ACOMPANHE-NOS     Campo Grande News no Facebook Campo Grande News no X Campo Grande News no Instagram
NOVEMBRO, SÁBADO  23    CAMPO GRANDE 25º

Capital

Tribunal suspende afastamento de militar de comando da Funai

Desembargador não viu problemas em declarações polêmicas de coordenador regional referente aos indígenas

Tainá Jara | 09/05/2020 13:25
O militar José Magalhães foi nomeado coordenador regional da Funais em fevereiro (Foto: Arquivo/Marcos Maluf)
O militar José Magalhães foi nomeado coordenador regional da Funais em fevereiro (Foto: Arquivo/Marcos Maluf)

Favorável a ideias de miscigenação e urbanização dos indígenas, o capitão reformado do Exército, José Magalhães, nomeado para o cargo de coordenador Regional da Funai (Fundação Nacional do Índio), em Campo Grande, ganhou na Justiça o direito de permanecer no cargo. A decisão do TRF3 (Tribunal Regional da 3° Região) ocorre uma semana depois da Justiça Federal suspender a nomeação a pedido do Conselho Terena da Capital.

O desembargado federal, Peixoto Junior, não achou que as declarações ofensivas à população indígena são impedimento para o militar gerir o órgão. Segundo ele, os argumentos permitem apenas teorizar sobre "sério risco a representatividade da minoria e garantia dos direitos constitucionais de organização social, costumes, línguas, crenças e tradições indígenas".

Para o relator, "o juízo de valor sobre declarações dadas por autoridades à imprensa não constitui elemento juridicamente válido a obstar a nomeação de indicados a cargos públicos de livre provimento”.

Magalhães foi conduzido ao cargo no dia 5 de fevereiro. Desde então, concedeu entrevistas com declarações consideradas polêmicas para alguém designado para gerir instituição voltada para atender as aldeias da Capital. Além de declarar que a “Funai não é a casa do índio”, o coordenador afirmou que vai integrar “indiozinhos” para namorar “um pretinho, um branquinho”.

Em decisão liminar do dia 1º, referente a ação popular apresentada pelo Conselho Terena da Capital, a juíza (federal) Janete Lima Miguel, destacou que apesar das qualificações técnicas de Magalhães, a ocupação do cargo precisa de representação política e social das comunidades indígenas.

Ela também citou as declarações que foram dadas pelo militar, em relação às comunidades.  “As (declarações) têm o condão de ofender justamente o grupo que deve ser protegido pela Funai, o que põe em sério risco a representatividade da minoria e garantia dos direitos constitucionais de organização social, costumes, línguas, crenças e tradições indígenas”.

O indígenas afirmam que vão recorrer da decisão do TRF3.

A reportagem do Campo Grande News tentou contato com José Magalhães, mas não obteve retorno.

Nos siga no Google Notícias