhã, a fila se forma logo cedo na sede da Funsat, e o atendimento vai até o meio-dia. São distribuídas 200 senhas por ordem de chegada. Os candidatos escolhem a vaga de interesse e são encaminhados diretamente à empresa. Caso estejam com o cadastro desatualizado, já recebem orientação para atualizar e até emitir a carteira de trabalho digital no local.

Para muitos, como Naiara Talita Smith, de 20 anos, o feirão é mais que uma porta para o mercado. É também um ato de reconhecimento. "Já morei na rua e hoje estou abrigada no Cetremi. Fiquei sabendo da ação pela coordenadora. É uma oportunidade para nós, LGBTQIA+, sermos acolhidas e reconhecidas", disse ela, que também é corumbaense e busca qualquer vaga para recomeçar.

"Somos humanos": público LGBTQIA+ busca recomeço em feirão especial de empregos
Naiara busca oportunidade de trabalho na Funsar. (Foto: Marcos Maluf)

Mas, o preconceito ainda é uma realidade que atravessa os currículos e dificulta o acesso de pessoas LGBTQIA+ ao mercado formal. Pâmela sabe disso na pele. Apesar da experiência como cabeleireira, não conseguiu emprego na área porque os certificados ficaram na cidade natal. Agora, aposta nas vagas de serviços gerais. "Temos que pensar que somos seres humanos, somos todos iguais. Oportunidades como essa mostram isso", diz.

A diretora de vagas da Funsat, Denise Souza Moraes, explica que a ação vai além da empregabilidade. "O foco é a inclusão e o respeito. Não basta só contratar, é preciso acolher, dar espaço, mostrar que estamos abertos ao mundo deles", diz. Segundo ela, há flexibilidade para negociação de horário e salário durante o feirão, o que amplia as chances de contratação.

"Somos humanos": público LGBTQIA+ busca recomeço em feirão especial de empregos
Denise explica que feirão busca romper barreiras com o preconceito. (Foto: Marcos Maluf)

Treinamento, benefícios e contratação - Entre as empresas participantes está a Tahto, do setor de call center, com 50 vagas para operador de atendimento nos três períodos. O salário é de R$ 1.518, com benefícios como vale-transporte, refeição e acesso ao GymPass.

"A empresa oferece treinamento remunerado e já com todos os benefícios. Além disso, temos cartilhas de orientação sobre diversidade e ações internas para inclusão", explicou Keila Ramires, analista de RH da empresa.

Para o diretor-presidente da Funsat, João Henrique Bezerra, o impacto do feirão vai além da contratação. "Queremos mostrar que nossas portas estão abertas. Às vezes a própria pessoa cria uma barreira por medo da rejeição. As empresas também precisam dessa conscientização", pontua.

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