Após morte por gripe A, moradores se desesperam em busca de vacina
Após a morte de uma funcionária pública vítima da gripe H1N1, a notícia se espalhou e centenas de pessoas madrugaram em busca de vacina no posto de saúde de Bela Vista, a 322 quilômetros de Campo Grande. Mais de 500 pessoas chegaram as 4h da manhã e fizeram uma organização improvisada distribuindo senhas para evitar confusão, mas ainda assim muita gente não foi vacinada na sexta-feira (15).
A Secretaria de Saúde informou que a campanha de vacinação para os grupos de risco ocorreu em abril, com a meta de vacinar 5.522 pessoas, sendo que 5.300 pessoas foram vacinadas com o fim da campanha. Depois disso, segundo a Secretaria, as doses foram sendo distribuídas conforme a procura.
Com o tumulto ocorrido no posto, a Secretaria de Saúde solicitou então mais 600 doses ao Estado e conseguiu ainda 450 doses, que haviam sobrado da campanha no município de Deodápolis, a 252 quilômetros de Campo Grande. Essas doses foram distribuídas na última semana, segundo a Secretaria, que afirmou ter enviado ofício a Promotoria de Justiça, explicando que fez a sua parte e avançou na meta estipulada pelo Ministério da Saúde, sem negligenciar. De acordo com a coordenação de Atenção Básica da cidade, o Ministério da Saúde não está mais distribuindo doses da vacina.
Ainda conforme a Atenção Básica, fazem parte do grupo de risco crianças maiores de 6 meses a 5 anos, gestantes, mulheres em pós-parto de até 45 dias, idosos acima de 65, população do sistema prisional, trabalhadores de saúde, indígenas aldeados e pessoas com doenças crônicas.
Indignada, uma jovem que procurou vacina no dia do tumulto publicou foto no Facebook e relatou o ocorrido. “Foi um empurra-empurra, e realmente foi 'olho por olho, dente por dente', 'cada um por si, Deus por todos'. A população quase derrubando o posto de saúde, todos desesperados e porque estipular doses por dia?”, questionou Karla Mundier em publicação na rede social.
Vítima – O desespero tomou conta das pessoas três dias após a morte de Elizete Flores Arestimino, 50 anos, ocorrida no dia 12 deste mês. Elizete começou a sentir dores e ter febre e procurou o hospital no dia 31 de julho, segundo o viúvo da vítima, o advogado João Honofre Acosta, 44 anos. A mulher fez exames e foi medicada, mas nos dias seguintes teve falta de ar e foi para o Hospital Evangélico de Dourados, onde ficou recebendo oxigênio.
Nos dias seguintes, a filha do casal, Juliana Arestimino Acosta, 12 anos, fez exame e foi constatado que ela teve o vírus, mas já estava livre de risco, pois o mesmo não teria ação no organismo.
João acredita que a esposa foi medicada corretamente, mas a morte não pôde ser evitada porque eles buscaram o posto de saúde dias depois dos sintomas e nenhum deles havia tomado a vacina. Nós erramos de tomar a vacina antes, esse foi o problema. A a gente não se preocupou com isso antes”, disse.