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Vacina em centenários emociona famílias, traz alívio e esperança por mais doses

Unidades de saúde estão vacinando idosos com 99 anos ou mais, nesta segunda-feira

Tainá Jara e Aletheya Alves | 01/02/2021 15:18
A indígena Olga Bueno da Silva tem 99 anos e complea 100 em abril (Foto: Silas Lima)
A indígena Olga Bueno da Silva tem 99 anos e complea 100 em abril (Foto: Silas Lima)

Receber a primeira dose da vacina contra a covi-19 é fato histórico, mas representa um pequeno capítulo na vida de quem já viveu um século ou mais. A vacinação de Laureana da Conceição Carvalho, 103 anos, Amélia Martins, 100 anos, e Olga Bueno da Silva, 99 anos, na tarde desta segunda-feira, na Clínica da Família, no Bairro Caiobá, na região sul de Campo Grande, emocionou familiares, trouxe alívio e aumentou a ansiedade por mais doses.

Com 103 anos de Laureana precisou ser vacinada dentro do carro, em frente ao posto. Emocionado, o filho Gilson Leite de Carvalho, 76 anos, foi quem a levou até o local para imunização.

“Se ela viver mais 200 anos é um orgulho para mim. Eu não vejo a hora de me vacinar também. E, se Deus quiser vou ser igual a minha mãe. Isso tá salvando a vida dela. A gente viu todo mundo brigando por conta de vacina e eu só consegui pensar que precisava parar com isso e resolver logo”, ressaltou Gilson.

Laureana da Conceição Carvalho, 103 anos, foi vacinada dentro do carro (Foto: Silas Lima)
Laureana da Conceição Carvalho, 103 anos, foi vacinada dentro do carro (Foto: Silas Lima)

Problema de saúde talvez não permita que Amélia grave por muito tempo na memória fato tão emblemático como a imunização em uma pandemia com mais 224 mil mortes só no Brasil. Ela sofre de Mal Alzheimer.

Na cabeça dela a aplicação para ela representou apenas um passeio de carro no meio da tarde, porém significou alívio para a família. “É maravilhoso! A gente não podia sair para canto nenhum. Só ficar dentro de casa. A gente gostava de ir na igreja com ela e gostava de andar”, explica o filho Gregório dos Santos, 74 anos, que depois de 10 meses de pandemia começa a desenhar planos com a mãe fora de casa.

A nota, Angela de Jesus Pinheiro Oliveira, 58 anos, relatou todos os cuidados adotados que evitar, até o momento, a contaminação da centenária. “Antes de tocar nela, higienizo as mãos, as minhas e as dela. Tenho todo cuidado, porque na idade em que ela está é muito complicado”.

Também pertencentes ao grupo de risco, Gregório pela idade, e Angela por ser hipertensa, eles esperam ansiosamente pelo momento de também serem vacinados. . “Durante a pandemia fiquei muito preocupada com ela. Mas também comigo. É uma preocupação que precisa acabar logo”, desabafou a nora.

Servir de exemplo – Olga Bueno da Silva tem 99 anos e deve completar 100 em abril. Traz na história 13 filhos e a resistência de quem já perdeu seis deles. Mesmo assim chegou a quase um século de vida apenas com problemas auditivos.

Mais do que a chance de prolongar sua vida, a vacina representa para ela um exemplo para os moradores da Aldeia Buriti. A indígena mora em Campo Grande, mas mantém contato com os parentes da comunidade terena. Gente que não visita desde o início da pandemia.

Olga Bueno da Silva com o neto, o agente de saúde, Alexandre Silva (Foto: Silas Lima)
Olga Bueno da Silva com o neto, o agente de saúde, Alexandre Silva (Foto: Silas Lima)

Informações falsas relacionadas à aplicação da dose até chegaram a fazer ela hesitar, mas o desejo de voltar a vida normal prevaleceu. “Não doeu nada”, pode comprovar pessoalmente com a injeção aplicada em um dos braços.

A aplicação da dose em Olga tornou-se evento de família. Duas filhas e quatro bisnetos acompanharam a vancinação, além do neto, Alexandre Silva, 36 anos, a gente de saúde que atua no postinho.

“É um sentimento de vitória. Na pandemia existem muitas mentiras. Ela escuta muita mentira. Na idade dela muitas pessoas estão com medo. Ela quer ser um exemplo. Tanto para as outras pessoas daqui quanto para as pessoas da aldeia. A gente inclusive vai mostrar ela tomando a vacina para as pessoas da aldeia. Para que lá eles vejam que é seguro”, afirmou.

A filha dela, Maria Nemes da Silva, 52 anos, acredita que o fato de ela estar imunizada vai tornar a rotina mais tranquila. “Primeiro a gente precisa agradecer a Deus e a Ciência”.

Grupo prioritário -  Trabalhadores de saúde, pessoas idosas residentes em instituições de longa permanência; pessoas a partir de 18 anos de idade com deficiência, de residências inclusivas (institucionalizadas); e população indígena aldeada serão os primeiros a receber a dose.

Em Campo Grande, há 33.530 pessoas para serem vacinadas na primeira fase, sendo que 8.796 já receberam a primeira das, 39.735 mil doses disponíveis.

Confira o cronograma de vacinação de idosos:

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