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Capital

Vítima de atentado pediu transferência de presídio após ser ameaçada pelo PCC

Condenado a 39 anos, Sérgio Luiz havia pedido transferência para Aquidauana, sob alegação de ameaças de morte

Silvia Frias | 11/08/2022 16:09
Carro foi atingido por diversos tiros, em perseguição esta manhã. (Foto: Henrique Kawaminami)
Carro foi atingido por diversos tiros, em perseguição esta manhã. (Foto: Henrique Kawaminami)

Sérgio Luiz Nunes da Silva, 42 anos, feridos a tiros em perseguição e atentado na Avenida Gunter Hans, havia pedido transferência do Centro Penal Agroindustrial da Gameleira, em Campo Grande, para presídio em Aquidauana, a 141 quilômetros da Capital. A defesa alegava que ele estava sob ameaça de morte do PCC (Primeiro Comando da Capital).

O pedido de transferência foi feito em junho deste ano pelo advogado Samuel Fermow, levando em conta que o preso tem parentes em Aquidauana. A solicitação foi negada pela Justiça de Campo Grande.

Em julho, interpôs agravo em execução, alegando que Silva não é colaborador do PCC, como acusa o MPMS (Ministério Público de Mato Grosso do Sul), ao contrário: “é um opositor a esta referida organização, pelo qual corre risco de morte, visto que é ameaçado (...)”.

Os pedidos foram negados pela VEP (Vara de Execução Penal), justificando a periculosidade do detento: Sérgio Luiz foi condenado em quatro processos por roubo, tráfico de drogas, associação criminosa e posse ilegal de uso de arma de fogo. Somadas, as penas chegam a 39 anos, 7 meses e 25 dias.

Do total, falta cumprir aproximadamente 22 anos e 10 meses das condenações e, desde maio de 2021, havia sido beneficiado com o regime semiaberto.

Em um dos despachos, o juiz Luiz Felipe Medeiros Vilela, da 2ª VEP de Campo Grande, considerou a superlotação do sistema carcerário, que inclui os estabelecimentos de Aquidauana, com menor efetivo policial, sendo necessário resguardar a população do município.

Sergio Luiz tem extensa ficha criminal em MS. (Foto/Reprodução)
Sergio Luiz tem extensa ficha criminal em MS. (Foto/Reprodução)

Atualmente, o recurso está tramitando na 2ª Câmara Criminal do TJ-MS (Tribunal de Justiça de Mato Grosso do Sul). O juiz em substituição legal Waldir Marques determinou que seja agendado julgamento para apresentação de sustentação oral da defesa.

A reportagem entrou em contato com a defesa de Sérgio, mas não obteve retorno.

Ficha – Sérgio Luiz Nunes da Silva tem histórico criminal extenso e com várias condenações em Mato Grosso do Sul.

Em 10 de outubro de 2006, praticou roubo em Anastácio. Ele e outro homem, encapuzados, invadiram residência e renderam casal, de 74 e 75 anos. Os idosos foram rendidos com lençol e fita adesiva e trancados no banheiro da casa. Os bandidos levaram peças de joias e duas armas registradas. Foram detidos em Dourados, quando tentam negociar os produtos do roubo.

Em outubro de 2009, mais um roubo a residência, muito semelhante ao outro. Sérgio e mais quatro comparsas foram presos depois de terem rendido duas pessoas em casa para roubar caminhonete e pertences, em Aquidauana. O morador, de 41 anos, e a mãe dele, de 72 anos, foram amarrados, amordaçados, sendo ameaçados pelos ladrões.

Tráfico – Os roubos renderam a Sérgio Luiz condenações de oito a nove anos de prisão. Mas foi em 2011 que um flagrante lhe rendeu a maior sentença, a de 15 anos, 6 meses e 3 dias de reclusão.

Segundo a Deco (Delegacia Especializada de Combate ao Crime Organizado), um ponto de distribuição e comercialização de droga era comandado de dentro do Presídio de Segurança Máxima, Jair de Carvalho, em Campo Grande. Um dos presos mantinha a venda com ajuda da esposa e da companheira.

Sérgio Luiz, conhecido como “Tinoco” e “Grandão”, era um dos contatos na rua. Na Operação Pente Fino, foi preso em flagrante no dia 18 de abril de 2011, em uma casa no Recanto das Paineiras, onde seria o depósito da droga.

A denúncia recebida é que uma caminhonete carregada de droga seria levada a determinado endereço de Campo Grande. No bolso de outro comparsa, estava a a chave do veículo. Na referida caminhonete, os policiais encontraram 965 tabletes de maconha, totalizando 922,905 quilos da droga.

Em interrogatório, “Tinoco” confessou que iniciou as atividades criminosas com prática de contrabando de cigarros comprados no Paraguai. Enquanto esteve preso, manteve contato com o preso na Máxima, que viria a ser o líder do esquema.

Logo que foi solto, encontrou-se com o contato, o paraguaio Oscar quando combinaram a compra/venda de maconha. A droga seria transportada de Ponta Porã a Campo Grande. O homem disse à polícia que a encomenda inicial era de cerca de 700 quilos. “Tinoco” incluiu quase 300 quilos, comprados por ele para revenda.

Na sentença da 2ª Vara Criminal, foi condenado no dia 11 de junho de 2013.

Atentado - Conforme informações apuradas pela reportagem do Campo Grande News, Sérgio havia saído da Gameleira, onde foi beneficiado com sete dias para ficar em casa.

Do presídio, acompanhado de uma mulher, ele saiu em um Ford Ka, quando foi perseguido por dois homens, que ocupavam uma moto preta.

Em determinado momento, o passageiro da moto passou a disparar contra o veículo, já na Avenida Gunter Hans. Atingido, testemunhas contam que o homem continuou fugindo até entrar no terminal Aero Rancho, momento em que a dupla fugiu. Mesmo com o carro crivado de tiros, ele conseguiu seguir até a 6ª Delegacia de Polícia, onde pediu socorro.

Na Santa Casa, oficialmente, o estado de saúde não foi informado. A reportagem apurou que ele foi atingido por três tiros, internado sob escolta e fora de perigo. (Colaborou Ana Beatriz Rodrigues).

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