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Cidades

Comandante da PM compara corrupção de policiais com desvio de medicamentos

Luciana Brazil | 08/04/2013 11:12
Coronel diz que pesquisa ajuda a aperfeiçoar métodos de rigor. (Foto:Arquivo)
Coronel diz que pesquisa ajuda a aperfeiçoar métodos de rigor. (Foto:Arquivo)

Avaliando a corrupção como uma doença sistêmica, o comandante da Polícia Militar de Mato Grosso do Sul, o coronel Carlos Alberto David, ressalta que os males gerados por irregularidades cometidas por policiais militares, são os mesmos danos provocados por indivíduos que desviam medicamentos, mantimentos ou outros produtos.

“A corrupção do policial militar é tão danosa quanto a de uma pessoa que desvia medicamentos, gêneros alimentícios de crianças, creches e escolas. A corrupção não é ‘privilégio’ dos policiais. A história mostra que faz parte do serviço público. Qualquer corrupção, independente do valor envolvido, é desastrosa para a sociedade”.

De acordo com uma pesquisa Nacional de Vitimização, encomendada pelo Ministério da Justiça e pelo Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento, Mato Grosso do Sul está na 21° colocação do ranking de corrupção da Polícia Militar, com índice de 0,58% de extorsão de vítimas.

Para o comandante geral, coronel David, o policial é fruto da sociedade, que acaba contribuindo para a corrupção. “Nesses locais onde a corrupção é alta, a sociedade contribui e muito para a corrupção, infelizmente. Para haver a corrupção, existem dois pólos, o ativo, que é quem corrompe e o passivo, que será corrompido”.

A pesquisa ouviu 78 mil pessoas, nos 26 estados e no Distrito Federal. O objeto da análise era saber se o indivíduo já havia sido vítima de extorsão pela Polícia Militar.

“É um estudo extremamente importante para que se aperfeiçoem métodos de rigor e que puna os que têm desvio de conduta”, avalia o comandante.

Conforme o Ministério da Justiça, a pesquisa procura captar ocorrências de eventos criminais na população, para compará-los com dados oficiais registrados pelas polícias, classificando por localidade, estrato social, cor da pele, idade, sexo e renda.

“A sociedade não pode entender que é normal oferecer dinheiro. É preciso combater esse tipo de irregularidade”. O comandante lembra ainda que é preciso buscar a índice zero, mas frisa que, a atitude deve ser feita, não só pelo homem público, mas também pela sociedade.

Sejusp- O secretário de Justiça e Segurança Pública, Wantuir Jacini, atribui o baixo índice de corrupção no Estado à atuação enérgica das corregedorias e dos comandantes, e aos cursos de capacitação.

“Os comandantes compreenderam que é essencial um comportamento reto e, além disso, são feitos vários cursos de capacitação em todas as instituições, Corpo de Bombeiros, Polícia Civil, Agepen (Agência Estadual de Administração do Sistema Penitenciário) e todos os outros”, afirma Jacini.

Os desvios, segundo o secretário, são apurados e as punições aplicadas de forma ativa. “Estamos em um parâmetro bom. Muito bom seria se esse índice fosse zero”, pontua.

Pesquisa: De acordo com o jornal carioca Extra, que publicou os dados, 2,6% das pessoas ouvidas já foram vítimas de extorsão. O levantamento aponta que cresce a probabilidade de uma pessoa ser alvo da PM ao analisar o perfil do extorquido.

Os pós-graduados têm nove vezes mais chance de sofrer extorsão. Entre as vítimas, 59% delas têm escolaridade acima do ensino médio. Quem ganha mais de R$ 13.560 tem 5,8 mais chances do que aqueles que ganham até R$ 678.

Por faixa etária, o grupo entre 25 e 34 anos é a maior vítima, representando 36,4% dos entrevistados.

O estado que aparece na primeira colocação é o Rio de Janeiro com 30,23%, seguido por São Paulo, com 18,22%, Pará, 6,49%, Pernambuco, com 6,05%, e Bahia, que tem 5,08%.

Abaixo de Mato Grosso do Sul no ranking aparecem Piauí, com os mesmos 0,58%, Sergipe, com 0,48%, Tocantins e Rondônia, ambos com 0,19%, além de Acre e Roraima, com 0,04%.

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