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Capital

Testemunha viu pai chutando filho que vai ficar 4 meses sem andar

Criança de 4 anos teve fratura no fêmur e se recupera de cirurgia na Santa Casa de Campo Grande

Por Anahi Zurutuza | 13/03/2024 17:45
Momento que vigilante deixa a DEPCA em camburão para ser levado a unidade com cela, no fim da tarde desta terça-feira (12) (Foto: Paulo Francis)
Momento que vigilante deixa a DEPCA em camburão para ser levado a unidade com cela, no fim da tarde desta terça-feira (12) (Foto: Paulo Francis)

Testemunha ouvida pela DEPCA (Delegacia Especializada de Proteção à Criança e ao Adolescente) diz ter visto o vigilante noturno, de 29 anos, chutando a perna do filho de 4 anos, além de agredir a criança com golpe na cabeça, na manhã desta terça-feira (12), horas antes do pai ser preso. Segundo o depoimento, logo após as agressões, o menino ficou sem conseguir andar.

A versão contraria o que o homem alegou à polícia ao confessar que havia batido no filho. O suspeito segue preso e responderá pelos crimes de maus-tratos e lesão corporal de natureza grave.

Enquanto isso, o garotinho se recupera de cirurgia na Santa Casa de Campo Grande. O Campo Grande News apurou que a operação aconteceu ainda na noite de ontem e durou cerca de 4 horas. Para corrigir fratura no fêmur (osso da coxa), foi preciso colocar pinos e a criança ficará 120 dias sem andar.

O caso chegou à DEPCA após a Polícia Militar ser acionada na UPA (Unidade de Pronto Atendimento) da Vila Almeida, onde a criança deu entrada na manhã de ontem, com queixa de dores na perna. O pai disse inicialmente que o filho teria caído de uma rede, mas a gravidade do ferimento levantou suspeita.

Além disso, enquanto o menino era atendido, a mãe chegou ao local brigando com o pai e a assistência social da UPA também recebeu informação que, na verdade, o garoto havia sido agredido pelo pai.

Garotinho em maca, durante atendimento médico (Foto: Direto das Ruas)
Garotinho em maca, durante atendimento médico (Foto: Direto das Ruas)

Versão do pai – Pressionado, o homem admitiu ter batido no filho e foi levado para a delegacia. Já em solo policial, o vigilante alegou que está separado da mulher e “cuidando” dos dois filhos – o mais velho, que ficou ferido, e o mais novo, de 2 anos – há 10 dias. Na manhã desta terça-feira, as duas crianças estavam no quarto e brigavam por um celular, segundo ele. No cômodo, há uma cama de casal, uma infantil e uma rede entre as duas.

O pai afirma que o filho de 4 anos estava na rede e que ele o empurrou, acertando-o na cabeça, para que não pegasse o celular do irmão. A criança se desequilibrou e caiu sobre a proteção lateral da cama infantil, ficando com meio corpo para fora. O menino reclamou de dor, mas o homem disse que acreditou ser birra.

O vigia narrou ainda que como as crianças estavam prontas, decidiu levá-las para a creche. O menino foi chorando e em determinado ponto, o pai diz que colocou na calçada, as crianças voltaram a briga e ele empurrou o filho novamente, acertando-o na cabeça. O pai relatou ainda que, neste momento, “cutucou” o menino com o pé para que ele levantasse.

O homem diz que seguiu até a creche, deixou o outro filho e voltou para casa com objetivo de levar o mais velho até a UPA, porque ele não parava de chorar e reclamar de dor.

Unidade a Reme (Rede Municipal de Ensino) frequentada pelos meninos (Foto: Alex Machado)
Unidade a Reme (Rede Municipal de Ensino) frequentada pelos meninos (Foto: Alex Machado)

Histórico de violência – Além do depoimento da testemunha contradizer o que alega o pai, conforme apurado pela reportagem, não é a primeira vez que o vigilante é violento com os filhos e a mulher. Ele e a mãe das crianças já se separaram várias vezes e ela já o denunciou por violência doméstica.

“Esse cara é um mostro. Já não é a primeira vez que ele agride as crianças”, afirma pessoa próxima à família, que prefere ter a identidade preservada.

Além disso, a própria direção da unidade escolar, onde o menino estuda desde os 2 anos e o irmão foi matriculado no ano passado, recebeu nesta terça-feira (12) denúncia que o aluno era vítima de agressões e, imediatamente, informou a assistente social da UPA.

De acordo com a Semed (Secretaria Municipal de Educação), a Emei (Escola Municipal de Educação Infantil) já havia feito registros internos “devido a situação que as crianças chegavam no local”. Além disso, encaminhou a mãe dos meninos para a Casa da Mulher Brasileira, após ela revelar ter sido agredida pelo marido, em março do ano passado.

“As crianças nunca chegaram [à creche] com hematomas ou ferimentos de violência. Foram 7 atas registradas na escola, onde estão relatadas turbulências referente ao relacionamento conjugal do casal e questões comportamentais dos adultos”, explica a nota da secretaria.

O Conselho Tutelar também já foi procurado pelo casal várias vezes, sempre que os dois brigavam. Conforme noticiado pelo Campo Grande News ontem, há registros de atendimentos à família desde 2022, mas segundo a conselheira Sandra de Souza Szablewiski, nunca houve denúncias de agressões praticadas contra as crianças. “No dia 27 de fevereiro, este pai procurou o Conselho Tutelar, alegando que a mulher havia ido embora de casa levando os filhos e queria a nossa intervenção. Nós o encaminhamos para a Defensoria Pública, para que providenciasse o pedido de guarda”.

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