Adiamento do júri de homicídio após jura de amor revolta mãe: "coração partido"
Nathália Alves foi dopada, espancada e teve corpo queimado, em 2019, como "prova de amor" entre os réus
O julgamento de José Romero e Regiane Marcondes Machado pela morte da servidora Nathália Alves Corrêa Baptista, que ocorreria hoje, em Porto Murtinho, a 431 quilômetros de Campo Grande, foi adiado para 3 de setembro, alteração anunciada à família ontem à noite.
Nathália foi morta aos 27 anos, em julho de 2019, sendo dopada, espancada a golpes de barra de ferro e corpo incinerado, com as cinzas jogadas no Rio Paraguai. O executor, o gerente José Romero, cometeu o crime como “prova de amor” à amante, a professora Regiane Machado.
O julgamento estava previsto para começar hoje, às 8h30. A mãe de Nathalia, a aposentada Dija Alves Corrêa Flores, 69 anos, ficou sabendo por terceiros, em mensagens de celular. “Ah, estou com coração partido, menina, estava ansiosa e aí adiaram, meu Deus, tô muito chateada”, lamentou. “Falta de respeito avisar de última hora”.
Em peso, a família saiu de Dourados, Campo Grande e Ponta Porã para acompanhar o julgamento e foi pega de surpresa com o adiamento. A prima, Madelon Monção Ojeda Ferreira, estava inconformada com o que aconteceu.
“Deveriam informar com antecedência, deixamos serviço para chegar aqui e acontecer isso”, disse Madelon. A família mandou confeccionar camisas, cartazes e encheu balões, que seriam soltos após o julgamento, na certeza da condenação.
A informação é que o julgamento no Fórum de Porto Murtinho foi adiado em decorrência de casos suspeitos de covid que exigiram o afastamento dos servidores, segundo apurado pela reportagem e confirmado pelo advogado Fábio Trad Filho, que representa José Romero. A chefia do cartório informou que não poderia falar sobre isso ou do motivo do adiamento, por ser processo que tramita em segredo de Justiça.
Agora, Dija Flores cultiva a ansiedade, que irá durar até 3 de setembro, nova data do julgamento. A aposentada mora em Porto Murtinho com o marido e a neta, hoje, com 8 anos, filha de Nathália. “Ela me falou ontem, lembrando do julgamento”.
A reportagem não conseguiu contato com os advogados de defesa dos réus.
Barbárie - O crime aconteceu entre a noite do dia 15 e a madrugada do dia 16 de julho do ano passado.
Segundo a denúncia oferecida pelo MPMS (Ministério Público de MS), tanto a mulher presa, quanto a vítima mantinham relacionamento amoroso com Romero, que era gerente de pousada, em Porto Murtinho. Nathália foi dopada e morta a golpes de barra de ferro pelo homem, como "prova de amor" à amante.
Depois da morte, o corpo foi levado para a casa de Regiane, sendo incinerado. Os réus foram denunciados por homicídio doloso por motivo torpe, meio cruel, emboscada e feminicídio.