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Capital

Um ano após fim do parquímetro, consumidores reclamam de falta de vagas

Com poucas opções disponíveis quando as lojas abrem, público recorre a estacionamentos privados

Bruna Marques e Mariely Barros | 23/03/2023 11:25
Carros estacionados nas vagas da Rua Dom Aquino, no Centro de Campo Grande. (Foto: Henrique Kawaminami)
Carros estacionados nas vagas da Rua Dom Aquino, no Centro de Campo Grande. (Foto: Henrique Kawaminami)

Há um ano, os parquímetros foram retirados do Centro de Campo Grande e os motoristas deixaram de pagar para estacionar na região. Com pouca disponibilidade de vagas, os consumidores ficam sem opções perto de lojas e bancos, porque os espaços são ocupados o dia todo por comerciantes e funcionários, que trabalham na área central, sem rodízio que garantia um sistema mais "democrático" no uso das vagas.

O Campo Grande News foi até o Centro da cidade, na manhã desta quinta-feira (2), ouvir a opinião de donos de estacionamentos e condutores que frequentam o local. O ponto de vista deles é o mesmo. Para os frequentadores da região, a retirada dos parquímetros só facilitou a vida dos comerciantes e funcionários, causando transtornos para o público.

“Você nota que as ruas do centro logo pela manhã já estão cheias. O pessoal que trabalha no comércio estaciona em todas as vagas, só livrando os espaços de carga e descarga. Os clientes ficam sem ter onde estacionar", explicou Bruno Matias, 25 anos, operador de caixa de um estacionamento na Rua Dom Aquino.

Bruno Matias, operador de caixa de um estacionamento na região central. (Foto: Henrique Kawaminami)
Bruno Matias, operador de caixa de um estacionamento na região central. (Foto: Henrique Kawaminami)

Bruno revela que os clientes chegam no estacionamento reclamando que tiveram que dar várias voltas na quadra para conseguirem achar vaga, mas mesmo assim não encontram e acabam optando por pagar. Situação que para o empreendimento é lucrativo.

“Como o pessoal fica sem espaço para estacionar na rua, a procura aqui aumentou bastante. Por outro lado, quem usava o plano mensal aqui no estacionamento deixou de pagar depois que o parquímetro foi tirado. Ficou só quem prefere deixar o carro em segurança”.

O comerciante Júnior Antônio Boniatti, 43 anos, tem um estacionamento na Rua Marechal Rondon há um ano e meio, segundo ele, o movimento do comércio diminuiu do início do ano até agora e a retirada do parquímetro piorou o fluxo de carros em seu espaço, uma vez que as pessoas preferem estacionar na rua.

“Não sei se o povo tá sem dinheiro, mas como não precisam pagar para deixar na rua, não estamos tendo muito movimento. Eu tenho quatro clientes mensalistas e abri exceção para o banco Bradesco. Até os mensalistas preferem deixar o veículo na rua, com isso o consumidor fica sem ter onde parar”.

Público acaba pagando por vaga de estacionamento por não ter espaço na rua. (Foto: Henrique Kawaminami)
Público acaba pagando por vaga de estacionamento por não ter espaço na rua. (Foto: Henrique Kawaminami)

Na Avenida Calógeras, funciona o estacionamento onde Cláudio da Sílvia, 50 anos, trabalha há quase dois anos. Segundo ele, o local só funciona com serviço rotativo, o movimento depois que o parquímetro foi retirado não mudou muito, porém, ele percebeu que o público sofre com espaço nas vagas das ruas.

“Para ser sincero não alterou em nada para nós, o que vemos é que os mensalistas foram para a rua. Mudou para o cidadão que vem no dia a dia para o centro e não consegue vaga para estacionar. Com isso eles são obrigados a pagarem”.

Chamados de “área azul”, os locais onde os parquímetros foram instalados no centro, em março de 2002, servia para dar espaço ao público, impedindo que as vagas fossem ocupadas por comerciantes e funcionários. Com a suspensão do serviço, após 20 anos, o problema voltou a existir.

“Falaram que a retirada do parquímetro era justamente para dar espaço para população que vem para o centro, mas pelo jeito não deu certo. Todo dia tem gente reclamando, os idosos falam que andam, andam e não conseguem vaga”, afirma Cláudio.

Quem também reclama da situação são os frequentadores do local, segundo eles, “ficou elas por elas”, porque agora, ao invés de pagar pelo parquímetro, eles precisam investir em vagas de estacionamentos, uma vez que na rua não tem vaga.

“É bom porque não tem que pagar, eu não reclamo porque é raro eu vir no centro e sempre que preciso vir venho cedo. Hoje vim com a minha esposa no banco que abre 9h, mas chegamos 7h10. No fim das contas acho que fica a mesma coisa, porque o paquímetro tinha que pagar para o carro ficar na rua, ficou elas por elas, agora tem que pagar o estacionamento porque não tem vaga”, opina o aposentado Júlio César, 59 anos.

Apesar de ir ao centro apenas três vezes na semana, o vendedor Rodrigo Barros, 36 anos, disse que após a retirada do parquímetro é impossível estacionar no local em horário de pico.

“Se você quiser estacionar aqui perto tem que pagar estacionamento ou chegar cedo. Nove horas da manhã já não tem mais vaga. Aí você escolhe se vai parar longe ou pagar”.

Rodrigo Barros vai ao Centro três vezes na semana e afirma conseguir vaga apenas quando chega cedo. (Foto: Henrique Kawaminami)
Rodrigo Barros vai ao Centro três vezes na semana e afirma conseguir vaga apenas quando chega cedo. (Foto: Henrique Kawaminami)

O contrato com a empresa Metro Park, conhecida como Flexpark, responsável pelo estacionamento rotativo no centro, foi rescindido pela Prefeitura de Campo Grande em março de 2022. O serviço foi suspenso 20 anos após a instalação do sistema e segue sem licitação para que uma nova empresa assuma o trabalho.

Procurada pelo Campo Grande News, a prefeitura da Capital informou que a licitação para escolha de uma nova empresa que assumirá o serviço de parquímetro está em fase de modelagem econômico-financeira.

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