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Cidades

Grupo vendeu aviões para lavar dinheiro e sonegou R$ 20 milhões

Waldemar Gonçalves e Aline dos Santos | 07/07/2016 12:40
Representantes de órgãos que atuam na Lama Asfáltica, durante coletiva sobre a terceira fase da operação, nesta manhã (Foto: Marina Pacheco)
Representantes de órgãos que atuam na Lama Asfáltica, durante coletiva sobre a terceira fase da operação, nesta manhã (Foto: Marina Pacheco)
Um dos aviões que, segundo as investigações, pertenciam ao grupo investigado e estavam sendo vendidos para lavar dinheiro (Foto: Divulgação)
Um dos aviões que, segundo as investigações, pertenciam ao grupo investigado e estavam sendo vendidos para lavar dinheiro (Foto: Divulgação)

Ao mesmo tempo em que um dos maiores escândalos de corrupção no setor público era investigado em Mato Grosso do Sul, os envolvidos corriam para se desfazer de bens supostamente adquiridos com recursos desviados, fazendo o que os investigadores chamam de pulverizar o patrimônio e lavar o dinheiro.

Este foi o estopim da Aviões de Lama, terceira fase da Operação Lama Asfáltica, que já identificou suspeita de sonegação de R$ 20 milhões em impostos e rastreou duas aeronaves negociadas pelos suspeitos.

Detalhes das investigações foram divulgados no fim da manhã desta quinta-feira (7) pela Polícia Federal, Receita Federal e Controladoria Geral da União, integrantes da força-tarefa da Lama Asfáltica. Um avião, avaliado em R$ 350 mil – e não R$ 2 milhões, como informado inicialmente – foi apreendido no Aeroporto Santa Maria, em Campo Grande, e outro, este sim no valor milionário citado, está no Mato Grosso na mira dos federais.

Ambos foram negociados por Edson Giroto, o cunhado dele, Flávio Schocchio, e o empreiteiro João Alberto Krampe Amorim dos Santos. Os dois primeiros estão novamente presos – já o foram em outras ocasiões, por conta da própria Lama Asfáltica –, enquanto o terceiro é considerado foragido.

Segundo o delegado Cleo Mazotti, da PF, as ações desta quinta-feira (7) foram necessárias justamente para evitar que a lavagem de dinheiro continuasse. No caso da aeronave de R$ 2 milhões, por exemplo, identificou-se o pagamento parcelado em cheques – alguns deles, no valor de R$ 250 mil e R$ 100 mil, foram interceptados –, caracterizando a já citada pulverização do patrimônio.

Além disso, investigados ou pessoas ligadas a eles vinham operando altos valores e fazendo pagamentos suspeitos em espécie. Um imóvel foi comprado por R$ 700 mil desta forma. Pagamentos de obras de reforma também foram citadas pela equipe de investigação como, possivelmente, mais uma forma de pulverizar o patrimônio.

O jogo da lavagem de dinheiro é um velho conhecido: pega-se um dinheiro ilícito, no caso seriam desviados de verbas destinadas a obras públicas, e compra-se bens que, depois, são vendidos e os valores correspondentes pagos em parcelas menores, devolvendo o tudo ao mercado formal, dificultando o rastreamento.

Fora o esquema de lavagem de dinheiro, a Receita Federal também identificou que pelo menos R$ 20 milhões em impostos deixaram de ser pagos pelos envolvidos na investigação. O objetivo da investigação é reaver este montante, disse a delegada-adjunta do órgão, Adalgisa Fugita.

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