“Vingança, jamais”, diz mãe em meio ao luto pela 1ª vítima de feminicídio no ano
Em 2022, o crime de ódio matou 44 mulheres no Estado, aumento de 38%
“Espero que ele cumpra a pena dele. Vingança, jamais”. A declaração é da dona de casa Maria Breta, 67 anos, que na manhã deste domingo (dia 15) velava o corpo da filha Claudineia Brito da Silva, a primeira vítima de feminicídio de 2023 em Mato Grosso do Sul.
No ano passado, o crime de ódio matou 44 mulheres no Estado, aumento de 38% no comparativo com 2021. Mais recente vítima, Claudineia, 49 anos, foi esfaqueada na tarde de sexta-feira (dia 13) pelo ex-namorado Hércules José Andrade, 43 anos, no Bairro São Francisco, em Campo Grande. Ele foi preso e ela morreu horas depois na Santa Casa.
No relato da mãe, Claudineia é lembrada como a mulher que criou os três filhos sozinha, mas acabou com quadro de dependência química após depressão. Maria acredita que a filha tenha ido ao local onde foi morta em busca de drogas. “Mas nem por isso tinha que matar, nada justifica”, diz.
A irmã da vítima conta que ficou sabendo do crime porque foi informada pelo irmão do assassino. “Ela entrou como desconhecida na Santa Casa. Lá, tinha mais duas vítimas de tentativa de feminicídio, por faca e tiro. Ela estava totalmente diferente das fotos. Ela sofreu muito e acabou se entregando às drogas”, diz a irmã de Claudineia, também chamada Maria.
Tia de dois filhos da vítima, a dona de casa Eliana Cristina Gabriel da Silva, 47 anos, se despediu hoje da amiga de infância. “Fiquei chocada, ela era muito alegre, sorridente, prestativa e sempre ajudava as pessoas. Quando eu ganhei bebê, ela foi me ajudar e limpou a minha casa”, rememora.
Claudineia foi velada no Cemitério Parque de Campo Grande, no Bairro Pioneiros.