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Cidades

Contra ou a favor, estudantes dizem que cotas preenchem "lacuna"

Mariana Lopes e Aline dos Santos | 30/08/2012 14:41
Estudantes de cursinho, Roger e Larissa criticam o ensino público (Foto: Simão Nogueira)
Estudantes de cursinho, Roger e Larissa criticam o ensino público (Foto: Simão Nogueira)

Mesmo com opiniões divididas entre concordar ou não com a nova lei sancionada pela presidente Dilma, que reserva 50% das vagas das instituições federais de educação superior para estudantes de escolas públicas, uma opinião comum entre os que estão preparando para entrar na universidade é para preencher uma lacuna no ensino público no país.

“Acho que a cota é uma muleta que o Governo usa para tentar amenizar a qualidade inferior das escoas públicas”, opina o estudante de cursinho Roger Monge, 18 anos. Por ter concluído o ensino médio em escola particular, ele não usufrui da cota e acredita que isso seja uma forma de exclusão.

A estudante Larissa Gomes, 18 anos, também faz cursinho para tentar uma vaga no curso de Direito da UFMS. Mesmo sendo egressa do ensino público, ela confessa que se sente privilegiada por poder concorrer à cota. “Estudei no Colégio Militar, que tem um método diferenciado do restante das escolas públicas, e eu posso concorrer igual. Não sei se é justo”, comenta.

Para a estudante Stephanye Marta Correa, 18 anos, do 3° ano da Mace, o sistema de cotas é bom, mas ela acha que não irá funcionar. “Acho que dá oportunidade para quem não tem condições de pagar uma universidade, mas por outro lado, acredito que o ensino público não dá base para o estudante entrar na universidade”, diz.

“O certo seria investir na educação, para que todos pudessem concorrer igualmente”, enfatiza o estudante Bruno Ribeiro do Prado, 17 anos, também da escola Mace. Ele concorda com as cotas, pois acredita que o Governo tem que criar maneiras de dar suporte a quem teve a educação desprivilegiada.

Mas para quem vive na pele o que é estudar em uma escola pública, tem a opinião menos crítica, mas concorda que precisa melhorar. “Eu acho que é relativo, a qualidade do ensino depende mais do professor”, argumenta a estudante do Joaquim Murtinho Lindaiane Veron, de 17 anos.

Ela admite que nunca se esforçou muito nos estudos, mas também acha que isso não lhe tira o direito de tirar o ensino superior. “Não sou uma ótima aluna, mas quero ter uma vaga na universidade e poder ter uma profissão no futuro”, afirma.

A lei valerá para os próximos vestibulares das instituições e também na próxima edição do Sistema de Seleção Unificada (Sisu) do Ministério da Educação. A regulamentação, com o cronograma para a adequação das universidades à lei, está prevista para setembro.

Para o estudante Bruno, o certo seria investir mais na educação pública ao invés de criar cotas  (Foto: Simão Nogueira)
Para o estudante Bruno, o certo seria investir mais na educação pública ao invés de criar cotas (Foto: Simão Nogueira)
Mesmo não considerando uma ótima aluna, Lindaiane acha que tem o direito deuma vaga na universidade (Foto: Rodrigo Pazinato)
Mesmo não considerando uma ótima aluna, Lindaiane acha que tem o direito deuma vaga na universidade (Foto: Rodrigo Pazinato)

Universidades - No IFMS (Instituto Federal de Mato Grosso do Sul), metade das vagas já é destinada aos alunos egressos de escola pública. De acordo com a pró-reitora de Ensino e Pós-Graduação, Marcelina Maschio, a cota foi adotada como ação afirmativa do instituto. A reserva é para quem estudou integralmente na rede pública e não atende, por exemplo, quem estudou com bolsa em escola particular. “Agora, vamos ter que fazer a estratificação para indígenas e afrodescendente”, afirma.

Com a nova lei, ela explica que da metade das vagas, 50% vai para quem tenha cursado integralmente o ensino médio em escolas públicas e o restante para pretos, pardos e indígenas. No primeiro caso, os estudantes devem ser oriundos de famílias com renda igual ou inferior a 1,5 salário mínimo.

“Essas políticas de inclusão tentam atenuar em parte essa história de que aluno de escola pública vai para universidade particular e vice-versa”, afirma. O IFMS tem 7.193 alunos em cursos presenciais e à distância.

A UFGD (Universidade da Grande Dourados) também já adota do sistema de cota, mas somente 25% das vagas são destinadas a alunos do ensino público.

De acordo com a assessoria de imprensa, a universidade criará uma comissão para fazer um estudo regional para conseguir atender a demanda. A previsão para o sistema de cota funcionar de acordo com a lei é somente para 2014.

Na UFMS (Universidade Federal de Mato Grosso do Sul), foi criada uma comissão para estudar a implantação das cotas. Segundo a assessoria de imprensa da universidade, a intenção é de que já tenha uma definição da distribuição das vagas para o próximo Enem.

Conforme a lei, publicada nesta quinta-feira, as instituições deverão implementar, no mínimo, 25% da reserva de vagas a cada ano, e terão o prazo máximo de 4 anos para o cumprimento integral da legislação. O programa de cotas será revisto em dez anos.

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