UFMS não adota medidas suficientes e Lago do Amor pode secar até 2042
O Lago do Amor, localizado na reserva natural do campus de Campo Grande da UFMS (Universidade Federal de Mato Grosso de Sul) corre o risco de secar completamente e se tornar um grande brejo até 2042, estima o professor designado pela instituição para coordenar a limpeza e a manutenção do local, João Jair Sartorelo.
O professor admite que a forma como o trabalho é conduzido é “insuficiente” e aponta, ainda, medidas que evitariam o assoreamento do lago. No entanto, Sartorelo não soube explicar porque as soluções não são implantadas pela UFMS.
Segundo ele, o trabalho é manual – uma equipe de três funcionários retira os resíduos e sedimentos que desaguam para dentro do lago pelos córregos Cabaça e Bandeira. “O grupo faz a limpeza nas margens toda semana. No interior do lago, usamos canoas e, nesse caso, cabem dois funcionários por vez. É um trabalho lento, por ser manual, e que exige tempo”, explica. “Quando chove forte, e aumenta a quantidade de resíduos, fazemos mutirões. Nesse caso, oito a dez pessoas são designadas”, acrescenta.
No entanto, o professor defende a adoção de outras medidas - e as classifica como emergenciais - para recuperação do Lago do Amor. “O ideal seria a drenagem do lago, para retirada efetiva dos sedimentos carregados para o interior”, acredita. “A universidade também pode formar parcerias. Seria um esforço conjunto: a UFMS aliada aos órgãos de proteção ambiental, como o Ibama (Instituto Brasileiro de Meio Ambiente e Recursos Naturais Renováveis), Semadur (Secretaria Municipal de Meio Ambiente) e Imasul (Instituto de Meio Ambiente do MS)”.
Toneladas de lixo - Com a manutenção, são retirados sacos plásticos, garrafas pets e outros tipos de lixo, além de sedimentos. No total, são 12 toneladas de resíduos retirados por ano do lago que agravam o processo de assoreamento do lago, aponta o professor.
Para ele, a urbanização acelerada no entorno dos córregos, somada à construção de empreendimentos imobiliários nos bairros Rita Vieira, Coopharádio e Residencial do Lago são responsáveis pela situação.
“Começou há cerca de dez anos. Após a ocupação das avenidas Interlagos e Fabio Zahran, o lago ficou comprometido e estudos de professores da UFMS apontam que se não houver um trabalho de contenção, estará inteiramente assoreado em 27 anos”, afirma Sartorelo.
Descaso – A UFMS chegou a ser multada pelo Ibama devido à constatação de plantas aquáticas dentro do lago que surgiram em decorrência da poluição ambiental e, com novas denúncias, pode ser punida novamente por causa do descaso.
A mais recente foi protocolada por um professor de Campo Grande no Ministério Público Federal, que denuncia a “omissão” e “desprezo à realidade do órgão responsável pela limpeza” – no caso, a UFMS. Conforme o documento, uma “espuma esbranquiçada”, com “insuportável cheiro forte exalado” pode ser sentida por qualquer pedestre que passa pela nascente do córrego Cabaça, nas proximidades do prédio da Reitoria da universidade.
O assoreamento é causado pela urbanização acelerada no entorno dos córregos Cabaça e Bandeira. A construção de empreendimentos imobiliários nos bairros Rita Vieira, Coopharádio e Residencial do Lago agravaram a situação.
Procurada, a UFMS não se pronunciou sobre a adoção de medidas efetivas para conter a poluição e assoreamento do Lago do Amor. Ainda segundo a universidade, os gastos do dinheiro público com a manutenção do lago estão “inseridos no contrato de limpeza e conservação de toda a UFMS”; no entanto, no Portal da Transparência, não há especificação sobre qual fatia do valor do contrato é destinado para o trabalho. A assessoria da universidade alega que “não é possível estimar um valor único para esse serviço”.