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Cidades

Empresa de bitcoins que rendeu casamento de R$ 750 mil é alvo da PF

MinerWorld, que tem sede em Campo Grande, faz mineração de moedas digitais e é suspeita de pirâmide financeira, crime contra a economia popular

Aline dos Santos, Bruna Kaspary e Marta Ferreira | 27/12/2017 08:10
Empresa Minerworld fica na rua 14 de Julho e estava fechada nesta terça-feira. (Foto: André Bittar)
Empresa Minerworld fica na rua 14 de Julho e estava fechada nesta terça-feira. (Foto: André Bittar)

A pujança do casamento de um “black diamante” da MinerWorld, com direito a show de Bruno e Marrone e orçado em R$ 750 mil , jogou holofotes sobre a empresa mineradora de moedas digitais, que é investigada pela PF (Polícia Federal). 

A informação, apurada pelo Campo Grande News, não foi confirmada oficialmente pela instituição. Contudo, a maioria das investigações corre em sigilo. A suspeita é de pirâmide financeira, um crime contra a economia popular que se caracteriza pelo recrutamento de pessoas até os pagamentos ficarem insustentáveis.

Na internet, a MinerWorld se apresenta como uma empresa de moedas digitais, com destaque para o Bitcoin. “Com base tecnológica em Cidade Del Leste, no Paraguai, contamos com um moderno e inovador Parque de Mineração na China, além de diversas bases independentes de atendimento pelas capitais do Brasil e demais países da América do Sul”.

Em Campo Grande, o endereço da empresa disponível na internet é na rua 14 de Julho, 383, Centro. Na manhã de terça-feira (dia 26), o local tinha uma placa de fechado. O prédio estava vazio e, no fundo, há um salão com várias cadeiras. Não havia telefone para contato e vizinho relatou que o imóvel passa a maior parte do tempo fechado, sendo aberto de forma eventual pelo proprietário.

Na rede de computadores, a empresa oscila de vídeos que exaltam o sucesso dos participantes, como divulgação evento em Campo Grande no último dia 17 de dezembro, a comunicado no Facebook sobre as medidas quanto a atrasos no pagamento.

No vídeo, o narrador cita um 2017 maravilhoso e adverte que é uma empresa, no mínimo, diferente. “Não somos fáceis de entender, não somos limitados”. O evento cita um 2018 cheio de perspectivas, com reuniões na Suíça, Japão e Dubai.

No Facebook, empresa divulgou carta aberta aos filiados.  (Arte: Cristiano Lemos)
No Facebook, empresa divulgou carta aberta aos filiados. (Arte: Cristiano Lemos)

Na Carta Aberta aos Filiados, divulgado na rede social em 15 de dezembro, texto assinado por Jonhnes Carvalho, CEO MinerWorld, relata problemas de logísticas.

“Os acontecimentos afetaram o cumprimento das datas de processamento dos saques, ponto que sempre foi tido com muita responsabilidade pela Minerworld que nunca recebera uma reclamação sobre pagamento. Nossa diretoria vem trabalhando arduamente junto ao jurídico e a parceiros de negócio para que tudo seja solucionado com a maior brevidade possível”, diz o comunicado.

Alta demanda - Por meio da assessoria de imprensa, a MinerWorld informa que não houve qualquer intimação sobre a investigação e que o ponto na rua 14 de Julho é um centro de treinamento para líderes e afiliados. Sendo a sede da empresa no Paraguai. 

Sobre a questão dos pagamentos, a MinerWorld cita que enfrenta nas últimas três semanas uma alta demanda nas solicitações de saque, uma vez que o Bitcoin quebrou recordes e valorizou 1000% em 12 meses.

"Os pagamentos continuam sendo processados de acordo com os prazos estabelecidos pela empresa. No entanto, alguns podem sofrer atrasos em sua liquidação, mas todos serão efetivados", informa.  

Criptomoedas – Na semana passada, relatório da comissão especial, que discute a regulamentação de moedas virtuais pelo Banco Central surpreendeu a Câmara Federal.

O relator, deputado Expedito Netto (PSD/RO), defendeu a proibição da emissão das chamadas “criptomoedas” em território nacional, assim como a comercialização, intermediação e meio de pagamento. Elas poderão continuar circulando de pessoa para pessoa, mas pelo texto, empresas que fazem compra e venda de Bitcoin, por exemplo, poderão responder por crime.

Bitcoins ganham mercado em Campo Grande. (Foto: André Bittar)
Bitcoins ganham mercado em Campo Grande. (Foto: André Bittar)

Conforme o portal Câmara Notícias, o parlamentar justifica que a oferta dessas moedas favorece crimes, problemas no âmbito da defesa da economia e do consumidor. E as corretoras não oferecem garantia ao dinheiro que é investido.

Neste ano, durante os trabalhos da comissão, o deputado, chegou a solicitar audiência com representantes do MPF (Ministério Público Federal) e da Secretaria Nacional do Consumidor. No requerimento, ele cita que MinerWorld foi denunciada ao Ministério Público Federal por oferecer aos seus clientes retornos exorbitantes, de até 100% do investido, bem como bônus àqueles que indicassem novos investidores.

“A denúncia está sob análise na Coordenadoria Criminal da Procuradoria da República em Mato Grosso do Sul e aponta para a possibilidade de prática de pirâmide financeira ou esquema ponzi, o que caracteriza crime contra a economia popular”.

Bitcoin - Conforme a revista Exame, no processo de nascimento de uma bitcoin, chamado de “mineração”, os computadores conectados à rede competiam entre si na resolução de problemas matemáticos. Além da "mineração", é possível possuir bitcoins comprando unidades em casas de câmbio específicas ou aceitando a criptomoeda ao vender coisas.

Em 27 de dezembro, a cotação da moeda chega a R$ 56.700. A aceitação do dinheiro virtual é crescente e já pode ser usado em Campo Grande de salão de cabeleireiro a pizza.

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