Vítima de estupro revive terror após padrasto fugir tranquilamente do presídio
Jovem, abusada quando adolescente, garante que a mãe dela ajudou o homem a escapar sem resistência da polícia
RESUMO
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Uma jovem de 22 anos, vítima de abuso sexual quando adolescente, expressou seu temor após a fuga de seu agressor, Wellington Xavier, de um presídio de segurança máxima em Mato Grosso do Sul. A jovem, que teve seu nome preservado, relatou que a fuga ocorreu sem aviso prévio, aumentando sua angústia e insegurança. Wellington, condenado por estupro de vulnerável, escapou durante o trabalho no almoxarifado da unidade prisional. Ele foi filmado fugindo em uma motocicleta vermelha, supostamente com a ajuda de outra pessoa. A Agência Estadual de Administração do Sistema Penitenciário investiga as circunstâncias da fuga.
Há nove anos, vítima de abuso ainda quando adolescente, uma jovem continua assombrada pelas memórias de seu agressor. A situação, que poderia ter sido amenizada com a prisão do autor, ganhou nesta quarta-feira (4) um novo capítulo: a fuga dele de um presídio de segurança máxima de Mato Grosso do Sul. As marcas, no entanto, seguem presentes em seu corpo.
Ao Campo Grande News, uma das vítimas de Wellington Xavier detalhou os momentos em que ainda era menor de idade, o andamento do processo na Justiça, a condenação e, agora, a fuga. Desamparada, a jovem de 22 anos, que terá o nome preservado para sua segurança, teme que os momentos de terror voltem a acontecer.
"Eu abri as redes sociais hoje e descobri que ele tinha fugido do presídio. Não recebi nenhum comunicado, nada. Ele poderia bater aqui na minha casa, fazer algo comigo, e eu seria pega de surpresa", disse.
Ela relata ter reconhecido, no vídeo publicado pelo Campo Grande News, a moto que ele utilizava e a pessoa que o ajudou na fuga. "Essa pessoa do vídeo, eu posso afirmar com toda certeza do mundo, é ela: a minha mãe. É ela quem está sentada esperando por ele", afirmou. A genitora é a mesma que passou dois anos sendo conivente com os abusos sofridos pelas filhas, então com 17, 14 e 10 anos.
A jovem, que tinha 14 anos em 2018, explicou que o processo durou sete anos. Wellington foi preso em agosto do ano passado e não chegou a ficar nem um ano em cárcere. "Eu avisei minha família sobre o que tinha acontecido e, agora, está todo mundo se sentindo de mãos atadas. A gente estava com um pouco de paz porque ele havia sido preso. Agora, em menos de um ano, ele já conseguiu fugir", lamentou.
Seu pesadelo, que tem nome e sobrenome, já a havia atormentado enquanto o processo ainda tramitava. "Quando a história estourou, fomos mandadas para um abrigo, e lá ele tentou invadir, dando um nome falso e levando as minhas roupas. Quando a moça perguntou se eu conhecia e mostrou o nome falso, eu disse que era o meu agressor e que o reconheci pelo barulho do escapamento. Inclusive, a moto que ele usou hoje é a mesma daquela época", detalhou.
Na época da investigação, a mãe das meninas oferecia as filhas ao namorado para que ele não saísse de casa. A mais velha, inclusive, engravidou do homem. O caso só chegou à polícia quando a entrevistada revelou que era abusada pelo padrasto a duas colegas da escola. As meninas contaram aos pais, que denunciaram o caso à direção do colégio.
Foi então que o Conselho Tutelar foi acionado e retirou a jovem do convívio da família. Em depoimento à polícia, ela relatou que, após a separação dos pais, a mãe começou a se envolver com o suspeito. Ele se mudou para a casa da família, mas, após quatro meses, foi embora. Foi então que os abusos começaram.
A vítima contou que a mãe, com medo de passar por dificuldades financeiras, começou a mandar fotos da filha mais velha nua para o suspeito, afirmando que ele poderia ficar com as duas. Ainda em depoimento, a irmã mais nova contou que, nessa época, se recusou a fazer as fotos também.
O suspeito voltou a morar com elas, mantendo um relacionamento com a mãe e abusando da filha mais velha, que engravidou. No período em que a adolescente foi ao hospital para ter o bebê, um menino, o padrasto passou a assediar a filha do meio. Ela sofreu abuso por um ano. Quando se recusava, era agredida e ameaçada.
"Eu temo pela minha vida, temo pela vida dos meus filhos. Temo pela vida do meu marido. Liguei para a polícia agora há pouco para saber como deveria proceder, se fariam rondas na minha casa, algo assim. E me disseram apenas que eu deveria registrar um boletim de ocorrência relatando o que aconteceu", relatou.
Fuga - Wellington Xavier, de 43 anos, fugiu na manhã desta quarta-feira (4) do Instituto Penal de Campo Grande. Preso por estupro de vulnerável em regime fechado, o homem conhecido como "cachorrão" trabalhava no almoxarifado da unidade quando aproveitou o portão aberto, pegou uma moto estacionada em frente ao local e fugiu.
Em vídeo compartilhado em um grupo de mensagens, é possível ver o momento em que Wellington aparece correndo, do lado esquerdo da câmera de segurança, sobe na motocicleta — que estava com um capacete apoiado no retrovisor, e sai em direção à Rua Indianópolis.
Ele vestia uma calça laranja e uma camiseta cinza, e fugiu em uma motocicleta vermelha. Nas imagens, também é possível ver outra pessoa próxima à moto, que segundo a Agepen (Agência Estadual de Administração do Sistema Penitenciário), auxiliou na fuga.
Em nota, a agência informou que está apurando as circunstâncias da fuga. “O interno estava custodiado na unidade desde agosto do ano passado e exercia atividade laboral dentro do presídio”, diz o texto.
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