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Interior

Apontado como mentor de corrupção na Câmara, empresário depõe hoje

Denis da Maia, dono da Quality Tecnologia e Sistemas, vai ser ouvido como testemunha de defesa no processo de cassação do ex-presidente da Câmara Idenor Machado

Helio de Freitas, de Dourados | 18/04/2019 09:06
Idenor Machado arrolou empresário da Capital como testemunha em processo de cassação (Foto: Divulgação)
Idenor Machado arrolou empresário da Capital como testemunha em processo de cassação (Foto: Divulgação)

O empresário campo-grandense Denis da Maia, dono da Quality Tecnologia e Sistemas, depõe nesta manhã em Dourados, a 233 km de Campo Grande, como testemunha de defesa do ex-presidente da Câmara e vereador afastado Idenor Machado (PSDB).

O depoimento ocorre na Comissão Processante instalada contra Idenor Machado por quebra de decoro após a prisão do ex-presidente na Operação Cifra Negra, desencadeada pelo Ministério Público em dezembro do ano passado para desvendar o esquema de corrupção montado no Legislativo douradense envolvendo vereadores, servidores e empresas de tecnologia.

Além de Idenor, os vereadores Pedro Pepa (DEM) e Pastor Cirilo Ramão (MDB) também foram denunciados na mesma operação e enfrentam processo de cassação.

Um dos dez presos na Cifra Negra, Denis da Maia é acusado pelo Ministério Público de montar empresas de fachada para disputar licitações em vários municípios de Mato Grosso do Sul.

Segundo a denúncia, com apoio de vereadores e servidores da Câmara, Denis da Maia e seus sócios Jaison Coutinho, Karina Alves de Almeida e Franciele Aparecida Vasum – também implicados no escândalo de corrupção – fraudavam procedimentos licitatórios, impossibilitando a concorrência.

A investigação descobriu que todas as empresas concorrentes no certame seriam de propriedade de Denis da Maia, acusado de efetuar pagamentos mensais para os vereadores como propina.

No papel, a dona da KMD Assessoria Contábil e Planejamento a Municípios é Karina Alves de Almeida. Jaison Coutinho é dono da Jaison Coutinho ME e a esposa dele, Franciele Aparecida Vasum, é dona da Vasum ME.

Essas quatro empresas de tecnologia foram contratadas pela Câmara de Dourados nos últimos seis anos para prestar serviços de TI (tecnologia da informação). KMD, Quality e Jaison Coutinho ME ainda tinham contratos com a Câmara quando o escândalo veio à tona.

Os fatos atribuídos a Denis da Maia em conluio com os vereadores são investigados desde 2012, na Operação Teto de Vidro. Entretanto, um ano antes, em abril de 2011, a Quality Sistemas já tinha sido alvo da Operação Câmara Secreta, que investigou fraudes em empréstimos consignados no Legislativo douradense.

Na época, a polícia cumpriu mandados de busca e apreensão na sede da empresa, na Rua 13 de junho, região central de Campo Grande. Segundo o MP, as empresas denunciadas atuam em pelo menos 30 câmaras municipais e pagavam propina para no mínimo cem vereadores em Mato Grosso do Sul e outros Estados.

De 2010 até dezembro do ano passado, as quatro empresas de tecnologia investigadas na Operação Cifra Negra receberam quase R$ 4 milhões por serviços prestados à Câmara de Dourados. A investigação revela que as empresas pagavam propina para explorar os serviços a preços superfaturados.

A Quality Sistemas foi contratada para locação e cessão de software especializando em gestão e a KMD Assessoria prestava serviços de consultoria e assessoria técnica especializada aos departamentos administrativos, financeiro, contábil, recursos humanos e controladoria interna.

Já a Jaison Coutinho ME cuidava do controle do Legislativo, como cadastramento de biblioteca digital das leis, moções, requerimentos e indicações. A Vasum não mantinha mais contrato com a Câmara quando ocorreu a operação.

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